Paula Felix
Nós, os
brasileiros, lutamos contra toda sorte de adversidades: lutamos pra ter uma
alma sã mesmo tendo crescido em famílias destroçadas; lutamos pra aprender
alguma coisa num sistema de ensino vigarista; lutamos para saber o que acontece
apesar da mídia enganosa; lutamos pra conservar nossos valores vendo-os ser
massacrados a cada dia por artistas drogados e prostituídos e pela elite social
mais torpe e fútil do planeta.
Quando o
país quebrou seguidas vezes por causa dos roubos e da incompetência dos
políticos, lutamos para por na mesa o pão de cada dia com esforço hercúleo,
acordando as 4 da manhã, perdendo 3, 4 horas no transporte ruim, sem direitos
trabalhistas, sem férias, sem 13o, sem carteira, muitas vezes sem emprego
algum, fazendo bicos, brigadeiros, vendendo badulaques.
Lutamos
sem trégua, lutamos sem saúde, consumidos por dengue, zika, tuberculose (sim,
somos campeões mundiais nisso!), com hospitais precários, sem leitos, remédios
ou médicos. Pagamos muito caro! Pagamos em dobro o carro, a segurança, a escola
dos filhos, o plano de saúde. Pagamos a infra-estrutura que não nos deram!
Vivemos sem tratamento de esgoto e lixo, em cidades alagadas, bebendo água
suja, transportamos por estradas arruinadas.
Vimos,
por décadas, o fruto do nosso suor ser devorado por outros, que nunca suam.
Vimos sucessivas levas de políticos se elegerem e traírem os votos que lhes
demos. Nunca desistimos, nem quando os bandidos, que eles adulavam, se sentiram
tão seguros e confortáveis que passaram a nos emboscar em público, de dia, a
céu aberto, na frente de todos.
Não há
povo mais forte que este. E hoje a força do brasileiro encontrou um fio de
esperança num Presidente que, eleito, não inverteu as pautas da campanha.
Mas
quando começamos a sonhar, uma crise fabricada na China transtorna os povos e
os mercados. Os números são maus, e ficam piores, manejados pela mídia puta pra
gerar pânico e caos. Os apóstolos do quanto pior melhor sorriem sorrisos
cínicos, mal disfarçados de preocupação piedosa com os velhinhos mortos. Quanto
mais brasileiros morrerem, quanto mais a economia for abalada, mais esperam
poder jogar o povo contra o Presidente para, enfim, impichá-lo e retomar como
antes o jogo sujo da velha política.
Eles não nos conhecem
Não
sabem quem somos, não sabem o que queremos, no que acreditamos, não sabem pelo
que já passamos para chegar até aqui. Cercados de servidores mimados, que tiram
3 dias de atestado a cada dor de cabeça, ali mesmo, no serviço médico da
própria repartição, não sabem que trabalhamos gripados, trabalhamos com dor e
com febre. Não sabem que rimos com dengue, que parimos com zika filhos
saudáveis. Principalmente, não sabem que odiamos trairagem, e que, não, não é a
economia, estúpido!
O
coronavírus virá e nós choraremos os que ele nos levar, como choramos os que
são levados pela dengue, pelos bandidos e pelas enchentes. Depois levantaremos
e vamos trabalhar, e vamos crescer, porque nenhum outro povo está tão acostumado
a superar crises. Nós sairemos desta maiores e mais fortes. Vocês não nos
conhecem.
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