quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Museu do Louvre fecha as portas após funcionários aderirem à greve contra reforma da Previdência

Da Redação

Local é alvo mais recente do impasse de 44 dias entre o governo do presidente Macron e sindicatos opostos às mudanças no sistema de aposentadorias

PARIS — Visitantes foram impedidos de entrar no Louvrenesta sexta-feira, após grevistas que protestam contra a reforma da Previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macronbloquearem as entradas do museu mais visitado do mundo.

O museu é o alvo mais recente do impasse de 44 dias entre o governo de Macron e sindicatos opostos aos seus planos. Nesta sexta-feira, muitos visitantes planejavam prestigiar uma exposição especial de Leonardo da Vinci, inaugurada em outubro por ocasião dos 500 anos da morte do artista italiano.

No dia 11 deste mês, o governo francês concordou em retirar "provisoriamente" a parte mais controvertida da reforma da Previdência, que previa aumentar em dois anos a idade mínima para a concessão de aposentadoria integral, de 62 para 64 anos. Segundo o governo, depois do recuo, "não há razão" para as greves que paralisam o país. Parte dos sindicatos, no entanto, ainda considera distante o fim do impasse.

Nas últimas semanas, o governo fez uma série de concessões a policiais e militares, bem como para os pilotos e controladores de tráfego aéreo, permitindo que eles continuem se aposentando mais cedo. A reforma do sistema previdenciário é um dos projetos mais ambiciosos de Macron e inclui o fim dos 42 regimes especiais atuais e o estabelecimento de um novo sistema de cálculo das aposentadorias, único e por pontos.

Os funcionários do Louvre se juntaram a outros funcionários públicosgrevistas do setor cultural, que foram vaiados por alguns turistas frustrados na fila de espera. Segundo o museu, os ingressos já comprados para esta sexta seriam totalmente reembolsados.

Em torno de 100 manifestantes impediram os visitantes de entrarem no museu, incluindo a famosa pirâmide de vidro localizada no pátio central, onde exibiam cartazes e gritavam palavras de ordem contra Macron.
— Fechar o Louvre para impedir que turistas entrem é muito importante porque é museu mais visitado do mundo — disse Christophe Benoit, funcionário do Ministério da Cultura francês que participava do ato, ao New York Times.

Ele reconheceu que alguns visitantes ficaram "muito bravos", mas afirmou que "nós sentimos que não há outra maneira de fazer com que nossas vozes sejam ouvidas".

Até o momento, é incerto por quanto tempo os manifestantes, uma mistura de funcionários do Louvre e de grevistas de outros setores, irão continuar bloqueando as entradas. Funcionários do museu já haviam feito manifestações menores, como o fechamento de algumas salas do museu, de acordo com Christian Galani, um dos manifestantes desta sexta-feira.

— É a primeira vez que fechamos completamente o museu, o que faz com que seja mais visível — disse Galani, que trabalha como segurança noturno no Louvre.

Na quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas voltaram às ruas da França para uma nova jornada de protestos contra a reforma da Previdência proposta por Macron. Em Paris, em torno de 250 mil pessoas se manifestaram pacificamente, segundo dados do sindicato CGT.

— É irritante vir a Paris e encontrar o Louvre fechado, mas apoio o pessoal — disse Elaine, uma turista brasileira, à agência Reuters.


O Globo Mundo

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