Isaac Averbuch
Ontem, o
agora ex-Secretário de Cultura divulgou um vídeo lastimável, fazendo um
discurso calcado numa fala de Goebbels, com um visual semelhante ao empregado
pelo nazista e coroado com uma música de Wagner que era a favorita de Hitler.
As referências ao nazismo eram tantas que a repercussão só podia ser a que
ocorreu: em poucas horas ele estava demitido do cargo. Alguns suspeitam que
aquilo foi algo armado para derrubá-lo e criar um constrangimento para o
governo, mas pouco importa. No mínimo, ele escolheu mal a assessoria. A
demissão era inexorável.
Com a
destituição, alguém poderia considerar o episódio encerrado. Só que não.
Durante
as poucas horas em que ele ainda permaneceu no cargo, e ainda depois da
exoneração, a esquerda aproveitou para levantar todas as quimeras possíveis
como se o regime nazista estivesse prestes a se implantar no Brasil, como se os
judeus estivessem, subitamente em risco e divulgando toda sorte de comentários
e análises no tom de "bem que eu avisei"....A nota divulgada pelo
Palácio do Planalto, com menção explícita à comunidade judaica não arrefeceu em
nada a sanha dos profetas do apocalipse, que continuaram querendo associar o
governo Bolsonaro à ideologia nazista. Quem não os conhecesse, e a seus
métodos, poderia até imaginar que eles realmente temem pelos judeus ou por
Israel e que o antissemitismo é uma preocupação genuína. Nada mais falso. Não
houve indignação mais fraudulenta nem mais oportunista.
Vamos
dar alguns exemplos:
1) Anos
atrás, em entrevista à revista Playboy, Lula disse admirar Hitler, porque ele
havia sido um homem que lutara por seus ideiais (e que ideais!....). Nenhum
judeu esquerdista se indignou ou se amedrontou;
2)
Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro chefe de Estado ocidental a dar status
de embaixada à Palestina. Nenhum judeu esquerdista se sentiu incomodado;
3) Lula
tratava Kadafi como "meu irmão, meu líder" e nenhum judeu esquerdista
achava isso um absurdo;
4) Lula
só aceitou visitar Israel no último ano de mandato, depois de inúmeros
convites, e recusou-se a visitar o túmulo de Theodor Herzl, mas depositou
flores no de Arafat. Nenhum judeu esquerdista se sentiu ultrajado;
5) Lula
doou 10 milhões de dólares dos nossos impostos, supostamente, para "ajudar
na reconstrução de Gaza", mas todos sempre souberam que a única
reconstrução seria a dos túneis do terror. Mas os judeus esquerdistas não se
indignaram com o fato de seus impostos financiarem o terrorismo que ia despejar
foguetes sobre, talvez, a cabeça de seus parentes que vivem em Israel;
6) Lula
cortejava regimes como o do Irã, que nega o Holocausto e fala explicitamente em
destruir Israel, o que seria, embora ninguém mencione isso, um segundo
Holocausto, talvez ainda pior que o primeiro. Todos os esquerdistas apoiam o
regime do Irã, haja vista que para ganhar-lhes a simpatia basta ser inimigo dos
EUA. O antissemitismo genocida dos aiatolás amigos de Lula não lhes incomoda.
Duvido que algum judeu esquerdista elogie Trump por encurralar o regime
islâmico;
7) O
PSOL é um partido oficialmente antissemita, cujos membros queimam publicamente
a bandeira de Israel, mas isso não impede que muitos judeus, não apenas votem,
mas militem nele e por ele, sem qualquer constrangimento;
8) Donald
Trump apoia fortemente Israel, mas os judeus de esquerda querem mesmo é que os
democratas, que traem Israel desde Obama e são cada vez mais agressivamente
anti-Israel, vençam as próximas eleições. Aliás, os mais queridinhos são
exatamente os mais virulentos antissemitas, como o self-hating Jew Bernie
Sanders;
9) O
ex-líder trabalhista inglês é assumidamente antissemita militante, a ponto de
tirar fotos com terroristas palestinos, mas a torcida dos judeus esquerdistas
era pela vitória dele nas eleições britânicas;
10) Em
praticamente todas as passeatas promovidas pela esquerda (seja qual for a
temática), tremulam bandeiras palestinas e participantes judeus são expulsos,
mas isso não incomoda os esquerdistas judeus;
11)
Dilma Roussef (aquela que queria negociar com o Estado Islâmico) recusou o
agreement a um embaixador israelense e criticou a autodefesa de Israel, mas
isso não impediu que os judeus esquerdistas continuassem a apoiá-la. Aliás,
ficaram indignados quando um diplomata israelense disse a verdade: que o Brasil
era um "anão diplomático";
12) Em
sua autodefesa, alguns judeus esquerdistas argumentam que o antissemitismo ou
antissionismo também foi praticado durante a ditadura militar (de direita),
porque foi no governo Geisel que o Brasil apoiou a infame Resolução da ONU
equiparando sionismo a racismo. Mas, marotamente, omitem que isso se deu
exatamente no momento em que a diplomacia brasileira adotou a linha
terceiro-mundista, ou seja,... da esquerda! Foi o governo Geisel o primeiro a
reconhecer o regime comunista de Angola (antes, até, da então URSS), ao mesmo
tempo em que se afastava dos EUA e se aproximava dos países árabes e africanos.
Ou seja, criticam o governo Geisel por ter feito o que eles gostariam que
fizesse. Essa incoerência também não os perturba;
13) o
Brasil, nos governos petistas, apoiou os regimes bolivarianos da Venezuela e
Bolívia, que romperam relações diplomáticas com Israel. Também apoiou o governo
de Cristina Kirchner, que mandou assassinar o procurador (judeu) que iria
denunciar a então presidente por acobertar a autoria do atentado à AMIA, mas os
judeus esquerdistas não se sentiram desconfortáveis, sequer, com o assassinato;
14) o
regime soviético matou, exilou, perseguiu judeus sistematicamente, por décadas.
Jamais os judeus esquerdistas criticaram a URSS e até hoje não mencionam esses
crimes nem pedem a sua apuração ou indenizações;
15) Nas
universidades americanas expande-se o domínio da esquerda, tornando-se temerário
promover qualquer debate sobre o Oriente Médio no qual haja espaço para um
representante, judeu ou não, apresentar o ponto de vista israelense. São
esquerdistas que ameaçam fisicamente os que ousam defender Israel e, talvez por
isso, os judeus de esquerda não protestem contra esse comportamento;
16) Nas
deliberações da ONU o Brasil votava, sistematicamente, contra Israel há mais de
40 anos (exatamente desde o governo Geisel), por mais grotesca que fosse a
Resolução em análise. Ganha um doce quem achar uma única crítica de um
esquerdista a esse comportamento, mesmo que a resolução fosse, como de fato
ocorreu, para afirmar que os judeus não possuem nenhuma relação histórica com
Jerusalém. Mas criticam Bolsonaro por ter alterado a postura "equidistante"
(como assim, "equidistante"?) em questões do Oriente Médio. Dos
judeus esquerdistas, nenhuma palavra de elogio ou gratidão pela mudança de
viés;
São
inúmeros os casos e situações em que a esquerda ataca Israel e os judeus,
concretamente, de forma explícita, mas os judeus de esquerda continuam a apoiar
essa ideologia e esses grupos como se nada os atingisse. Talvez eles imaginem
que são "bons judeus" (superiores, eticamente, aos outros) e,
portanto, nada os poderá alcançar. Se enganam achando que o antissemitismo ou
sua versão moderna, o antissionismo, é contra os "maus judeus".
Muitos desses judeus se proclamam até sionistas e dizem que apoiam Israel e são
apenas críticos do governo "belicista" de Netanyahu, esquecendo que
quando os aiatolás falam de destruir Israel não estão se referindo tão somente
a derrubar um governo. Esquecem que quando o BDS prega o boicote acadêmico
(entre outros) a Israel eles não perguntam se o pesquisador boicotado é de
direita ou esquerda.
Não há
dúvida que o antissemitismo não conhece fronteiras ideológicas. Existe na
direita e na esquerda e até em regimes que não se enquadram nessa dicotomia,
como é o caso dos regimes islâmicos. Mas o fato é que TODOS os partidos e
movimentos de esquerda, em TODO O MUNDO atacam Israel e os judeus (sim, porque
não diferenciam de onde é o judeu - cada um de nós é responsabilizado cada vez
que uma criança usada como escudo humano morre em Gaza).
Isso não
acontece na direita. Atualmente há regimes de direita (não todos) que apoiam,
decididamente, Israel, como acontece com os EUA e Brasil. Mas pouco importa o
que eles façam ou as inúmeras demonstrações de apreço e apoio. Continuam a ser
agredidos gratuitamente pelos judeus de esquerda, num comportamento
bizarramente ingrato e suicida.
Tudo
isso demonstra apenas uma coisa. A indignação exibida pelos esquerdistas,
especialmente os judeus, não tem nada a ver com sensação de risco ao povo
israelita ou respeito às vítimas do Holocausto. Todo esse barulho tem um só
motivo: é uma oportunidade para atacar o governo Bolsonaro e pela única razão
de ele não ser de esquerda e deixar isso claro, com todas as letras.
Quando
se fala em democracia ou direitos humanos, os esquerdistas são, antes de
qualquer coisa e acima de tudo, hipócritas. Neste caso, entre todos os esquerdistas,
os piores são os judeus.
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