Percival Puggina
Bancos e organismos internacionais que monitoram a
economia dos países parecem concordar com a afirmação de que o Brasil já entrou
em rota de crescimento. Saiu da UTI, onde foi parar por direção perigosa, e
está na Sala de Recuperação. Os boletins dizem que seus sinais vitais estão
preservados. O Bank Of America, por exemplo, prevê para nossa economia um
crescimento de 2,4% em 2020 e 3,5% em 2021. Isso é muito bom porque desde 2009
não conseguimos um crescimento anual de 2,5% e enfrentamos, no período, três
anos de recessão. Internamente, o comportamento da Bolsa de Valores confirma
essas opiniões.
No entanto, um crescimento que nos deixe com água na boca
e brilho nos olhos, capaz de reduzir de modo expressivo o desemprego e a
miséria, precisa de mais do que um alento à demanda reprimida. Precisa de muito
investimento e, em horizonte mais longo, de qualificar nossos recursos humanos.
Precisa virar nossa Educação pelo avesso e de cabeça para baixo, pois ela não
andará com firmeza se não der alguns passos para trás. Precisa reverter o
processo descivilizador que a esquerda brasileira, perita em ruptura da ordem,
considera necessário à sua ação política.
No momento em que escrevo estas linhas, o ministro da
Educação, Abraham Weintraub está depondo na Comissão de Educação da Câmara dos
Deputados. Deputados da oposição demonstram estar indignados com as afirmações
do ministro sobre drogas no espaço dos campi universitários.
Disso que assisto na TV, colho uma comprovação de que
tais partidos, malgrado os péssimos resultados, acham tudo bem assim como está.
É como se com mais verbas e com a condução antiga fosse levada à perfeição uma
Educação que não pode ser pior embora gaste mais, per capita, do que países
vizinhos que a superam em qualidade.
Voltando ao tema do ambiente universitário brasileiro. A
ira contra o ministro traz à lembrança uma frase do ministro Roberto Barroso.
Na eleição de 2018, quando bateu no STF a questão da presença da PM em
universidades onde se fazia escancarada campanha eleitoral para o PT, o ministro
disse: “A polícia, como regra, só pode entrar em uma universidade se for para
estudar”. Já o traficante, no mesmo raciocínio de Sua Excelência, está livre
para entrar e operar, sem necessidade de estudar. Tem ali um ambiente seguro
para suas ações.
Não é crível que
com os mesmos alunos, os mesmos professores, a mesma orientação pedagógica e o
mesmo ambiente, baste pôr mais dinheiro na mesa para que tudo se resolva.
Não bastará. Será preciso despaulofreirizar o Brasil.
Será preciso derrotar um ensino que não inclui em suas prioridades proporcionar
aos estudantes qualificação adequada ao mercado de trabalho. Falar isso em sala
de aula de muitos cursos universitários no Brasil exige a cautela de
proclamá-lo perto da porta e longe da janela. Perto da porta para sair correndo
e longe da janela para que não o joguem por ela aqueles que priorizam a
inserção dos estudantes no seu ativismo. Procurem no YouTube por “José Dirceu e
escola sem partido” e o assistirão dizendo a militantes: “A pior ameaça que vamos
viver é a Escola sem Partido”.
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