Josias de Sousa
Entre
todas as heranças políticas que 2019 deixará para 2020, a que mais inquieta os
congressistas é a proposta de emenda constitucional (PEC) que restabelece a
norma sobre prisão de condenados na segunda instância.
Articula-se
na Câmara uma fórmula capaz de ressuscitar a regra derrubada pelo Supremo
Tribunal Federal sem apertar a o nó que roça o pescoço de políticos que
aguardam na fila como condenações esperando para acontecer. A estratégia prevê
dois movimentos. Num, planeja-se estender o entendimento sobre segunda
instância da área criminal para todos os ramos do Direito. Assim, além dos
veredictos de prisão, passariam a ser executadas no segundo grau sentenças
cíveis, tributá...
Assim,
além dos veredictos de prisão, passariam a ser executadas no segundo grau
sentenças cíveis, tributárias e trabalhistas. Noutro lance, deseja-se empurrar
para dentro da PEC um artigo prevendo que a novidade será aplicada apenas nos
processos iniciados após a promulgação da emenda constitucional. Ficariam de
fora, por exemplo, os processos já instaurados no âmbito da Lava Jato —entre
eles as nove ações penais estreladas por Lula. Imagina-se que, assim, será
possível reunir os 308 votos necessários à aprovação da PEC. Ouvido, o presidente
da comissão especial sobre a segunda instância, deputado Marcelo Ramos (PL-AM),
limitou-se a dizer que a Câmara está empenhada em oferecer a...
limitou-se
a dizer que a Câmara está empenhada em oferecer ao país respostas para os
flagelos da "impunidade" e da "demora processual". Líder do
DEM na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA) declara: "Hoje, vemos o
ministro Sergio Moro defendendo a segunda instância apenas para o processo
penal. Fixando-se a tese de que vale para tudo, o governo terá de fazer contas.
A Advocacia-Geral da União especializou-se em procrastinar processos para adiar
a execução. O governo terá dinheiro para pagar precatórios na segunda
instância? Haverá caixa para suportar as derrotas do Estado na área tributária?
Esse tipo de processo envolve bilhões.""...
Líderes
do chamado centrão trabalham com a hipótese de que o próprio governo irá aderir
à ideia de jogar para o futuro a execução das sentenças de segundo grau.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet
(MDB-MS) antevê dificuldades. "Não creio que o Senado aprove uma medida
dessas", disse a senadora, antes de recordar que 43 dos 81 senadores
assinaram manifesto a favor da volta da tranca.
Aprovou-se
na CCJ do Senado projeto de lei que restabelece a prisão na segunda instância
por meio de ajustes no Código de Processo Penal. A proposta deveria ter seguido
para a Câmara. Mas Davi Alcolumbre (DEM-AP) articulou, em parceria com o líder
do governo Fernando...
Mas Davi
Alcolumbre (DEM-AP) articulou, em parceria com o líder do governo Fernando
Bezerra (MDB-PE), a apresentação de recurso exigindo a votação em plenário.
"Se imaginam que vamos esperar pela chegada da PEC da Câmara, enganam-se.
A partir de fevereiro, vai ter barulho", disse Simone Tebet. A exemplo de
Sergio Moro, a senadora declara-se preocupada com as consequências da decisão
do Supremo Tribunal Federal de revogar por 6 votos a 5 a regra que permitia o
encarceramento de condenados em duas instâncias judiciais. "Todo mundo só
fala do Lula, mas o problema é maior. Sou de um estado que faz fronteira com
Paraguai e Bolívia. Estão soltando chefes de organizações criminosas. É uma
coisa assustadora.
UOL
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