terça-feira, 19 de novembro de 2019

O poder paralelo

Marco Angeli

Os sinais estão aí pra todo mundo ver.

Estão nas declarações de Marco Aurélio de Mello, indicado pelo primo Collor, atropelando literalmente a Constituição quando afirma que quem legisla é o STF e não o Senado ou a Câmara dos Deputados, no caso da prisão em segunda instância.

Segundo o próprio, o STF legisla, julga e aplica a lei.
Estão também na recente intimação de Toffoli ao Banco Central para que lhe enviasse cópia de todos os relatórios de inteligência financeira dos últimos 3 anos, o que lhe permitiu acesso a dados sigilosos de 600 mil pessoas.
Um dossiê e tanto, que transfere um poder considerável a quem o possua.
A questão é clara: se meter as mãos nesse relatório não é absolutamente atribuição de um juiz, para que quer Toffoli esse dossiê?

Durante décadas, o STF tem servido a um enorme grupo que funciona nas sombras fazendo girar um mecanismo atrasado e que inclui o fisiologismo, a prática da corrupção em todos os níveis e a instituição sistemática da propina.
O grupo, coeso, sem ideologia ou qualquer sentimento nacionalista, procura apenas manter o poder, seus privilégios e o dos milhares de comparsas, parentes e agregados que, como vampiros, literalmente sugam o sangue dos brasileiros.

Emissoras de TV, empresários poderosos, funcionários públicos de alto e baixo escalão...tem de tudo nessa casta, mas algo os une fatalmente:
O ódio e o temor da Operação Lava Jato. 

Surpreendidos pela eleição de 2018, que colocou no poder, depois de décadas, um homem que não é seu marionete, reagem como cães acuados, forçando seus testas de ferro (os 11 ilustres do STF) a agirem cada vez mais ostensiva e descaradamente.
Estão expostos.
Cada vez mais expostos.

Não é preciso ir muito longe para, observando os próprios ministros do STF -todos indicados por governos corruptos- entender como se pratica um fisiologismo descarado por alí.

Vai de Gilmar Mendes, com uma esposa perdulária e investigada, e com dezenas de parentes enfiados em cargos públicos até Dias Toffoli, com a esposa igualmente enrolada em investigações da Polícia Federal.
Ou Marco Aurelio de Mello, indicado para o posto de ministro pelo próprio primo -marionete do grupo- então presidente, Fernando Collor.
Esse grupo das sombras, com seu poder ameaçado em 2018, viu frustrado seu plano de continuidade, com mais um boneco manipulável no poder -Haddad.
A eles realmente não importa se é um collor, lula (como no passado), um haddad ou um luciano huck (no futuro).
O que importa é que seja ganancioso, sem escrúpulos e mantenha, debaixo de ordem, o mecanismo podre funcionando e enriquecendo essa casta de nobres senhores que se lixam, no fundo, para o país.
E que jogue o jogo marcado sem questionar.

É literalmente uma ditadura que, de golpe em golpe, vai detonando a frágil democracia brasileira através de seu braço, o STF.

No próximo dia 17, a sociedade estará nas ruas pedindo o impeachment de um desses ministros, Gilmar Mendes, transformado, pela sua arrogância e descaramento, no ícone dessa ditadura de porão.
Mas, intuitivamente, todo o povo brasileiro percebe que se trata de uma luta muito maior: a da democracia contra uma instituição totalitária não eleita pelo povo e não sujeita a poder algum além do de seus próprios patrões eventuais.
Onze divindades que mandam e desmandam.
Tem sido assim.

No final das contas, essa enorme concentração de poder numa casta de 11 ilustres não interessa nem à esquerda nem à direita, e muito menos ao Brasil.
Porque age de acordo com a mão que a alimenta.
Que pode ser qualquer uma.
Esse é o jogo: ganha quem paga mais.

Colocar luladasilva nas ruas é apenas uma das estratégias desse grupo, apenas uma das possibilidades.
Haverão outras. 

Cabe à sociedade e ao povo se unir em torno de quem, pela primeira vez, ousou desafiar essa máfia: o presidente eleito.
Só assim essa ditadura será derrotada.
Para que enfim, o Brasil possa crescer, longe do atraso, do coronelismo, do fisilologismo e da corrupção sistêmica.

O STF, com a atual configuração, tem que acabar.

Re-União

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