Walter Hertzog
A
ascensão de Evo Morales é muito similar a de qualquer político socialista. Via
de regra, eles vem todos de origem humilde, falam sobre a pobreza com certo
conhecimento de causa, detestam o capitalismo — a quem culpam por todos os
males que acometem a humanidade — e usam uma grande diversidade de estratégias
populistas para chegar ao poder. Quando lá chegam, é claro, não querem mais
sair. Querem permanecer no poder indefinidamente, a exemplo do seu grande líder
e mentor, o falecido Fidel, a desgraça de Cuba — que Satanás, o Diabo, o
carregue.
Evo,
Lula, Hugo Chávez, são todos análogos. Variações da mesma triste e deplorável
história. Que vieram todos de origem humilde não dá para negar. Que deram
algumas esmolas assistencialistas para os pobres quando estiveram no poder,
isso também não dá para negar. Que se locupletaram avidamente do estado, e
tornaram-se todos absurdamente ricos, seria hipocrisia negar. É sempre assim. A
mesma trajetória, que, apesar de algumas particularidades insignificantes,
apresenta sempre os mesmos resultados finais. Riquezas para o ditador e sua
cúpula privilegiada de associados, e miséria, desgraça, tirania e medidas
populistas paliativas para a população. De todos os aprendizes de Fidel, Hugo
Chávez foi o mais bem sucedido, pois conseguiu implantar a sua ditadura e
permaneceu no poder até morrer. Lula, Dilma e o PT foram escorraçados aqui no
Brasil; no entanto, tentam desesperadamente retornar ao poder. Na Bolívia, Evo
Morales foi obrigado a renunciar, em decorrência da constatação de fraude nas
eleições, e de que, como todo ditador socialista, ele estava se valendo de
meios aparentemente democráticos para se perpetuar no poder. A esquerda está
sendo escorraçada do poder em vários países, por populações que compreenderam o
perigo catastrófico que a ideologia tirânica dessa gente representa.
Juan Evo
Morales Ayma nasceu em 1959, integrante da tribo indígena dos Aymaras. Em
função de suas atividades em plantações de coca, no final da década de 1970,
ele se juntou a um sindicato de cocaleiros; assim como foi o caso da família de
Evo, no princípio da década de 1980, era comum famílias de bolivianos se
mudarem para as regiões rurais mais férteis do país, apesar de pobres, para
plantar coca. Em virtude da enorme demanda que existe no mercado pela planta,
era possível conquistar uma renda considerável com plantações de coca, que pode
ser cultivada diversas vezes por ano. Ao contrário do que muitos pensam, a
planta não é usada exclusivamente para o cultivo da cocaína, pois trata-se de
um ingrediente medicinal tradicional da cultura andina. Não obstante, é fato
que a cocaína deriva dessa planta, e diversos hectares de inúmeras fazendas na
Bolívia não só foram como são cultivados até hoje com o derradeiro objetivo de
abastecer os cartéis internacionais de drogas.
Como
sempre, uma coisa leva a outra. As agremiações sindicais levaram Evo a interessar-se
por política. O envolvimento de Evo Morales na política começou na década de
1990, um pouco antes da formação da ASP, a Asamblea por la Sobernía de los
Pueblos; a partir de então, Evo ficaria conhecido como ativista cocaleiro e
representante dos movimentos indígenas. Aos poucos, ele foi conquistando espaço
com seu ativismo político, gradualmente galgando etapas até chegar ao poder.
Desde o princípio de sua militância, Evo expunha suas convicções políticas de
esquerda. Era assumidamente socialista, condenava abertamente o capitalismo e
seu discurso era muito similar a de seus congêneres canhotos
latino-americanos.
A partir
de então, sua militância e seu engajamento político ficariam cada vez mais
acirrados. Em poucos anos, ele conquistou relevância a nível nacional, e em
pouco tempo sua reputação provara ser coesa o suficiente para que ele pudesse
enveredar por uma carreira política. Em 2005, ele se elegeu presidente da
Bolívia, e assumiu a presidência em 22 de janeiro de 2006. Primeiro líder
político indígena do seu país — em uma nação majoritariamente indígena, com 62%
da população se identificando como tal — Evo à princípio parecia ser o que todo
político socialista aparenta ser: uma promessa. Um indivíduo pobre e humilde,
que vai governar para os pobres e humildes. Um guerreiro audaz, destemido e
contumaz, que vai destronar as privilegiadas oligarquias reinantes que sempre
mantiveram o país na pobreza, na escravidão e no atraso. No entanto, tudo não
passa de fachada, um apanhado de mentiras muito bem amarradas a ideologias
mundanas e ardis populistas, para se manter no poder, alegando que isto é
realizado em benefício do povo.
Como
todo socialista, Evo Morales sempre foi um político autoritário, cujo maior
interesse era se perpetuar no poder, como seus comparsas já falecidos, Fidel
Castro e Hugo Chávez. Há alguns anos, Evo chegou a tentar proibir o
cristianismo na Bolívia, com o aval de uma nova constituição, de caráter
nitidamente autoritário. Ele pretendia prescrever completamente a evangelização
cristã e o trabalho missionário, argumentando que "a liberdade é uma
concessão do estado". Não obstante, o cocaleiro voltou atrás, em
decorrência da repercussão terrivelmente negativa que a perseguição contra
cristãos deflagrada pelo seu governo ocasionou, despertando indignação a nível
mundial. A nova constituição também foi abandonada; no entanto, Evo argumentou
que decidiu deixá-la de lado para evitar que a direita boliviana fizesse mal
uso dela. Ele afirmou que posteriormente, retomaria o diálogo com a sociedade
civil, para implementar a medida de uma forma mais branda e suave. Pura
ladainha. Como todo socialista, Evo é um anticristão, um mandatário autoritário
que pretendia estabelecer o estado como soberano sobre tudo e sobre todos. A
religião cristã incomoda, porque socialistas são criaturas despóticas, que não
desejam competir com Deus. Antes o contrário, desejam assumir o seu lugar. Por
isso, tem o anseio de eliminar a religião, e precisam de um estado totalitário
para isso.
Como
todo ditador interessado em se perpetuar no poder, Evo e seus criminosos
assessores fascínoras fraudaram as eleições, porque o cocaleiro pretendia se
consolidar como um déspota político, disposto a tudo para implementar sua
tirania de matriz bolivariana. Ao contrário do que aconteceu na Venezuela, no
entanto, na Bolívia, Evo não conseguiu se perpetuar no poder, porque as forças
armadas não permitiram. Na Bolívia, até mesmo a polícia e as agências de
segurança do estado amotinaram-se, ficando ao lado da população, ao invés de
apoiar o tirano. A polícia recusou-se a reprimir sublevações e protestos
populares. Fantástico. O que faltou na Venezuela, sobrou na Bolívia;
patriotismo, caráter, bondade, moralidade, senso de dever e responsabilidade.
Se o aparato de repressão estatal tivesse ficado ao lado de Evo, teria sido
muito fácil para o ditador cocaleiro replicar na Bolívia o que aconteceu na
Venezuela.
Evo,
portanto, foi escorraçado porque os militares foram leais à pátria que juraram
proteger e defender, ao invés de serem submissos a um político ambicioso e
totalitário, com irrefreável ambição pelo poder. Inicialmente, Evo parecia ter
aceitado com certa conformidade e resignação o fato de ter sido deposto. Pouco
tempo depois, no entanto, certamente por pressão da esquerda latino-americana,
o cocaleiro começou a falar em golpe, termo que a esquerda — cujo padrão de
comportamento é sempre totalitário e antidemocrático — normalmente emprega
quando é rechaçada do poder. Evidentemente, como todo esquerdista, a retórica
de Evo está saturada de vitimização. Ele pretende passar a imagem de que é um
pobre coitadinho, que está sendo vítima de um ataque engendrado pela ambiciosa
e oligárquica elite imperialista.
A
verdade é que Evo nem poderia ter disputado estas eleições.
A
constituição da Bolívia proíbe expressamente o presidente de exercer um quarto
mandato. No entanto, apesar de inconstitucional, o Supremo Tribunal Eleitoral
da Bolívia aceitou sua candidatura. Como se esse fato — um verdadeiro golpe de
estado — fosse pouco, a vitória de Evo nas eleições foram claramente fraudadas.
A auditoria posteriormente realizada pela OEA constatou que as atas eleitorais
foram falsificadas, os relatórios das diferentes sessões eleitorais tinham
todos a mesma caligrafia, o que é no mínimo altamente suspeito, e o número
total de eleitores foi inflado, pois não correspondia ao número real de
cidadãos bolivianos votantes no país e no exterior. A presidente do Supremo
Tribunal Eleitoral da Bolívia chegou a ser presa, acusada de cúmplice da fraude.
Pouco
tempo de sua renúncia, Evo Morales buscou asilo político no México. Ora,
por que será? Como disse o jornalista e apresentador peruano Jaime Bayly, Evo
há muito tempo faz negócios com o cartel de Sinaloa, sendo um associado do
famoso Joaquín Archivaldo "El Chapo" Guzmán, o famoso barão do
narcotráfico mexicano. No México, portanto, ele encontrou um refúgio seguro.
Além disso, as autoridades políticas mexicanas — majoritariamente de esquerda
—, também estão ao lado de Evo, e reforçam a narrativa de que o ditador
boliviano foi vítima de um golpe.
Na
terça-feira, dia 12, a senadora Jeanine Añez assumiu como presidente interina
da Bolívia. Neste mesmo dia — em um momento de delírio político —, Nicolás
Maduro, o ditador psicopata da Venezuela, "exigiu" que o alto comando
militar da Bolívia restituísse Evo ao poder.
Os
bolivianos lutam por liberdade, contra a tirania de uma ditadura socialista que
estava em estágio avançado de consolidação. Assim como no Brasil, no entanto, e
em todos os demais países do continente, a vitória da direita não é garantida.
A esquerda não dorme no ponto, jamais. E sabemos que subestimá-la é um grave
equívoco. Nenhum país do continente — nem mesmo os Estados Unidos — está livre
do perigo de um presidente de esquerda, nas próximas eleições.
Apesar
de Lula estar inelegível, nada impede que o STF mexa os pauzinhos para Lula
disputar as eleições de 2022. Não podemos esquecer jamais que a constituição
não passa de um pedaço de papel; aqueles que estão no poder vão mudar a
legislação sempre que ela não atender aos seus interesses. Já vimos o STF fazer
isso centenas e centenas de vezes. A constituição não vale nada, salvo quando o
que está escrito coincidentemente atende aos interesses da máfia criminosa. Não
podemos duvidar nem por um segundo que — quando chegar a hora — o entendimento
constitucional da legislação eleitoral irá mudar, e será alterado para atender
aos interesses políticos da esquerda, que ainda está no controle do
estado. Achar que este perigo não existe é uma grande ingenuidade. Inclusive, é
para isto que o Grupo de Puebla vem se reunindo, para reorganizar a retomada de
poder da esquerda latino-americana em todo o continente. A vitória do
esquerdista Alberto Fernández na Argentina reacendeu o fôlego e as esperanças
da esquerda de continuar lutando pela hegemonia absoluta.
O apoio
aos bolivianos na sua luta contra a tirania escravagista da esquerda deve ser
incondicional. Assim como aconteceu aqui com Lula e seus sicofantas do PT,
daqui para frente, Evo Morales vai repetir à exaustão a narrativa de que foi
vítima de um golpe, e certamente fará tudo o que estiver ao seu alcance para
retornar ao poder. Quando uma população exaurida da escravidão de que é vítima
decide se rebelar e lutar por liberdade, no entanto, a chama da esperança se
acende. Só que esta é uma luta contínua, da qual não há pausa, nem descanso;
afinal, o menor descuido pode levar a esquerda a voltar ao poder.
Re-União
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