Wagner Borges
Desperto fora do corpo no plano extrafísico
concomitante à cidade de Vrindavan, terra onde viveu o menino Krishna. Ainda
hoje, a atmosfera espiritual do lugar está preenchida pelas vibrações sutis do
menino Gopala*.
Há dois amparadores junto comigo, mas eles não
querem se identificar. Percebo os seus vultos luminosos ao meu lado e respeito
os seus motivos extrafísicos. Telepaticamente, eles me sugerem que eu vá até um
antigo templo nas cercanias da cidade, junto à orla da floresta.
Plenamente consciente, deslizo pelo ar até o local.
Noto uma certa expansão de energia branca no centro do meu parachacra frontal
**, acompanhada de um aumento das percepções extrafísicas. Atravesso uma das
paredes do templo e me surpreendo: dentro do ambiente, no duplo extrafísico do
salão principal, há centenas de projetores de vários lugares do mundo. Os seus
corpos estão repousando em outros países, mas suas almas estão projetadas aqui
num templo da Índia.
Apesar de também estar ali projetado, não sou
percebido por nenhum deles. O motivo disso é simples: eles estão
semiconscientes, entorpecidos, transitando extrafisicamente por ali, tal qual
zumbis extrafísicos. Motivados por automatismos extrafísicos variados, vieram
projetados aqui em busca das bençãos do menino Krishna. Conseguiram chegar, mas
estão entorpecidos! Alguns estão flutuando à deriva pelo salão, enquanto outros
estão ajoelhados rezando automaticamente. Valendo-me da magnitude das
percepções extrafísicas (e com o intuito de aprender pela observação
consciente), faço uma varredura energética no ambiente e nos projetores e
observo o seguinte:
Os que estão ajoelhados estão cegos de devoção.
Estão inchados de intolerância, pois amam a Krishna, mas não amam o mundo.
Esqueceram do óbvio: não se chega à Krishna com fé cega! Falta-lhes o mais
importante: discernimento e simplicidade. Os que flutuam pelo ar estão
cheios de conhecimento. Leram muito sobre o menino Krishna.
Contudo, também estão semiconscientes. A arrogância
do saber drenou-lhes a capacidade de compreender os outros. Falta-lhes o
essencial: compaixão e abertura consciencial. E não se chega à Krishna pelas
vias do orgulho! Observando aquelas pessoas projetadas, vítimas do
condicionamento e da rigidez consciencial, dei-me conta de como é bom ter a
mente aberta e ser bem humorado.
Exteriorizei energias na intenção de todos e saí
volitando por sobre a floresta ao lado. Em dado instante, percebi o som de um
rio que cortava a densa vegetação lá embaixo. Desci e pairei sobre a superfície
das águas. Repentinamente, um delicioso aroma interpenetrou-me por inteiro (a
sensação era exatamente essa!). Não sei precisar qual era o perfume e nem sei
explicar direito a sensação, mas por intuição direta, sei que era o perfume do
menino Krishna. A lucidez ampliou-se e perante a minha visão extrafísica
(paravisão), as águas do rio transformaram-se em ouro líquido. Isto é, um rio
dourado cortava agora a densa vegetação. Uma onda de Amor incondicional
interpenetrou a mim, ao rio e a floresta inteira. Tudo estava tomado pelas
vibrações sutis de Govinda, o senhor dos olhos de lótus. No centro do meu
parachacra cardíaco surgiu uma luz dourada. Então, fui possuído espiritualmente
por esse Amor incomensurável e minha consciência se expandiu. Envolvido em tal
enlevo, percebi que era hora de voltar para o corpo físico e preenchê-lo com
esse amor. Logo a seguir, senti um desconforto na área da paranuca (sintoma
característico do chamado vibratório do cordão de prata). Em instantes, fui
tracionado vigorosamente para dentro do vaso carnal. Ato contínuo, abri os
olhos do físico. Para minha alegria, continuava a perceber o rio dourado pela
clarividência. Nisso, tomei consciência de uma situação inusitada: embora
percebesse o rio dourado lá em Vrindavan, ao mesmo tempo eu o percebia correndo
dentro do meu coração. E aquele amor ainda me possuía por inteiro.
Por sugestão dos dois amparadores sutis, sugiro aos
candidatos à projetores conscientes a seguinte prática: – deitado, com a mente
e o corpo irmanados no mesmo objetivo de evoluir e fazer o Bem, visualize
poderosamente que o seu corpo se transforma num rio dourado. Isto é, transforme-se
numa massa de ouro líquido por inteiro. Tente imaginar o som da água correndo
dentro de você (tanto faz o sentido do correr da água, se de cima para baixo ou
de baixo para cima). Dissolva-se na energia dourada! Se quiser ampliar a
concentração, vibre mentalmente no chacra frontal (à guiza de mantra) o nome de
“VRINDAVAN”, ou então o nome de “KRISHNA”.
Faça isso todas as noites e fique muito bem!
Wagner D. Borges
São Paulo, 11 de fevereiro de 1998.
São Paulo, 11 de fevereiro de 1998.
* Gopala (do sânscrito): “pastor”, “pastoreador”,
“divino pastor”.
** Credito a essa energia branca a excepcional
lucidez desta projeção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário