por Médicos e Peritos
Em breve um novo escândalo na República fará o
Petrolão parecer trocado de esmola.
Já começam os sinais de alerta nos fundos de pensão
estatais,
vítimas de uma década de gestões absurdas e
irresponsáveis, para dizer o mínimo. Notícias nos jornais mostram o tamanho do
rombo.
Um dos fundos, o Postalis (Correios) já teve
que fazer uma espécie de resgate e seus filiados terão que pagar altas somas de
dinheiro nos próximos anos para manter as pensões viáveis.
Em todos os casos o mesmo modus
operandi: gestores dos fundos, nomeados pelo governo, assinam
contratos de investimentos altamente lesivos ao patrimônio do fundo.
O dinheiro some em offshores e empresas espalhadas
por paraísos fiscais, anotadas como "prejuízo" e os titulares do
fundo (os servidores) arcam com o prejuízo.
Regras de segurança são varridas para o tapete e o
órgão responsável por fiscalizar essas operações, a Previc (MPS), atua a passos
de cágado contra os malfeitos.
Mas de onde vem esses gestores?
Voltemos a 2003. Governo Lula assume em clima de
esperança e felicidade. Os companheiros de luta começam a dividir os
espaços de gestão onde anos mais tarde seriam pegos cometendo
ilícitos seja nos bancos públicos (Mensalão), Petrobrás (Petrolão) e Setor
Elétrico (Eletrolão).
Porém nenhum dos esquemas acima teve o poder e as
oportunidades encontradas nos Fundos de Pensão de Estatais.
A soma de dinheiro reservada nesses fundos era de
longe a maior reserva financeira líquida do Brasil.
Os gestores desses fundos possuíam, portanto,
enorme poder político e grandes oportunidades de investimentos.
Em tese o investimento deveria se traduzir em lucro
aos participantes (servidores), mas não foi isso o visto nos últimos anos.
A quem coube o naco dos fundos de pensão?
Vejamos uma publicação do Sindicato dos Bancários
de São Paulo em 2003 (link aqui):
"Em janeiro passado, na bela festa da posse do
novo presidente da República, bancários sindicalistas de São Paulo assumiram
postos-chave no novo comando federal.
Ricardo Berzoini, eleito deputado federal em
segundo mandato, foi empossado ministro da Previdência.
Luiz Gushiken ficou com a secretaria de Comunicação
do governo,
com status ministerial e função estratégica
primordial dentro do governo.
Sérgio Rosa assumiu a presidência da Previ, fundo
de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Além de Berzoini, Gushiken e Sérgio Rosa, o atual
presidente do Sindicato, João Vaccari Neto, chegou a ser cotado para o
comando da Caixa Econômica Federal.
Confirmado no Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social,
ele credita o chamado à sua atuação sindical e à
importância da entidade que preside.
“Devo o convite ao cargo de presidente do Sindicato
dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a maior representação da
categoria bancária na América Latina e um dos maiores sindicatos do país”, destacou,
ao assumir.
“E é com essa responsabilidade que tenho a
pretensão de fazer chegar ao Planalto as aspirações e expectativas da
categoria que estarei representando no Conselho”, complementou.
Além dessas lideranças da categoria em São Paulo, a
representatividade dos bancários refletiu ainda nas nomeações de Sérgio
Francisco da Silva, bancário da CEF e que iniciou a atual gestão do
Sindicato como secretário de Finanças, para a diretoria de Benefícios e
Administração da Funcef, o fundo de previdência do pessoal da Caixa.
E o militante banespiano Wagner Pinheiro, dirigente
da Afubesp e da Fetec-CUT, tornou-se presidente da Petros, fundo da
Petrobras."
Liderados pelos ex-presidentes do Sindicato dos
Bancários paulistano Ricardo Berzoini e Luiz Gushiken (já
falecido), líderes oriundos dessa verdadeira escola de quadros do petismo
assumiram a cabeça de todos os fundos de pensão estatais:
Sérgio Rosa assumiu a Previ (BB, maior dos fundos),
Wagner Pinheiro na Petros (Petrobrás), Lacerda na Funcef.
Pinheiro conseguiu emplacar seu
pupilo, Antônio Carlos Conquista (também do Banespa e Afubesp) na
GEAP.
Depois do escândalo que quebrou o fundo do
funcionalismo federal, Conquista ficou um tempo no Ministério da
Pesca, depois conseguiu cargos na Petros até que assumiu uma importante
diretoria na Postalis (Correios), do qual Pinheiro é o atual presidente,
após ficar na Petros durante os oito anos do governo Lula.
Guilherme Lacerda assumiu a Funcef no início do
governo Lula, indicado por Gushiken, líder do Sindicato dos Bancários de
São Paulo. Quando saiu, em 2012, o PT fez questão de honrá-lo com um cargo
bom.
Lacerda fez uma das mais caras campanhas a deputado
federal pelo ES em 2010, com R$ 2 milhões gastos em troca de pouquíssimos
votos.
Juntos, Previ, Petros, Funcef e Postalis
administram mais de R$ 300 bilhões de reais.
Durante toda a Era PT os filhos e afilhados do
Sindicato dos Bancários de São Paulo dominaram esses fundos.
O caso de Conquista é peculiar: assessor de Wagner
Pinheiro na Petros, foi indicado a gerir a GEAP em 2010.
O fundo ficou tão destruído que precisou de uma
intervenção da Previc .
Conquista se refugiou em um cargo no Ministério da
Pesca e em 2012
foi resgatado por Pinheiro para assumir cargo na
Postalis, que agora enfrenta uma quebradeira sem precedentes.
O órgão responsável por vigiar e controlar esses
gestores é a Previc,
pertencente ao Ministério da Previdência
Social.
A Previc sempre ficou na mão do Ministro Gabas
desde a época em que ele era Secretário Executivo do MPS.
Foi na Previc que Gabas cometeu o ato de nepotismo
denunciado neste blog em 2013 ao nomear, como Ministro, sua esposa em
cargo comissionado junto a esse órgão.
E quem trouxe Gabas para o MPS em 2005? Berzoini.
Gabas foi quem ajudou Conquista a se refugiar no
Ministério da Pesca quando não teve mais jeito e foi necessária intervenção na
GEAP.
Cabe a Gabas comandar a investigação de seus
colegas gestores nos fundos de gestão.
Porém Gabas, ele mesmo, é cria do mesmo Sindicato
dos Bancários de São Paulo.
Gabas foi contador da Bancoop, a cooperativa
do sindicato paulistano envolvida num escândalo de fraude fiscal que
deixou 3.000 mutuários sem a casa própria. Mas Lula, Gabas e Berzoini
conseguiram suas coberturas e apartamentos luxuosos).
Ou seja: comandados por Berzoini e
Gushiken, o sindicato dos bancários fechou o circuito no sistema de fundos
de pensão brasileiros: enquanto quadros bancários eram nomeados gestores e
diretores dos fundos, Gabas fincado no MPS ficava vigiando seus colegas
trabalharem.
O resultado dessa ação entre amigos é um
desastre bilionário que ameaça a liquidez dos fundos de pensão atualmente. Os
participantes reclamam da lentidão da Previc em investigar e punir os
casos. Poderiam esperar coisa diferente?
Os participantes do Postalis cogitam processar a
Previc pelo rombo nas contas do fundo dos correios.
O rombo para esse ano já atinge R$ 43 bilhões nos
fundos de pensão públicos. As notícias já dão conta de negócios escusos e
desvios bilionários perpetrados nos últimos anos.
Quem quiser lavar a jato os fundos de pensão de
estatais precisa seguir o rastro do Sindicato dos Bancários de São
Paulo. A Bancoop foi o treino, os Fundos foram a prática.
E sempre por trás deles, Carlos Gabas responsável
por atestar a veracidade das operações, seja no Conselho Fiscal da
Bancoop, seja comandando a Previc.
Médicos e Peritos
21 de julho de 2015.
21 de julho de 2015.
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