Maria Lucia Victor Barbosa
A corrupção no Brasil tem uma longa
trajetória, que aliada à impunidade nos infelicitou ao longo dos séculos. Sem
me alongar sobre o tema recordo que o Estado brasileiro teve desde seu início
ação centralizadora e tuteladora da Nação. Tudo dependia do governo e, assim, o
comércio e a indústria estavam atados às autorizações, às tarifas
protecionistas, às concessões, o que facilitava o suborno. Em essência nada
mudou.
Em 2002, o PT chega à presidência da
República jactando-se de ser único partido ético que vinha para acabar com as
mazelas da política brasileira. E melhor: à frente do partido havia um “pobre
operário” capaz de salvar a pátria, um padroeiro dos pobres e oprimidos.
Contudo, pode-se dizer que nunca
antes nesse país houve um partido tão corrupto quanto o PT. Os petistas
institucionalizaram a corrupção e convidaram aliados políticos e a inciativa
privada para abrir franquias de roubalheira.
A força e a impunidade do PT se
deveram basicamente a três fatores: a ilusão gerada pela propaganda, através da
qual Lula da Silva foi endeusado. A inexistência de oposições, tanto
partidárias quanto institucionais. A falta de cultura cívica do povo sempre
dependente do Estado paternalista e indiferente aos escândalos de corrupção dos
poderosos.
Além da corrupção o governo petista
expandiu os males do Estado Brasileiro: o patrimonialismo, o nepotismo, a
burocratização e, sobretudo a incompetência. Tudo sob a imagem da perfeição,
das maravilhas que o magnânimo pai Lula prodigalizava aos desvalidos salvando-os
da miséria.
Nos porões do poder, porém,
muito mais lucravam os que Lula, para efeitos externos, chama de elites, várias
das quais se associaram em contubérnios com a companheirada de modo nunca
visto. E, assim, roubou-se em milhões, em bilhões, em avantajadas cifras no
país do dá-se-um-jeito.
Primeiro, articulou-se o mensalão ou
compra de congressistas como forma de sustentar o projeto de poder do PT.
Inabalável, mesmo sob o efeito das condenações do STF onde se notabilizou o
ministro Joaquim Barbosa que logrou enviar para as grades maiorais do PT como
José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, além dos
auxiliares dos criminosos, Lula logrou eleger uma mulher que não consegue
sequer proferir um pensamento coerente.
Com ela deu-se o terceiro mandato de
Lula da Silva. Foi o tempo do descalabro com todos os possíveis erros que se
pode cometer em economia. Mesmo assim, Rousseff, com pouca margem de
votação se reelegeu montada nas mentiras e no terrorismo politico do
marqueteiro João Santana, que atribuiu ao adversário o apocalipse brasileiro,
que se vê agora é da autoria da criatura de Lula e dele próprio.
O presidente de fato seguiu
inimputável, sempre a repetir que não viu nada, não sabia de nada, não ouvia
nada, enquanto a inflação, o desemprego, a inadimplência vão infelicitando
eleitores e não eleitores do PT.
O megaescândalo do petrolão
estilhaçou a Petrobrás, orgulho nacional, tomada de assalto pelo aqui citado
contubérnio. Mas, assim como o ex-ministro Joaquim Barbosa surgiu alguém que
fez a diferença, o juiz Sérgio Moro, destacando-se também o trabalho da Polícia
Federal e de procuradores na 0peração Lava Jato. Nesta ação inédita no Brasil
estão indo para cadeia não só doleiros e auxiliares da rapina chamados de
operadores, mas também presidentes das maiores empreiteiras, seus diretores e
ocupantes de altos cargos na Petrobras.
Possivelmente, o povo tomaria
conhecimento desses fatos com indiferença se não fosse o esboroar da economia,
pois é certo que não há governo que resista quando a economia vai mal. Junte-se
a isso a inconformidade popular que não aceita pagar pela incompetência
governamental e temos o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual
Rousseff aparece como a pior presidente que o Brasil já teve, com 71% de
reprovação e só 8% de aprovação.
É dito, falseando a questão, que um
impeachment da inoperante presidente levaria ao caos institucional. Quando
Collor, com grande participação do PT, sofreu o impeachment por muito menos do
que hoje ocorre, as instituições ficaram intactas.
Falso também a presidente dizer-se
intocável porque foi eleita pelo voto. Uma coisa é autoridade legal, outra é
autoridade legítima. No momento ela não é mais legitimada pela população e o
que se chama de crise política pode ser traduzida por crise de
representatividade. Ela não representa mais o povo cansado de seu estelionato
eleitoral e de sua incompetência.
O PT legou ao Brasil uma crise
política de representatividade, uma crise econômica e uma crise de valores. A
saída de Rousseff da presidência, dentro dos trâmites legais não é golpe. Golpe
é sua permanência. Afinal, a emblemática segunda prisão de Jose Dirceu
demonstrou que o PT nunca agiu em nome da causa, mas em causa própria. Não dá
para suportar mais um governo assim. A causa caiu.
Maria Lucia Victor Barbosa
Socióloga
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