Redação
Depois
da União Europeia, o Mercosul pode fechar mais um acordo com países europeus
até o fim do ano, disse hoje (24) o secretário de comércio exterior do
Ministério da Economia, Lucas Ferraz. O bloco sul-americano formado por Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai terá mais duas rodadas de negociação com EFTA,
grupo que reúne Suíça, Islândia, Noruega e Liechtenstein, e o governo federal
está otimista com a possibilidade de concluir as negociações.
“Assinaremos
ainda este ano, com alto grau de certeza”, disse Lucas Ferraz, que participou
da reunião da diretoria da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), no
Rio de Janeiro. “É um acordo importante. Apesar de ser pequena, é uma região
que é provavelmente o PIB per capita mais alto da Europa. Tem mais de uma vez e
meia o PIB da Argentina, algo como 1,1 trilhão de dólares”.
Mercosul
e EFTA devem retornar às negociações dentro de 30 dias e mais uma rodada de
negociação deve acontecer até outubro. Até o fim de 2021, o secretário aposta
ainda na conclusão de acordos comerciais do Mercosul com Canadá, Coréia do Sul
e Cingapura, e, até o fim do mandato, o objetivo é se aproximar de um acordo
com duas das maiores economias do mundo.
“Temos
já um diálogo exploratório com Estados Unidos e Japão. É algo que está no nosso
radar até o final desse governo. Estamos muito otimistas de que se consiga até
o final desse mandato concluir essas negociações”, afirmou Ferraz.
Brexit
O
secretário explicou que a forma como se dará a saída do Reino Unido da União
Europeia pode fazer com que o Mercosul precise reiniciar as negociações com os
britânicos, que têm até 31 de outubro para definir como se dará a separação,
apelidada de Brexit.
A saída
do bloco foi aprovada em um referendo popular em 2016, e, desde então, o
governo britânico não conseguiu definir de que modo se dará o Brexit. A
ex-primeira-ministra, Theresa May, conseguiu negociar um acordo que mantinha
vantagens comerciais para britânicos e europeus, mas o parlamento britânico não
aprovou os termos. Seu sucessor, Boris Johnson, assumiu com a disposição de
levar o Brexit adiante mesmo sem acordo com a UE, caso não consiga renegociar
os termos.
“Se o
Reino Unido decide sair da União Europeia sem nenhum tipo acordo, ele passa a
ser um país que não tem acordo especificamente com ninguém.
Ele vai
ter que renegociar todos os seus acordos, e, possivelmente, ele teria que
renegociar o acordo com o Mercosul”, disse Lucas Ferraz, que afirma ser difícil
fazer qualquer especulação porque todos os cenários ainda estão na mesa. “Para
o Brasil, o interessante é que a gente mantenha os parâmetros do acordo como
eles estão hoje. Portanto, se sai o Reino Unido, a nossa ideia é que o Mercosul
renegocie um possível novo acordo com o Reino Unido nos mesmos parâmetros que
foram negociados com o continente europeu”.
O acordo
entre Mercosul e União Europeia eliminará tarifas de importação para mais de
90% dos produtos comercializados entre os dois blocos. O secretário prevê que a
discussão da parte comercial do acordo deve levar um ano e meio para ser
aprovada pelos europeus, o que faria com que as tarifas começassem a ser
reduzidas entre o fim de 2020 e o início de 2021.
Os
países do Mercosul terão 15 anos para eliminar as tarifas previstas no acordo,
enquanto os europeus farão o mesmo em 10 anos. Lucas Ferraz acredita que prazo
de 15 anos será suficiente para que os setores da economia brasileira se
preparem para a concorrência com os produtos europeus, e também para que o o
governo implemente reformas voltadas para a redução do custo de produzir no Brasil,
como melhoria de infraestrutura, reforma tributária e desburocratização. “A
gente acredita que o tempo é um tempo razoável”.
O acordo
entre Mercosul e União Europeia deve adicionar à economia brasileira R$ 1
trilhão em exportações e importações nos próximos 15 anos, além de um ganho de
R$ 500 bilhões no PIB e de R$ 450 bilhões em investimentos.(ABr)
Diário do Poder
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