Stephen Kanitz
A Esquerda brasileira
sempre foi uma opositora ferrenha contra o ensino deadministração no
Brasil.
Por exemplo, vejam esse artigo recente, “A
Guerra Fria e o Ensino de Management No Brasil”.
Associa o ensino de administração a uma tentativa de
tomada do poder pelos americanos.
Esse ódio contra administradores por
parte da Esquerda é a grande razão do seu fracasso.
Esquecendo que foi o socialista Getúlio Vargas que
extinguiu todas as nossas Faculdades de Administração, um dos últimos atos de
seu governo em 1945.
O grande problema da Esquerda foi sempre esse.
“Sonhadores” querendo implantar utopias sem o menor
conhecimento de como implantá-las.
Em 1918, logo após a revolução Russa, “todos os
administradores haviam sido eliminados”, considerados pelos comunistas de
lacaios do capitalismo.
Em 1945, Getúlio Vargas impediu a formação nos próximos
40 anos de mais ou menos três milhões de administradores e criou essa bagunça
administrativa em que estamos.
Isso para dar espaço livre ao curso de Economia
recém-criado, do qual todos os governos de Esquerda dependiam.
Foi essa atitude contra a ciência da Administração que
levou ao fracasso todas as ideias socialistas, bonitas no papel, mas um
fracasso nos detalhes e na implantação e execução.
Na Rússia, a administração propriamente dita ficou a
cargo de engenheiros, e o planejamento central da produção aos economistas em
Moscou e suas matrizes produto consumo, distantes da realidade.
Por 50 anos na Rússia houve uma briga constante entre
engenheiros e os economistas na questão quantidade x qualidade.
Os economistas queriam ambos, os engenheiros entendiam
que o aumento de um implicaria na queda do outro.
Esse é um correto resumo de 60 anos de literatura
administrativa no socialismo soviético.
O Conde Matarazzo, desesperado com essa falta de
administradores, construiu uma Universidade de Administração em 1955.
Matarazzo queria uma Faculdade como a Bocconi, com
valores italianos, que teria sido muito mais apropriado para o Brasil, do que o
modelo
Americano implantado pela EAESP da FGV e Insper.
Boicotaram Matarazzo até o fim. No acordo que fez com o
Governo de São Paulo, devido a seus problemas financeiros, foi obrigado a
desativar esse seu projeto e entregar o prédio ao Estado.
Esse prédio é hoje o Palácio dos Bandeirantes,
edifício-sede do Governo do Estado de São Paulo, no Morumbi, símbolo da má
gerência estatal de São
Paulo. Quanta ironia!
Em 1954, a Marinha Brasileira, preocupada com a má
administração do seu arsenal, enviou Geraldo Lins para o Sloan School of
Management, já que no Brasil nada se ensinava nessa área.
Foi ele que ajudou a criar a EAESP, gerando essa suspeita
da Esquerda brasileira, com apoio da Aliança para o Progresso norte-americano.
E aí, a Esquerda se autodenomina de progressista, fake obviamente.
Para contornar a proibição de Getúlio, criaram um curso
de 12 semanas para executivos, o Curso Intensivo de Administração, com a sigla,
CIA, santa ingenuidade.
Em 1964 tínhamos somente 164 bacharéis formados pela FGV,
e formados para uma realidade que nada tinha a ver com o Brasil.
O modelo italiano, voltado para a empresa
familiar, teria sido muito mais apropriado como sabia o Conde Matarazzo,
mas cuja experiência foi ignorada em troca de um Oficial da Marinha.
Administradores jamais serão importantes nesse país, isso
já me é bem claro.
Perdi minha longa batalha, perderemos a chance de
resolvermos rapidamente todos os nossos problemas.
Podem ficar tranquilos, jamais seremos dominados.
No final, nossa bagunça sempre vencerá.
blog do kanitz
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