Ipojuca Pontes
Tal como o Grande Inquisidor – personagem de Dostoiévski
que, na Idade Média, no século XVI, procurou menosprezar Jesus Cristo e depois
levá-lo à fogueira da Inquisição quando de sua segunda aparição na terra -, o
antipapa Bergoglio, ao adotar no Estado do Vaticano as teses da Teologia da
Libertação (que chama, ardilosamente, de “Teologia do Povo”) reedita o pior da
apostasia comunista dentro da Igreja Católica, tornando-se, assim, figura
execrada entre católicos e cristãos.
Cardeal de Sevilha, o Grande Inquisidor, depois de longo
interrogatório, acusa Cristo de “erguer a ideia de liberdade entre os homens” –
ideia que o Inquisidor, um jesuíta ortodoxo, julga uma “suprema ignomínia” pois
os homens, principalmente “os fracos, os depravados, os revoltados e os nulos,
nunca compreenderam ou souberam conviver com a liberdade”.
Por isso, eles dizem: “Fazei de nós escravos, mas
alimentai-nos” – fustiga o Inquisidor no ato de subestimar Cristo. Por fim,
conclui, dedo em riste: “Nenhuma ciência lhes dará o pão enquanto pretenderem
escolher o caminho do livre arbítrio por Ti apontado”.
Ao escorraçar Cristo, o velho heresiarca faz tábula rasa
da história da cristandade, para destruir a Igreja secular e impor sua teologia
ateia – vale dizer, socialista.
Na sua heterodoxia diabólica, o Grande Inquisidor, diante
de completo silêncio do Cristo, enumera os três poderes que dominam a
consciência dos homens e asseguram a felicidade terrena a ser administrada por
ele, a saber: o Milagre, o Mistério e a Autoridade.
Jesus, diz o Cardeal, “ao preterir o Milagre no Ato da
Crucificação, traiu os que Nele acreditavam, mas a humanidade jamais poderá
viver sem o prodígio da Divindade” – do qual ele, o Grande Inquisidor, se diz
avalista.
Embora desacredite do Mistério da Santíssima Trindade, o
Cardeal dá a entender que o oculto só pode ser revelado aos iniciados,
adiantando, no entanto, que o seu Mistério, trancado a sete chaves, é não
acreditar no Transcendental, visto que o seu reino é o reino deste mundo.
“Queremos a Roma dos Césares” – pontifica o apóstata.
A autoridade, na teologia materialista do Inquisidor,
renega a espiritualidade de Jesus, “que não sabe nada dos homens”. Ela “será
exercida por meio da submissão, do temor e pelas promessas de paz e harmonia
oferecidas à humanidade pelo Vaticano”.
Mas a Cúria de Bergoglio, enfronhada na “Teologia do
Povo”, não difere muito do projeto arquitetado pelo Cardeal de Sevilha, quando
da prisão do Cristo numa masmorra, no período da Santa Inquisição. O antipapa
de hoje parece mais empenhado em fazer política ideológica, voltado para a
recepção no Vaticano do virulento Putin(ho), do cocaleiro Evo Morales com suas
oferendas de Foice e de Martelo a simbolizar o totalitarismo comunista de
Stalin, além da aberta confraternização com os “irmãos” muçulmanos.
De fato, a postura de Bergoglio soa mais deletéria quando
se sabe que, hoje, cerca de 215 milhões de cristãos são perseguidos de morte e
prisões em países de regime comunista (especialmente na China) ou entre
muçulmanos – enquanto a figura do antipapa argentino, na prática, adere
ao globalismo fomentado pelo establishment europeu, fincando,
pressuroso, os alicerces para abrigar no Vaticano, em outubro próximo,
uma “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos sobre a Região Amazônica” com o
objetivo de criar uma força-tarefa internacional (quem sabe a ser comandada por
ele próprio), para retirar a soberania brasileira da nossa Amazônia, ameaçada,
segundo os seus mentores, pelo mitológico “efeito estufa”.
A Santidade do antipapa Bergoglio está, no entanto,
seriamente abalada com a recente publicação do livro “No Armário do Vaticano –
Poder, Hipocrisia e Homossexualidade”, uma pesquisa devastadora do jornalista
francês Frédéric Martel que documenta o ambiente de orgia e devassidão
predominante no interior do Estado do Vaticano, onde grande parte da população,
em torno de 80%, é constituída por homossexuais. Ao cabo da leitura do amplo
documento pode-se considerar, em definitivo, que “o Vaticano é, em larga
escala, um sistema homossexual” – assinalam alguns vaticanólogos eufóricos com
a publicação.
Para escrever “No Armário do Vaticano…”, o autor francês,
ele próprio um homossexual, revela que durante quatro anos entrevistou
pessoalmente 1.500 pessoas, dentro e fora do Vaticano, entre os quais 41
cardeais, 52 bispos e monsenhores, 45 núncios apostólicos e embaixadores, além
de 200 padres e seminaristas. “Meu livro é sobre a vida dupla e a hipocrisia
esquizofrênica dos padres e bispos que são homossexuais e não se assumem”. No
interior do vaticano, diz o pesquisador, “são habituais verdadeiras orgias sob
uma suave luz vermelha com um forte consumo de drogas e vodca de maconha, e com
a firme presença de garotos de programa, alguns deles muçulmanos”.
Um michê romeno habitué do Vaticano, Christian,
entrevistado por Martel, deu detalhes desses encontros: “Um padre quis que eu
fizesse um ‘golden shower’ (urinar) na cara dele. Há os que querem que nos
fantasiemos de travesti. Outros praticam atos sadomasoquistas sórdidos. Um
padre até quis lutar boxe comigo todo nu”.
O antipapa Bergoglio, segundo o autor francês, leu o
extenso volume sobre a grande legião de homossexuais ativos ou enrustidos
dentro do clero, “sob sua guarda”. Afirma que o argentino “achou o livro bom e
que já sabia de tudo”. E conclui: “Não dá para esperar que ele seja ainda o
‘orgulho gay’ em Roma. Mas, sim, que é um ‘friendly gay’ e está evoluindo”.
(Para completar a desgraça, o Banco do Vaticano (IOR –
Instituto para Obras Religiosas), que administra os recursos das associações
católicas de todo o mundo (e não se rege pelas normas financeiras vigentes na
Itália), vem sendo denunciado por lavagem de dinheiro e demissões de auditores,
colocando sob suspeita as finanças da Santa Sé).
Ao expor os princípios que passariam a reger o Vaticano a
partir de século XVI, inspirado na visão jesuítica do Cardeal de Sevilha, o
grande Dostoiévski nunca foi tão profético. Hoje, a igreja de Roma distancia-se
cada vez mais da espiritualidade cristã, em essência voltada para os valores
transcendentais expressos na conduta de Jesus, para cair de quatro ante a
“Teologia do Povo”, que confunde a fraterna Cidade de Deus com a erradia Cidade
dos Homens.
Resultado: milhares de católicos estão abandonando a
igreja vermelha do antipapa Bergoglio para haver-se diretamente com Cristo.
P S – A propósito, Dostoiéviski anotou no seu “Diário de
um Escritor” que os jesuítas pretendiam reduzir a humanidade a um rebanho de
vacas.
Muito antes, o Marquês de Pombal tinha chegado à mesma
conclusão.
Até.
Diário do Poder
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