Nádia Lúcia Fuhrmann
Metaforicamente, pode-se pensar o progressismo
(socialismo) como uma cesta que contém maçãs graúdas, vermelhas e brilhosas,
aparentemente suculentas que fazem salivar os gulosos, mas que em verdade as
frutas são de gesso. O progressista socialista prega uma sociedade futura fake
que jamais existirá, nunca existiu, pela própria condição imperfeita do homem,
e seus asseclas estão cônscios dessa impossibilidade. Desde meados do século
XX, eles labutam em um plano global de tomada do poder através de narrativas
altruístas e democráticas mentirosas a fim de subtrair a liberdade dos povos,
as riquezas das nações e perpetuarem-se ad eternum como castas privilegiadas.
Feito o introito, cujo conteúdo é de conhecimento geral,
vamos discorrer sobre uma das mais obsessivas pautas da esquerda que entende a
violência como um ato revolucionário e o criminoso como vítima da sociedade
capitalista. Não é preciso ser um exímio estudioso da violência urbana para
perceber que a criminalidade generalizada no Brasil foi implantada deliberadamente
pelo PT, em troca de apoio político e financeiro de máfias internacionais.
Segundo o discurso dos progressistas, a violência é causa
da vulnerabilidade econômica das pessoas. Ora, foi suficiente que fizéssemos
uma grade comparativa entre os crescentes aportes financeiros no Programa Bolsa
Família e os índices de violência no Brasil, entre 2005 e 2015, para que
observássemos que tal premissa é mentirosa. Na mesma medida em que os
benefícios assistenciais aumentavam, também cresciam os números da
criminalidade. Enquanto os recursos do Bolsa Família em 2005 foram da ordem de
R$ 6,8 bilhões, o índice de homicídios marcou 26 mortes por 100 mil habitantes.
Já em 2015, os recursos destinados aos beneficiários do Programa foram de R$
26,9 bilhões, enquanto o número de homicídios no mesmo ano chegou a 30 em 100
mil habitantes: números considerados pela própria ONU como os de guerras. Os
dados foram cruzados a partir das informações do Ministério do Desenvolvimento
Social, Anuário de Segurança Pública (2016) e o Mapa da Violência (2016).
Observemos que mesmo à revelia da população o PT desarmou os brasileiros e
instaurou uma guerra invisível somente perceptível através das consequências.
A pobreza nunca foi causa de violência. Os pobres compõem
a massa de manobra dos políticos inescrupulosos, e por isso suprimir a miséria
nunca foi, ou será, o objetivo da esquerda. Quem tem fome vota, criminosos
votam. A esquerda costuma aprofundar e disseminar o caos de modo a expandir o
exército de reserva revolucionário. Poucos sabem que nos Estados Unidos, sob o
governo progressista de Barack Obama, parte da população fez disparar o consumo
de ração canina nos supermercados em 2008. Na Venezuela e no Brasil, países
mais vulneráveis socialmente, os governos progressistas foram ainda mais cruéis
com a população. A “marolinha” econômica, a que se referiu o ex-presidente do
Brasil e atual presidiário, custou aos brasileiros a maior recessão de toda a
história do País. Na Venezuela, o governo madurista promoveu o maior genocídio
e o maior êxodo humano de toda a história da América Latina. Silêncio total dos
organismos de direitos humanos internacionais. Os meios de comunicação de massa
são parceiros dos governos progressistas, seja pela formação universitária dos
próprios jornalistas, orientada pelos “diários” do cárcere do criminoso
italiano Antônio Gramsci, seja por cooptação através de vultuosos aportes de
recursos públicos para veicularem propaganda a favor do governo. Mas, seja a
prática da corrupção institucional ou o crime organizado e capilarizado na base
da sociedade, os bandidos sempre contarão com o apoio dos progressistas que os
identificam enquanto figuras políticas perseguidas ou vítimas de um sistema
econômico perverso, dependendo do estrato social em que atuam. O “aliado”
quando comete um crime em nome do ideal revolucionário não é criminoso, ele é
herói. Foi dessa maneira que esse embuste político que atende pela alcunha de
progressismo criou as narrativas das “minorias desamparadas”, das “vítimas da
sociedade”, do “perseguido político” e do “bandido herói”. Todos esses devem
ser perdoados pela lei do homem e de deus – embora saibamos que progressistas
são ateus. Além de perdoados pelo “trabalho” em prol da “causa”, também
costumam ser condecorados (leiam meu texto “A farra das medalhas”) ou
presenteados com altos cargos institucionais. Sempre haverá também, obviamente,
uma banca de experientes advogados para defendê-los. Por isso a ordem é roubar muito
– se pegos, que tenham recursos para procrastinar as acusações até que a
justiça arquive os processos, engavete-os ou abrande as penas.
Além disso, inventaram a tornozeleira eletrônica, a
audiência de custódia, a liberdade para as “mamães” mulas do tráfico e para as
corruptas da high Society, o semiaberto e mais um sem números de instâncias
judiciais e uns mil recursos, tudo isso e mais coisas para amenizar o
sofrimento das “pobres vítimas da sociedade”. O Molusco foi condenado por 21
juízes, mas os progressistas entram todos os meses com um novo recurso no
Supremo para soltá-lo. Reverberam no mundo inteiro que o maior ladrão da
história da humanidade é um inocente perseguido político e preso injustamente.
A esquerda passa diuturnamente a mensagem de impunidade para a sociedade com
fins a gerar confusão. É próprio dessa ideologia. Deveria ser ela criminalizada
no Brasil, no entanto tem desembargador gaúcho na ativa militando Lulla livre.
Total desmoralização da justiça brasileira.
Um conjunto de princípios amorais dessa ordem propicia o
estado de anomia social, situação perfeita para a instauração de uma brutal
ditadura. Objetivo precípuo do PT a ser concretizado não fosse um corajoso juiz
de primeira instância, alguns destemidos membros do Ministério Público Federal,
a revolta de milhões de patriotas e o respeito à Constituição por parte das
Forças Armadas.
Eric Hobsbawm publicou em 1972 um livro sob título Les
Bandits, ou “Os Bandidos”. A obra apresenta uma análise da trajetória dos
bandidos mais conhecidos da história, incluindo o brasileiro lampião, e como
eles conquistaram uma imagem romantizada de heróis. As características
atribuídas aos “bandidos sociais” são universais e manipuladas inequivocamente
até hoje pela esquerda mundial. Podemos citar genocidas, como Mao Tse Tung, na
China, Che Guevara, em Cuba, Nicolae Ceausescu, na Romênia, Stalin, na União
Soviética – todos venerados pela esquerda e tratados como heróis. Não
esqueçamos da pobre Venezuela que enfrenta dias de fome, doenças e violência sob
a ditadura madurista. Para a esquerda brasileira, no entanto, o genocida é uma
pobre vítima das sanções americanas. Lembremo-nos da vergonha que passaram ao
elevar como herói o criminoso, agora confesso, Cesare Battisti.
O bandido canônico nasceu no bojo de um determinado
suposto contexto de revolta e injustiça social. Foi assim que ele atraiu a
admiração dos pobres e oprimidos e também a culpa dos mais bem posicionados
intelectualmente. O arquétipo do bandido social pressupõe que a sua ação
violenta seja invariavelmente abrandada por uma condição de vida pregressa
marcada pelo não reconhecimento social, pela pobreza e pelo racismo de classe.
Segundo Hobsbawm, o bandido social “é, no plano simbólico e imaginário,
invisível e invulnerável. Ele não é o inimigo do rei ou do imperador, mas
apenas dos opressores locais”. Ou seja, no pensamento da esquerda, a ação
criminosa do bandido é contra o sistema social injusto: ele age contra o
sistema capitalista e seus “cruéis” defensores. Esquece de mencionar que sem o
capitalismo, o socialismo onde foi implantado teve uma sobrevida pífia. Hoje o
progressismo se financia através do tráfico de drogas, de pessoas, de órgãos
humanos e da extorsão das Nações através dos ativismos: direitos humanos,
ambientalismo, migrações, conflitos, indigenismo, entre outros.
O fenômeno do banditismo social, escreve Hosbsbawm, tem
origem nos "movimentos sociais primitivos", embora continue a se
manifestar no mundo contemporâneo com peculiaridades semelhantes àquelas
surgidas na Antiguidade e na Idade Média. O bandido social emerge das rebeliões
agrárias por ocasião das transformações bruscas nas sociedades rurais
orientadas por um sistema de valores conservadores e inseridas em um sistema
econômico baseado numa estrutura hermética de classes sociais e da propriedade
privada nas quais os abastados e os pobres, proprietários e não proprietários,
formavam segmentos sociais antagônicos.
A partir disso, fica esclarecido que o culto ao bandido
social é uma justificativa farsesca para tomar o poder ilegitimamente através
de um processo revolucionário que pressupõe um forte antagonismo social, mas
que, ao mesmo tempo, contraditoriamente, insinua lutar pela igualdade, pela paz
e pela justiça social. Um método insuspeito para humilhar, chantagear, ameaçar
e eliminar os opositores sem macular os “altruístas” objetivos de uma caterva
criminosa secular. Não é um projeto democrático que envolve a comunidade, mas é
um projeto autoritário de um pequeno grupo que, sem argumentos políticos
convincentes, cobiça tomar o poder à força. Toda a tentativa de coletivismo tem
um aspecto fascista.
Na contemporaneidade, em que as relações antagônicas
entre patrões e empregados ficaram diluídas pela própria transformação do mundo
do trabalho e da decadência dos movimentos sociais - onde os salteadores
ideológicos de esquerda recrutariam seu exército de revolucionários? Ora, nas
periferias urbanas. Foi movido então todo um esforço intelectual e econômico a
fim de inculcar na sociedade em geral, nos jovens em particular, que o crime
cometido pelos “despossuídos” é um “instrumento de compensação das
desigualdades materiais e sociais, à maneira de Robin Hood” (Geremek, 1988).
Foi com esse discurso embusteiro, e com muito dinheiro, que o progressismo
internacional cooptou setores estratégicos dentro do nosso País: professores,
intelectuais, parte do judiciário, quase toda classe política, a grande mídia e
demais instituições estratégicas de mediação como parte da classe dos
advogados, psicólogos, assistentes sociais e médicos. Trabalhar para o
progressismo passou a ser sinônimo de pessoa “iluminada”, de distinção e de
privilégio no seu círculo de atuação profissional, como também fiança para a
inserção no mercado de trabalho privado ou público. Acredito que não é
necessário citar as inúmeras fraudes em concursos públicos que já são bem
conhecidas, e o método Qi de seleção no setor particular. Dentro do setor
público abundavam os privilégios, as promoções e a criação de cargos nos
conselhos sovietes para presentear os “cumpanheiros” e amordaçar os que não se
curvavam ao “modo petista de governar”. As perseguições e as transferências se
destinavam aos que resistiam à “causa”. Percebam, por exemplo, a seleção dos
membros da nossa Suprema Corte, são pessoas alienadas, muitas vezes descomprometidas
com a nossa Constituição e com as necessidades do povo brasileiro, mas atentos
às diretrizes do progressismo internacional. Quem tem a paciência de ler os
votos dos ministros sabe do que estou falando.
Observemos a pantomima que se transformou a prisão do
ex-presidente condenado em duas instâncias judiciais e com amplo direito à
defesa, seus advogados retribuídos com honorários milionários, prisão especial
com inúmeros privilégios, incluso a visita íntima. Como assim? Pensávamos que
copular em instituição pública não fosse permitido – como isso acontece dentro
das instalações da Polícia Federal?
Poderíamos citar também Dilma e Dirceu que pegaram em
armas nas décadas de 1960/70 contra as instituições brasileiras. São
considerados hoje anistiados políticos e perseguidos pelo regime militar. No
entanto esses criminosos foram indenizados, recebem pensão vitalícia e ocuparam
altos cargos no governo brasileiro. E ainda tem quem acredite na recuperação de
bandidos?
Bem, muito ainda haveria para escrever sobre a formação
do banditismo social e como a ideia de vitimizar o criminoso tem o objetivo de
defender não o criminoso, mas o potencial revolucionário. Quando ocorreu o
recrudescimento das manifestações na Venezuela no ano passado, centenas de presidiários
foram soltos para engrossar as guardas comunitárias bolivarianas. Márcia
Tiburi, “filósofa” e ex candidata à presidenta do Brasil, atualmente na França,
defendeu em uma das suas “obras” que o assalto tem lógica, um livro básico nos
cursos superiores de ciências humanas.
O desarmamento da população é uma pauta caríssima aos progressistas, mas vejam o que decidiu uma juíza da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: traficante de drogas ilícitas obtém absolvição por porte ilegal de arma sob a tese dele ter necessidade de portar uma arma para sua defesa pessoal. (Traficante de drogas é absolvido por portar arma para se defender dos concorrentes. (05.07.2016)
Reitero que parte da justiça brasileira, a que foi cooptada pelo progressismo, presta um desserviço à sociedade brasileira e se coloca como cúmplice do estado generalizado de violência que vivemos no Brasil.
O desarmamento da população é uma pauta caríssima aos progressistas, mas vejam o que decidiu uma juíza da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: traficante de drogas ilícitas obtém absolvição por porte ilegal de arma sob a tese dele ter necessidade de portar uma arma para sua defesa pessoal. (Traficante de drogas é absolvido por portar arma para se defender dos concorrentes. (05.07.2016)
Reitero que parte da justiça brasileira, a que foi cooptada pelo progressismo, presta um desserviço à sociedade brasileira e se coloca como cúmplice do estado generalizado de violência que vivemos no Brasil.
Um certo dia, estou convicta, os jovens das periferias
urbanas vão compreender o círculo vicioso do crime em que deliberadamente a
esquerda os aprisionou e os impediu de progredir intelectualmente e
economicamente. A tóxica política progressista/socialista os fez escravos do
crime, das drogas e da violência que financia a política podre da esquerda
nacional. Isso nada tem de glamoroso – bandidos sempre serão vistos como os
fora da lei pela sociedade e jamais terão reconhecimento algum. Todos vão
morrer precocemente e perderão a oportunidade de viver uma vida plena por causa
de um delírio ideológico. O progressismo é um movimento político que se
alimenta dos ilícitos, da disseminação do ressentimento, da mentira, da
vingança e do autoritarismo. Uma lástima que tenhamos tido essa experiência no
Brasil.
Fontes:
GEREMEK, Bronislaw. La lutte contre le vagabondage à Paris aux XIV et XV Siêcles. In: Ricerche storicbe ed economiche in memoria di Corrado Barbagallo. Napoli, 1970.
HOBSBAWM, Eric. Les Bandits. Paris, 1972.
GEREMEK, Bronislaw. La lutte contre le vagabondage à Paris aux XIV et XV Siêcles. In: Ricerche storicbe ed economiche in memoria di Corrado Barbagallo. Napoli, 1970.
HOBSBAWM, Eric. Les Bandits. Paris, 1972.
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