Renata
Agostini e Leonencio Nossa
Generais
atuam com quase 30 equipes temáticas que trabalham, em Brasília, na formulação
do plano de governo do candidato do PSL; Heleno é o ‘comandante-geral’
Um grupo de fiéis aliados egressos das Forças Armadas, liderados por
três generais do Exército, vem ampliando seu espaço de influência na campanha
de Jair Bolsonaro (PSL). Equipes temáticas, especialmente da área de
infraestrutura, que estavam sob comando do economista Paulo Guedes, no Rio,
estão sendo integradas aos debates conduzidos pelos generais.
Com isso, parte das discussões passou para a órbita de Oswaldo
Ferreira, um dos homens fortes do grupo de Brasília. Esse time, que foi montado
por Bolsonaro no início do ano, é composto por generais de sua confiança.
Ex-chefe da missão de paz da ONU no Haiti, o general Augusto Heleno desfruta de
grande proximidade com Bolsonaro, é conselheiro para assuntos de segurança e
defesa e tem atuado em temas de relações exteriores. Ferreira e Aléssio Ribeiro
Souto completam o grupo de generais que coordenam debates técnicos sobre
diversas áreas do eventual governo.
O movimento é visto dentro da campanha como natural, já que havia
grupos diferentes trabalhando em sugestões para as mesmas áreas simultaneamente
nas duas cidades. Guedes segue mantendo forte liderança sobre os economistas e
especialistas civis que discutem no Rio as diretrizes econômicas de um possível
governo Bolsonaro. Esses colaboradores repetem que ele tem a palavra final.
Alguns se referem a Guedes até como “chefe”.
Os generais em Brasília trabalham a partir da direção apontada por
Guedes, que mira em corte de gastos e enxugamento da máquina pública. Não há,
contudo, hierarquia entre os generais e o coordenador do programa econômico. Os
generais, que trabalham numa sala alugada no subsolo de hotel quatro estrelas
de Brasília, respondem diretamente a Bolsonaro.
Lá, eles têm a contribuição de pesquisadores e de militares de outras
patentes, como um brigadeiro e coronéis da Aeronáutica e do Exército. Ao total,
são quase 30 equipes temáticas envolvidas na elaboração do programa de governo,
em discussões sobre educação e gestão de tecnologia.
Com relação de longa data com o candidato do PSL, Heleno é em quem
Bolsonaro mais confia. É uma relação de pai e filho, descrevem pessoas próximas
aos dois. Eles se conheceram ainda nos anos 1970, quando Bolsonaro era cadete
na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e Heleno, um tenente que treinava
a equipe de pentatlo. “Era um aluno esforçado”, lembra o general.
A relação ficou mais próxima após o impeachment de Dilma Rousseff, em
2016. Em abril do ano passado, em entrevista ao Estado, Bolsonaro afirmou que
Heleno ocuparia em seu governo a posição que quisesse.
Em julho, durante viagem de pré-campanha a Marabá e Parauapebas,
decidiu que Heleno, que o acompanhava, seria o candidato a vice em sua chapa. O
PRP, partido de Heleno, não quis a parceria e o candidato acabou escolhendo
para o posto Hamilton Mourão – que conhece há décadas, chegou a ser seu
comandante no Exército, mas tem causado embaraços à campanha. Heleno vem sendo
cotado para chefiar o Ministério da Defesa, mas tem mostrado influência em
outras áreas, como relações exteriores.
Mais discreto e despojado dos oficiais da reserva que estão na
campanha de Bolsonaro, o general Oswaldo Ferreira, ex-chefe do Departamento de
Engenharia e Construção do Exército, foi levado para a campanha a convite de
Bolsonaro, mas aceitou a missão somente após assegurar que Heleno, por quem
nutre grande admiração, estaria no time.
Transportes. Ferreira é colega de turma e amigo de Mourão, mas hoje
tem papel mais estratégico na campanha que o vice. Ele vem sendo apontado como
um nome forte para assumir a pasta dos Transportes ou a coordenação de governo.
Ex-chefe do Centro Tecnológico do Exército, o general Aléssio lidera
discussões sobre educação, ciência e tecnologia. Foi levado para a campanha por
Ferreira, com quem atuou no Departamento de Engenharia e Construção quando
ambos eram coronéis.
Encontraram-se casualmente no início do ano, após anos sem contato.
“No meio militar, a gente passa 20 anos sem se ver, mas somos amigos, porque
temos em comum a cor da pele emblematizada na roupa”, diz.
As propostas devem servir a mais de uma pasta em um governo Bolsonaro,
que tem no radar os ministérios da Educação, Esporte e Cultura e outro de
Ciência, Tecnologia e Comunicações.
O
Estado de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário