Fernão Lara Mesquita
(*)
Estive segunda-feira, 19, em Belo Horizonte para o 7º Fórum Liberdade e Democracia do Instituto de Formação de Líderes. Bom ver empresários investindo tempo, dinheiro e competência não só para melhorar o Ebitda do próximo exercício mas para tornar o meio ambiente intelectual e institucional brasileiro tão acolhedor para o empreendedorismo, a inovação e a criação de empregos e riqueza quanto já foi quando crescíamos mais que o resto do mundo.
(*)
Estive segunda-feira, 19, em Belo Horizonte para o 7º Fórum Liberdade e Democracia do Instituto de Formação de Líderes. Bom ver empresários investindo tempo, dinheiro e competência não só para melhorar o Ebitda do próximo exercício mas para tornar o meio ambiente intelectual e institucional brasileiro tão acolhedor para o empreendedorismo, a inovação e a criação de empregos e riqueza quanto já foi quando crescíamos mais que o resto do mundo.
Reconfortante
reencontrar um Brasil preocupado em “cultivar”, conceito que para além do de
plantio embute o de educação para o melhoramento de “sementes” e o bom
desenvolvimento delas, depois desses anos todos de usurpação da cena pelo “extrativismo
selvagem” desses personagens sinistros da beira da economia privada que encosta
na politicalha para assaltar o Estado e submeter a Nação pela corrupção.
Não ha
outro caminho senão um esforço metódico de reeducação promovido pelo Brasil que
presta para reconstruir sua identidade perdida e retomar o protagonismo para
reerguer o país do tsunami de amoralidade em que se afogou.
Por todo
o medo misturado a encantamento que despertam era inevitável que num evento
sobre “Liberdade de Escolha na Era da Inovação” as novas tecnologias, neste
limiar da conquista da autonomia do seu próprio desenvolvimento futuro com o
advento da inteligência artificial predominassem nas apresentações. A “liberdade
de escolha” ficou como de fato está no mundo do aqui e agora: no segundo plano
a que a relegou a inexorabilidade dessa revolução para a geração “que
testemunhará a morte da morte pelo desenvolvimento da medicina e da biogenética
em menos de 30 anos” e passará a “viver para sempre” numa ainda indefinível
conjuntura da qual estarão ausentes todas as estruturas conhecidas de produção
e de trabalho…
...ausentes
estas mas com certeza não, é bom não esquecer, a eterna força de corrupção que
“O Poder” exerce sobre nossa espécie…
Ha muita
confusão no ar. O fato da tecnologia estar provocando a “disrupção” dos poderes
do Estado Nacional não é uma notícia tão boa como pode parecer à primeira vista
para todos quantos têm bons motivos para festejar a queda dos seus antigos
algozes. Esses poderes estão apenas sendo substituídos por outros ainda mais
amplos. A tecnologia muda muita coisa mas não muda a natureza humana. E a única
que não tem visto qualquer desenvolvimento desde a sua versão “ponto3” que data
de 1776 (Atenas, Roma, Inglaterra/EUA) é a que trata de manipular essa natureza
para permitir ao homem proteger o homem do homem, dita “democracia”. Nada
melhor foi inventado ainda.
Acontece
que a liberdade se materializa, dentro das sociedades economicamente orientadas
em que nos congregamos, essencialmente nas nossas dimensões de produtores e
consumidores. Nada da vasta coleção de “direitos” que se abrigam por baixo do
grande chapéu da “cidadania” se transforma em realidade palpável se não houver
um grau suficientemente amplo de opções de livre inserção e mobilidade nos
universos do trabalho e do consumo.
Isso é
ponto pacífico, conforme já ficou provado com rios de lágrimas e sangue, mas
não é tudo.
Tendo
assumido a forma que lhe deu a elite intelectual do Iluminismo que emigrou para
o “Novo Mundo” em função do “milagre” da disseminação da propriedade da terra
em pleno feudalismo europeu que a “descoberta” da América ao norte da nossa
proporcionou, a História permite afirmar com segurança que a “democracia.3” foi
antes a resultante que a causadora daquele inédito processo de distribuição de
riqueza. O processo de reconcentração da propriedade chegou, entretanto,
ao auge nos Estados Unidos da virada do século 19 para o 20. Para salvar da
morte o capitalismo que a democracia engendrou pela retirada do apoio popular
que teve durante a fase de aumento da riqueza coletiva, a legislação antitruste
foi adicionada à receita original. Essa reforma estabeleceu, agora formalmente,
a preservação das liberdades essenciais de escolher um trabalho e negociar
preços justos com uma multidão de fornecedores sem as quais nenhuma outra se
estabelece como o “Valor nº 1” do sistema, acima até das conquistas do
indivíduo pelo merecimento que definem a revolução americana.
Só que a
diluição da “democracia.3” no oceano sem fim da miséria dos egressos do
socialismo que a internet derramou da Ásia para os mercados de trabalho e de
consumo planetários a partir dos anos 80 do século 20, agora sem leis nem
fronteiras, empurrou o que foi o capitalismo democrático de volta para a
competição sem limites que tende aos monopólios e quase o matara um século
antes.
A sinuca
sintetizada na alternativa “crescer ou morrer» é de longe o maior desafio que a
causa da liberdade já enfrentou. Se Estados Nacionais desenfreados como o
brasileiro têm o poder de dar ou tirar a condição de sobrevivência econômica do
indivíduo, as gigantescas entidades globais que as novas ferramentas
engendraram e engolem tudo à sua volta em escala planetária e à força de
bilhões terão amanhã, como demonstraram muito convincentemente os entusiastas
das novas tecnologias no evento de Belo Horizonte, o poder de prover ou negar
até a vida eterna a quem lhes interessar possa.
Foi
sempre complicada essa história de homens que, por não serem anjos, requerem
ser governados por outros homens que não são anjos de que falava James Madison.
Agora que é de toda a humanidade que se trata não ficou mais fácil. Mas tanto a
doença quanto o remédio continuam sendo os mesmos de sempre: “democracia“, com
pesos e contrapesos, na economia inclusive e principalmente.
O
consolo para os últimos da fila, como nós, é poderem sempre copiar o que já
está feito e deu certo como fizeram os japoneses, os coreanos e estão fazendo
os chineses, e passar voando por cima dessa anacrônica miséria a que nos
deixamos reduzir para nos juntarmos ao resto da humanidade no enfrentamento
apenas dos problemas que ainda não se sabe como resolver. Basta quere-lo o
bastante.
Vespeiro
(*)Comentário do blog: No Brasil existe um problema, desde antes das esquerdas terem voz ativa: chama-se governo. Nossas elites, também as de direita, são pródigas em se servir dos cofres públicos.
Antes do
comunismo ser implantado na Rússia, 1917, já trabalhávamos para sustentar o
governo como fim em si mesmo, sem ainda os esquerdistas colocando em prática
suas aberrações. Claro que, com eles no poder, tivemos que trabalhar dobrado
para sustentá-los também.
Antes de
nos fixarmos apenas na irracionalidade da esquerda, seja como governante ou
apenas pelas suas idéias sem nexo, temos que aceitar que nossos "liberais"
não são muito melhores. Chegaremos mais facilmente à soluções, se aceitarmos
esta verdade.(MBF).
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