Martim Berto Fuchs
De um
lado o socialismo. Do outro, o liberalismo. Se acabar com o liberalismo, o
socialismo afunda sozinho. Se acabar com o socialismo, o liberalismo também
afunda. Afundam por razões diferentes, mas nenhum dos dois sobrevive sem o
outro.
Sem a participação
da produção pela iniciativa privada, não haverá quem sustente a sociedade socialista. Por um tempo esta comunidade pode ser contida pela força,
mas chegará um momento em que ela se rebelará e destruirá a classe
dirigente, que hipocritamente se diz responsável pelo bem-estar da maioria,
quando só cuida do seu próprio bem-estar, e de manter o povo no cabresto.
Sem o
socialismo para frear os ímpetos liberais, eles largarão meio mundo à deriva, tipo
papel higiênico: usou joga fora. O mundo ideal dos liberais se resume aos ricos
e a classe média, sendo a base da pirâmide, os dotados com mais força física
do que cérebro, apenas um mal necessário. Uma sociedade só de liberais, também só
se manterá pelo direito da força, uma vez que a força do direito hoje
existente, se mantém pelo equilíbrio que os socialistas, com suas atitudes,
impõem. Sem ele, o liberalismo se torna autoritário, escravocrata, impondo-se pela força.
Desde
Adam Smith que a falácia dos liberais existe. Ele mesmo criticava o
mercantilismo existente na época com suas teorias e práticas, mas o que o os ditos liberais fizeram, foi acoplar as práticas mercantilistas ao nascente liberalismo/capitalismo.
A bem da
verdade, o liberalismo acrescentou outras mercadorias às idéias mercantilistas de
acumulação de ouro e prata, dando também à elas um valor até então pouco
considerado. Aliás, foram as outras mercadorias que acabaram se impondo no
comércio mundial; comprar matéria-prima de outros países, colônias, industrializá-las (maquinaria +
mão-de-obra) e vender o produto daí resultante por diversas vezes o valor de compra
da matéria-prima; tudo financiado pelo capital acumulado na exploração das colônias e países fora da Europa ocidental, já desde o século 14.
Da transição
do mercantilismo para o mercantilismo/liberalismo/capitalismo, a mão de obra de
pouca qualificação, mas indispensável para o sucesso das empresas, continuou sendo
explorada até o limite. Para ela pouco mudou. Só começou a mudar com o advento
do trabalhismo.
O
trabalhismo, inglês, como contra-ponto ao liberalismo, na atuação dos recentes sindicatos de trabalhadores, começou a dar um basta aos excessos
cometidos pelos empresários do século 19. Foi uma longa batalha, que só teve
sucesso no fim do século, já nos EUA, quando foi criada a AFL-Federação
Americana do Trabalho, que possibilitou o surgimento da classe média, defendida
na prática, depois, por Henri Ford.
Além do
trabalhismo, que triunfou com seus sindicatos no seio do regime capitalista,
surgiram diversas versões socialistas, que simplesmente não vingaram, mas
tiveram o demérito de desvirtuar, pelo menos no Brasil, o sindicalismo laboral.
E não vingaram nem vingarão, por partirem da premissa de que o ser humano é um
ser coletivo e não individual, e que por isso pode ser educado, tratado e conduzido como
manada. Sem contar a introdução da produção, comercialização e transporte, por
meio do Estado, o que garante o fracasso.
De tudo
isto resta uma lição:
1.A
produção tem que estar, primordialmente, nas mãos da iniciativa privada.
2.O
resultado extra e indispensável desta produção, o LUCRO, uma vez pagos os salários de acordo
com o trabalho que couber à cada um, tem que ser dividido entre capital e
trabalho, em partes iguais.
O
socialismo, produção, comercialização e transporte nas mãos do Estado, somente se
mantém à tona se for sustentado por empresas capitalistas da iniciativa
privada. Ele sozinho não se sustenta.
Empresas da iniciativa privada,
enquanto não dispensarem tratamento justo à toda mão-de-obra, qualificada ou
não, não se livrará do socialismo. Os dois são lados da mesma moeda.
EUA. Não
adianta ir produzir primeiro no México, enquanto servido por mão-de-obra
escrava, e depois no sudeste asiático, e deixar o próprio povo desempregado e à
deriva. Esta política desumana e burra,
fez com que pela primeira vez um socialista - Bernie Sanders - chegasse perto de ser indicado
candidato à Presidência pelo Partido Democrata, para estas eleições de 2016. Deveria
servir de alerta.
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