Martim Berto Fuchs
A quase
totalidade dos artigos postados diariamente analisa os efeitos, ou seja, o que
está acontecendo. São poucos os que analisam as causas que os geraram e que
acabou nessa desgraça que se abateu sobre o Brasil, com os anos em que a chave
do cofre esteve nas mãos dos esquerdistas, ou, como eles gostam de ser
chamados, bolivarianos, ou desenvolvimentistas, ou heterodoxos, ou até, de
democratas.
Entre
aqueles poucos que pedem insistentemente uma nova concepção de governança, com tudo que isto quer dizer, e não
apenas alguns remendos nesta colcha já toda retalhada, estes incluem a proposta
de candidatos independentes.
Que o
nosso sistema político esteja completamente desgastado é um fato. Mas que além
dos partidos políticos, a inclusão de candidatos independentes seja uma solução,
é uma triste ilusão.
No
quadro abaixo podemos ver os resultados alcançados pelos candidatos
independentes nos EUA desde 1980.
1980
|
|||
Partido
|
Candidato
|
Votos
|
%
|
Republicano
|
43.903.230
|
50,75%
|
|
Democrata
|
35.480.115
|
41,01%
|
|
91,76%
|
|||
Independente
|
5.719.850
|
6,61%
|
|
1992
|
|||
Democrata
|
44.909.806
|
43,0%
|
|
Republicano
|
39.104.550
|
37,4%
|
|
80,4%
|
|||
Independente
|
19.743.821
|
18,9%
|
|
2004
|
|||
Republicano
|
58 110 151
|
50,73%
|
|
Democrata
|
54 577 481
|
48,27%
|
|
99,0%
|
|||
Independente
|
465 650
|
0,38%
|
|
2008
|
|||
Democrata
|
69 456 897
|
52,9%
|
|
Republicano
|
59 934 814
|
45,7%
|
|
98,6%
|
|||
Independente
|
657 389
|
0,5%
|
Além das
votações dos candidatos independentes serem inexpressivas, salvo Ross Perot em
1992, devemos atentar para outro fator. Se
vencer, não governa. É inconcebível num sistema baseado em partidos
políticos, tendo um Congresso dominado pelos partidos, um candidato
independente conseguir governar. Governar com apoio de quem ? Apoio comprado,
típico da política brasileira ?
Nos EUA
estão registrados 71 partidos políticos, inclusive partidos comunistas e
socialistas, sem contar os candidatos independentes, que para as eleições deste
ano já passam de 1500.
Isto
mesmo. 71 partidos políticos e mais de 1500 candidatos independentes à
Presidência, isto é, sem estarem filiados a nenhum partido político.
Que me
perdoem os apoiadores de partidos políticos e também de candidatos
independentes, mas copiar o que acontece nos EUA como nova proposta para o
sistema eleitoral brasileiro, é um despropósito, e não leva a nada melhor do
que temos hoje. Isto mais parece a nossa corrida de São Silvestre, que tem o
pelotão da frente, onde estão os candidatos à vitória, e depois, bem depois,
tantos quantos queiram se divertir e posar para “selfies”, registrando o acontecimento.
Democracia,
poder do povo, não precisa mais de partidos políticos, mas também não de
milhares de candidatos para Presidente. E não serão as pessoas que se oferecerão,
para não dizer impor-se, aos eleitores. No conceito que tenho de democracia,
tem que ser os eleitores que escolherão quem será candidato à que, sem
imposição de ninguém.
O Brasil
tinha em 2014, 141.824.607 de
eleitores. Destes, não sei quantos são analfabetos, mas estarão fora, até
aprenderem a ler e escrever. Dos aptos para votar, 256.352 serão eleitos,
sendo:
- UM será Presidente
da República,
- 14 serão Primeiros-Ministros,
- 27 serão
Governadores,
- 378 serão Primeiros-Secretários
Estaduais e concomitantemente Deputados Federais,
- 1932 serão
Primeiros-Secretários Regionais e concomitantemente Deputados Estaduais,
- 2000 serão
Prefeitos,
- 28.000 serão
Primeiros-Secretários Municipais e concomitantemente Deputados Regionais,
- 224.000 serão
Vereadores, ou Conselheiros Municipais, recebendo estes como salário apenas o jetom
por sessão participada. Quem não
gostar, não precisa se candidatar. Ninguém estará implorando por isso.
Todos democraticamente
escolhidos e eleitos. Todos selecionados pelos eleitores alfabetizados, isto depois
de sabatinados e aprovados pela Justiça Eleitoral numa Prova de Qualificação,
sem falar da Ficha Limpa.
Com certeza os
eleitores não analfabetos saberão escolher nomes melhores do que aqueles que
hoje nos são apresentados como candidatos dos partidos políticos. Pelo menos
não irão para a cadeia antes do pleito, nem precisarão ser “absolvidos na marra”
pelos “juízes” por eles indicados.
Nem precisarão vender
a alma ao capeta para serem candidatos, quando então começam exercendo o
mandato já devendo uma vela para cada “santo”. E, como sabemos, eles tem que
pagar e pagam (Lei da Máfia); apenas que com nosso dinheiro. E ao pagarem,
cobram “comissão”, comissão esta depositada nas suas contas na Suíça, previamente
abertas.
Sair
desta podridão é opção nossa.
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