quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Candidatos independentes

Martim Berto Fuchs

A quase totalidade dos artigos postados diariamente analisa os efeitos, ou seja, o que está acontecendo. São poucos os que analisam as causas que os geraram e que acabou nessa desgraça que se abateu sobre o Brasil, com os anos em que a chave do cofre esteve nas mãos dos esquerdistas, ou, como eles gostam de ser chamados, bolivarianos, ou desenvolvimentistas, ou heterodoxos, ou até, de democratas.

Entre aqueles poucos que pedem insistentemente uma nova concepção de governança, com tudo que isto quer dizer, e não apenas alguns remendos nesta colcha já toda retalhada, estes incluem a proposta de candidatos independentes.

Que o nosso sistema político esteja completamente desgastado é um fato. Mas que além dos partidos políticos, a inclusão de candidatos independentes seja uma solução, é uma triste ilusão.

No quadro abaixo podemos ver os resultados alcançados pelos candidatos independentes nos EUA desde 1980.

1980
Partido
Candidato
Votos
%
Republicano
43.903.230
50,75%
Democrata
35.480.115
41,01%



91,76%
Independente
5.719.850
6,61%
1992
Democrata
44.909.806
43,0%
Republicano
39.104.550
37,4%



80,4%
Independente
19.743.821
18,9%
2004
Republicano
58 110 151
50,73%
Democrata
54 577 481
48,27%



99,0%
Independente
465 650
0,38%
2008
Democrata
69 456 897
52,9%
Republicano
59 934 814
45,7%



98,6%
Independente
657 389
0,5%

Além das votações dos candidatos independentes serem inexpressivas, salvo Ross Perot em 1992, devemos atentar para outro fator. Se vencer, não governa. É inconcebível num sistema baseado em partidos políticos, tendo um Congresso dominado pelos partidos, um candidato independente conseguir governar. Governar com apoio de quem ? Apoio comprado, típico da política brasileira ?

Nos EUA estão registrados 71 partidos políticos, inclusive partidos comunistas e socialistas, sem contar os candidatos independentes, que para as eleições deste ano já passam de 1500.
Isto mesmo. 71 partidos políticos e mais de 1500 candidatos independentes à Presidência, isto é, sem estarem filiados a nenhum partido político.

Que me perdoem os apoiadores de partidos políticos e também de candidatos independentes, mas copiar o que acontece nos EUA como nova proposta para o sistema eleitoral brasileiro, é um despropósito, e não leva a nada melhor do que temos hoje. Isto mais parece a nossa corrida de São Silvestre, que tem o pelotão da frente, onde estão os candidatos à vitória, e depois, bem depois, tantos quantos queiram se divertir e posar para “selfies”, registrando o acontecimento.

Democracia, poder do povo, não precisa mais de partidos políticos, mas também não de milhares de candidatos para Presidente. E não serão as pessoas que se oferecerão, para não dizer impor-se, aos eleitores. No conceito que tenho de democracia, tem que ser os eleitores que escolherão quem será candidato à que, sem imposição de ninguém.

O Brasil tinha em 2014, 141.824.607 de eleitores. Destes, não sei quantos são analfabetos, mas estarão fora, até aprenderem a ler e escrever. Dos aptos para votar, 256.352 serão eleitos, sendo:

- UM será Presidente da República,
- 14 serão Primeiros-Ministros,
- 27 serão Governadores,
- 378 serão Primeiros-Secretários Estaduais e concomitantemente Deputados Federais,
- 1932 serão Primeiros-Secretários Regionais e concomitantemente Deputados Estaduais,
- 2000 serão Prefeitos,
- 28.000 serão Primeiros-Secretários Municipais e concomitantemente Deputados Regionais,
- 224.000 serão Vereadores, ou Conselheiros Municipais, recebendo estes como salário apenas o jetom por sessão participada. Quem não gostar, não precisa se candidatar. Ninguém estará implorando por isso.

Todos democraticamente escolhidos e eleitos. Todos selecionados pelos eleitores alfabetizados, isto depois de sabatinados e aprovados pela Justiça Eleitoral numa Prova de Qualificação, sem falar da Ficha Limpa.

Com certeza os eleitores não analfabetos saberão escolher nomes melhores do que aqueles que hoje nos são apresentados como candidatos dos partidos políticos. Pelo menos não irão para a cadeia antes do pleito, nem precisarão ser “absolvidos na marra” pelos “juízes” por eles indicados.
Nem precisarão vender a alma ao capeta para serem candidatos, quando então começam exercendo o mandato já devendo uma vela para cada “santo”. E, como sabemos, eles tem que pagar e pagam (Lei da Máfia); apenas que com nosso dinheiro. E ao pagarem, cobram “comissão”, comissão esta depositada nas suas contas na Suíça, previamente abertas.

Sair desta podridão é opção nossa.


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