Fernando Rossit
Certa
vez, eu, Sr. Rubens e mais dois amigos, encontrávamos-nos em frente do Kardec
conversando sobre assuntos diversos. A reunião pública do domingo havia
terminado e todas os frequentadores já tinham se ausentado.
Estávamos
nos despedindo quando um carro em alta velocidade parou e dois jovens que
estavam na frente do veículo desceram assustados, pedindo socorro ao amigo que
estava deitado no banco de trás. Paulo (nome fictício) apresentava todas as
características de forte embriaguez. Não conseguia sequer articular palavras e
quando tentava eram ininteligíveis.
Seus
amigos nos informaram que ele viera de São Paulo passar o feriado prolongado
daquela semana em Rio Preto e que, de repente, ficara embriagado. Que Paulo, em
desespero e com muita dificuldade, havia lhes dito para procurar um Centro Espírita.
E lá estavam buscando socorro.
Sr.
Rubens pediu aos rapazes que o carregassem (sim, porque Paulo não conseguia
ficar em pé e andar) até à sala de passes para o atendimento. Foi penoso ver
aquele jovem naquela situação. Seus amigos quase não conseguiram retirá-lo do
assento de trás do carro, pois Paulo não conseguia levantar-se sozinho e se
encontrava quase sem consciência.
Nesse
momento eu perguntei ao Sr. Rubens se poderíamos acompanhá-los a fim de
colaborarmos nos passes. Sr. Rubens agradeceu e disse que cuidaria sozinho do
caso.
Desceram,
então, Sr. Rubens, Paulo e seus dois amigos carregando Paulo até a sala de
passes.
Eu e os
demais trabalhadores continuamos à frente do Kardec aguardando o desfecho bem
como a postos para qualquer ajuda ao caso.
Dez
minutos se passaram….. Após o afastamento temporário da entidade, Paulo e Sr.
Rubens aparecem conversando descontraidamente como se nada houvera acontecido.
Surpreendeu-me o novo estado do jovem.
Apresentava-se,
agora, como todos nós, sem apresentar qualquer sintoma de embriaguez.
Articulava perfeitamente as palavras com total lucidez e explicava seu caso.
Estava
sendo atendido por uma casa espírita de São Paulo. O Espírito que o assediava
era alcoólatra e todas as vezes que se ligava mais fortemente a ele, médium
natural, apresentava todos os sintomas da embriaguez. Não conseguia, ainda,
dominar a ação do obsessor.
Sr.
Rubens, então, orientou-o e, dentre outras recomendações, disse que ele não
podia em hipótese alguma ingerir bebida alcoólica.
Nesse momento
os dois jovens que o acompanhavam disseram que ele havia tomado apenas meio
copo de cerveja quando caiu no chão e apresentou aquele quadro.
Mas
Paulo não podia ingerir qualquer quantidade de álcool, mesmo que diminuta, um
gole sequer, pois imediatamente estabelecia a sintonia com a entidade
espiritual. O álcool funcionava como uma espécie de “gatilho” para a ação da
entidade.
Os
jovens se despediram agradecendo a ajuda e foram embora alegres e aliviados.
Até
aquele momento eu não havia presenciado algo parecido. Sabia, através de
relatos, que os médiuns umbandistas, sob ação de algumas entidades, bebiam
garrafas inteiras de pinga e quando saíam do transe nada sentiam. Era como se
tivessem ingerido água.
No caso
de Paulo, ocorria o inverso. Mesmo sem ingerir álcool ele “ficava embriagado”
porque o espírito que o assediava era alcoólatra e se satisfazia absorvendo os
vapores da bebida através de encarnados afins, que encontrava facilmente em
bares e outros locais. Quando se aproximava e conseguia sintonia com Paulo, já
se encontrava “bêbado”, deixando o médium com todas as sensações e aparências
da embriaguez.
Tratava-se
de um caso de subjugação espiritual, caso avançado de obsessão.
Como nos
ensina Kardec: “A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce
sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples
influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação
completa do organismo e das faculdades mentais”.
Vinhas de Luz
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