Percival Puggina
Em plena Semana da Pátria (05/09) os brasileiros
foram agraciados com um artigo de Luiz Fernando Veríssimo cujo destaque vem do
instigante título “É Guerra”. Ao lê-lo – a imaginação nos proporciona tais
deleites – visualizei o cacique Veríssimo, vestindo tanga de penas, rosto
tisnado em vermelho e preto, de jenipapo com fuligem e urucum, preparado para o
combate. Aparentemente ao menos, na opinião do belicoso cronista, o Brasil
tomado pela bandidagem no longo reinado petista era um paraíso de amor e paz que
está sendo arrasado pelos “morteiros verbais” de Jair Bolsonaro.
Bom humorista, que fica engraçadíssimo quando escreve
sério, Veríssimo não deixa dúvidas sobre suas intenções, nem sobre a
necessidade de arregimentar tribos. É aos estudantes, então, que soa seu
tambor. É aos eternos manipulados do partidão. Há tanto tempo transformaram a
UNE em embaixada do comunismo mundial que Fidel Castro – pasmem – é seu
patrono. Por que a eles? Porque para a dança de bate-pés do cronista gaúcho, os
brilhantes estudantes brasileiros irão emburrecer com os cortes de verbas
introduzidos pelo governo federal por demanda da tragédia econômica que a
irresponsabilidade fiscal e a corrupção causaram ao país.
E vai em frente conclamando à luta: “Temos de esquecer
nossas diferenças e nos concentrarmos nessa verdade nua e crua: que isso não é
um país, isso é uma zona de guerra. E eles atiraram primeiro.” Na sequência,
afirma, na contramão de todas as evidências, que o sistema educacional é o
primeiro sacrificado “com ataque frontal à inteligência” onde quer que “o
mercado derrote o bom senso” (deve vir daí o atraso de todos os países
capitalistas e a prosperidade dos comunistas). Quanta superficialidade é
necessária para produzir tal manipulação? E como é bela a liberdade que nos permite
conhecer os lados mais escuros do pensamento alheio, sempre impedido de
manifestação nos regimes que tanto agradam a L.F. Veríssimo!
Por falar em recantos escuros, sob o título “Sol negro no
céu da Pátria”, Mário Sérgio Conti publicou (na Folha, claro), um artigo no
próprio 7 de setembro, em que o grito de guerra de Veríssimo ganha contornos
tétricos.
Definitivamente, Mario Sérgio não consegue ser engraçado.
Aliás, não consegue sequer articular um sorriso que se tome como legítimo. O
artigo começa citando Benjamin Kunkel, um novelista norte-americano que migrou
da literatura para a economia marxista. No trecho escolhido a dedo pelo
colunista da Folha, Kunkel, com candura tipicamente leninista, lastima não
haver, a facada desferida em Bolsonaro, concluído sua tarefa assassina.
Afinal, a escolha seria entre o pulmão de Bolsonaro e o
pulmão do planeta.
Tudo errado, impreciso e superficial, mas o intuito
belicoso, tétrico, é escandalosamente explícito.
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