Maurício
Waissman
Qualquer iniciativa de organização político cultural, ou
seja, militância de base, corpo a corpo, rua a rua, bairro a bairro, só tem
sentido se houver a perspectiva em torno do projeto de plantar as bases para
uma futura constituinte dentro de uma década ou mais. O atual governo e atual
presidente, historicamente, representam a possibilidade de transição para uma
nova Constituição no futuro, com bases num novo pacto social, um que represente
de fato as pessoas de carne e osso.
O momento hoje é o de falsas institucionalidades, de uma
“Lei” deteriorada, que nada mais comunica à maioria, que se direciona para a
tirania com ares de instituições sólidas e outras baboseiras mais, que no fim,
apenas sedimentarão um Estado Socialista/Comunista internacionalista eterno e
ad infintum. O Olavo mencionou como prioridade a Soberania nacional num post de
hoje. Fica claro que a CF de 1988 é um design de Estado internacionalista, bem
no estilo p....teiro do mundo, e que aquilo que ali é estabelecido não veio,
assim, do nada. Forças internacionais já vislumbravam o experimento social que
foi o Brasil pós 1988, a concessão de TV à Rede Globo e a revolução
cultural/comportamental colocada em ação por ela não veio do nada ou do acaso.
Um movimento de base hoje, só tem sentido se tiver a
perspectiva de fazer do governo atual o link histórico para algo maior, que
deixe um legado para as próximas gerações. Sem isso, é continuar a brincar de
ir às ruas, reclamar da vida, brincar de xingar comunista na internet e ficar
no desabafo infantil.
Ou se pensa em fundar um novo país, em sermos
protagonistas de uma nova Constituição no futuro, ou então estamos enxugando
gelo com ciclos e mais ciclos de oportunistas surfistas da onda anti petista,
anti esquerdismo, etc.... Ou as pessoas se espelham nos Founding Fathers norte
americanos e no que eles vislumbraram naquele momento, ou é brincadeira e
micareta.
A geração da Dilma, do FHC, do Zé Dirceu, bem ou mal,
teve peito de gerar a pressão na atmosfera para que estourasse as Diretas Já e
houvesse a Constituinte de 1987, que gerou o país deles. Exatamente isso, eles
fundaram o país deles, só deles, um pacto social fake, de universitários e do
partidão do Prestes, com pequenas concessões a oligarquias míopes como o
carlismo, fazendeiros ruralistas e tipos que sempre se julgaram espertinhos
maquiavélicos.
Muitos dos que estão aqui hoje se perguntam como se deu
algo assim, como um grupelho de estudantes botou todo um país de joelhos e fez
uma Constituição só deles, desprezando a grande maioria da população
brasileira. A resposta está em ação, motivação, militância, boca a boca,
projeto de uma década ou mais, visão de poder e não mesquinharias do
fisiologismo. Eles, a geração dos anos 70, fizeram. Resta saber se a atual
direita vai viver a vergonha de não ser capaz de realizar algo, mesmo tendo
eleito um presidente a despeito de todos e tudo e tendo o apoio maciço da
maioria absoluta da população. Será uma vergonha como nunca vista, ter tido a
chance, mas não ter feito nada em nome das institucionalidades e servilidade a
uma Carta Constitucional completamente esvaziada de sentido, farisaica. A Lei
imoral, invertida, ou quando se torna braço da inversão de valores, é apenas a
reedição da simbologia que vemos no Evangelho.
A Soberania nunca foi um elemento da Carta
internacionalista de 1988. E ficar nessa de mera luta anti corrupção é ser
idiota útil demais para quem tem bom senso.
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