Universalismo
Crístico
Quando
assumiu no ano passado a direção da escola municipal Darcy Ribeiro, em São José
do Rio Preto (SP), o professor Diego Lima encontrou um quadro desolador.
Banheiros não tinham sequer o vaso sanitário, apenas um buraco no chão. Salas
de aula estavam imundas, com sinais de incêndio e vidros quebrados. Nos fundos,
mais de 300 mesas e cadeiras que haviam sido depredadas pelos alunos
permaneciam lá jogadas. Uma área do colégio ficava sempre trancada, pois fora
ocupada por traficantes, que escondiam cápsulas de maconha e cocaína em buracos
no muro do local.
“Os
alunos demonstravam sua insatisfação depredando a escola. Não gostavam de estar
aqui, sentiam vergonha, não tinham nenhuma sensação de pertencimento”, relembra
Diego. Sua primeira ação como diretor da escola foi conhecer melhor a
comunidade do bairro Santo Antonio, onde ela está localizada. Ele aplicou um questionário
a pais, alunos, funcionários e moradores do local para entender um pouco melhor
as necessidades e sonhos de cada um.
Diante
do cenário encontrado, ficou claro que era necessária alguma ação de impacto, e
urgente, para iniciar a mudança. A equipe da escola decidiu primeiramente que
ela passaria por uma reforma, para que os alunos fossem recebidos num ambiente
mais acolhedor. Diego enviou então um e-mail para várias escolas da
região que haviam passado por reforma, pedindo doação de sobras de tinta e
material de pintura. A prefeitura cedeu dois pintores, mas ainda era pouco.
Ao
final de janeiro de 2014, em vez de bilhetes, um carro de som circulou pelo
bairro chamando os pais para a entrega de materiais escolares. Uma aluna, ao
ver uma sala de aula já pintada, se emocionou e abraçou a inspetora. No dia
seguinte, essa inspetora já estava envolvida na pintura, num gesto que foi
seguido por outros funcionários.
“Começamos
a receber materiais e tintas de todas as partes das cidades, e alguns pais
pediam folga no trabalho para nos ajudar. Teve tanta gente envolvida que
conseguimos pintar a escola inteira”. No primeiro dia de aula, os
alunos foram recepcionados por toda a equipe no portão. Num telão, puderam ver
imagens de pais e funcionários da escola participando da pintura.
Para
estabelecer a partir daquele dia outras normas de convivência, os primeiros
dias de aula foram reservados para debater um novo regimento, com participação
ativa dos estudantes, com o foco na mediação de conflitos. Diego conta
que, por semana, havia uma média de 60 suspensões por indisciplina. Com frequência,
esses alunos suspensos acabavam evadindo, e houve ano em que mais de 200 de um
total de 1.100 abandonaram os estudos. Com o novo código disciplinar, as
suspensões acabaram, e, para evitar a evasão, a direção passou a procurar, um a
um, os jovens que começavam a faltar com frequência.
No
ano passado, apenas dois largaram os estudos.
Nesse
processo de transformação, a área antes ocupada pelo tráfico virou um jardim
que voltou a ser usado pelos alunos. A escola passou a realizar atividades
culturais nos finais de semana e nas sextas-feiras, dia em que a maioria dos
alunos faltavam. Nesses dias, o colégio se abre para a comunidade, e qualquer
morador do bairro pode se apresentar no projeto Prata da Casa.
Diego
foi um dos dez vencedores do Prêmio Educador Nota 10 (das fundações Victor
Civita e Roberto Marinho) e poderá ser escolhido Educador do Ano em novembro.
Se vai ganhar, pouco importa. Difícil imaginar prêmio maior para um professor
do que perceber que está fazendo, para valer, a diferença em favor de seus
alunos
Acesse
a notícia no link:
http://blogs.oglobo.globo.com/antonio-gois/post/professor-assume-colegio-em-bairro-violento-e-da-inicio-reviravolta-em-favor-dos-alunos.html
Reflexão
Quando
existe um envolvimento sério no âmbito social, econômico ou político, as
mudanças aparecem. Quando cruzamos os braços, esperando que as mudanças ocorram
em nosso benefício, estamos despertando a parte egoísta do nosso ser. Mudanças
ocorrem a todo instante e para que elas sejam transformadoras, vai depender
muito da boa vontade das pessoas de querer mudar para benefício não só
individual, mas em prol da coletividade. Devemos ser um verdadeiro agente de
mudanças, como dizia Mahatma Gandhi: “Você deve ser a mudança que você deseja
ver no mundo”.
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