Sérgio Alves de Oliveira
A tese ora desenvolvida será a de
que a vagabundagem tomou a si as rédeas do Brasil e vai levar muito tempo para
ser afastada, devido à omissão e traição à nação brasileira da única
força da sociedade que teria condições de destronar o bando de marginais
que se adonou dos Poderes do Estado, com fundamento no artigo 142
da Constituição.
As ideias socialistas e suas
ramificações que se desenvolveram mais fortemente a partir de Marx, no
Século XIX, nem chegaram à maturidade e já começaram a ser distorcidas
por pensadores como Antônio Gransci, o polêmico italiano cujo
“socialismo” (moralmente deturpado) mais teve influência nas esquerdas do
Brasil, e também junto ao próprio Foro San Pablo, fundado por Fidel
Castro e Lula, em 1990, que em última análise é quem dá as
diretrizes políticas (de esquerda) aos governantes brasileiros que chegaram ao
poder a partir de 2003.
Todavia a velha e batida guerra
entre o capital e o trabalho, alvo inicial do socialismo, que foi quem declarou
essa guerra - nem importa no momento se justa ou injustamente - na
nova versão “tupiniquim” deixou de ser o foco principal. Dessa “guerra”
acabou nascendo uma “filha”, ou seja , uma nova classe social
exploradora, que passou a ter como suas vítimas não mais só o
trabalho, como doravante o próprio capital.
Essa nova “casta” social que se
formou não é composta nem pelos donos dos meios de produção, nem pelos
trabalhadores. Como essa “casta” não é nada chegada ao trabalho, deve ter
chegado à conclusão que tanto uma classe (a dos trabalhadores), quanto a outra
(a dos titulares dos meios de produção) exigiria bastante trabalho
para satisfazer as próprias exigências econômicas da vida. De qualquer maneira,
esses novos “revolucionários” teriam que trabalhar, num ou noutro polo da
produção, seja como empregados ou patrões. Teria que ser feita uma enorme
“ginástica” para que essas duas classes (a dos trabalhadores e dos empresários)
se tornassem as novas escravas para sustentar a nova casta de exploradores,
agora do trabalho e também do capital.
E nem é preciso “gastar” muito o
raciocínio para que se chegue a essa conclusão. Basta verificar a enorme
parcela do Produto Interno Bruto-PIB que é retirada para alimentar a fome
insaciável de tributos que a sociedade civil tem que pagar para os governos
federal, estaduais e municipais,que anda beirando os 40% do PIB, tornando
o Brasil o pais com a mais elevada carga tributária do mundo, considerando o
“quantum” de retorno à sociedade em benefícios.
É exatamente dos tributos que é retirado
o “alimento” que enche os bolsos dos políticos e burocratas
governamentais espalhados como pragas daninhas em toda a máquina estatal
,da União, Estados e Municípios. Então a grande pergunta que se impõe é
saber qual a participação desses parasitas estatais na constituição do PIB?
Certamente nenhuma.
Mas se a pergunta se inverter, ou
seja, quanto essa “tchiurma” acaba embolsando dos 40% que os governos retiram
do PIB? Sem dúvida é grande esse percentual, mesmo considerando somente os
ganhos lícitos, e muito mais se somados os ilícitos da corrupção astronômica
que grassa no serviço público.
Porém a maior de todas as perdas
para a sociedade não está no fato desses burocratas estatais darem
contribuição igual a “zero” para o PIB, porém na ação nociva que
exercem a partir dos seus gabinetes e que obstaculizam um PIB que poderia ser
muito maior, não fossem as dificuldades burocráticas e o emperramento da
máquina estatal que tanto dificultam a produção econômica. A
verdade é que se gasta mais energia do trabalho humano tentando afastar
as dificuldades e burocracias impostas pelo Estado, do que produzindo
propriamente dito.
Mas esses desvios dos tributos
arrecadados (40% do PIB) não ficam restritos aos beneficiários trabalhadores
formais do serviço público. Deles se beneficiam também uma
infinidade de organizações ligadas aos trabalhadores, sindicatos, movimentos
disso e daquilo( dos Sem Terra e outros “sem”),enfim um enorme elenco de
organizações, até mesmo clandestinas,explorando e vivendo às custas dos
produtores do PIB, trabalhadores e empresários.
Essa nova “elite” de
não-trabalhadores, os novos patrões, que explora tanto o capital, quanto o
trabalho, concorre com os especuladores, rentistas, banqueiros e outros
sanguessugas da economia, que também nada produzem e só exploram o
capital financeiro, e que acabam consumindo a maior parte da arrecadação
tributária e do suor da sociedade. Está aí o império da vagabundagem dando as
diretrizes ao Brasil e escravizando os dois segmentos da produção
econômica, o capital produtivo e o trabalho, numa modalidade ainda
não conhecida no mundo.
Interessante ainda é observar que
são atraídos tanto para a vida sindical, quanto para a vida na política,
principalmente os “trabalhadores” que nunca gostaram de trabalhar,
e que conseguem com muita esperteza envolver com extrema facilidade as
suas “plateias”, passando a maior parte dos seus tempos falando,discursando,
conjeturando, xingando patrões (com toda a proteção das leis fascistas de
Mussolini), fazendo reuniões e agitando. Inclusive o “guru”do sindicalismo,que
chegou à Presidência da República, parece que não chegou a trabalhar um só dia
durante toda a sua vida no “trabalho”, fazendo só sindicalismo e
política.
A filósofa Ayn Rand, norte-americana
de origem judaico-russa, deixou uma frase que resume toda a situação
vivida hoje pelo Brasil, que mereceria maior divulgação pela sabedoria
nela contida:”Quando você perceber que ,para produzir, precisa obter a
autorização de quem não produz nada,quando comprovar que o dinheiro flui para
quem negocia não com bens,mas com favores,quando perceber que muitos ficam
ricos pelo suborno e pela influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não
nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de
você, quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se
converte em autossacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que a
sua sociedade está condenada”. Bem analisada essa frase,ver-se-á que ela não se
afasta um só centímetro da realidade política, social e econômica do Brasil.
Até parece que ela foi feita “sob medida”.
Mas lamentavelmente as perspectivas
políticas de mudança de toda essa situação para os próximos
anos não são nada animadoras. Com ou sem afastamento da Presidente Dilma
Rousseff, a tendência é de manutenção desse “status quo”, quando muito
mudando o nome dos atores desse processo. Mas até que ponto a causa primeira
estaria nessa “democracia” deturpada que se pratica no Brasil? Que nem é
democracia de verdade, porém oclocracia (= democracia degenerada,corrompida)
,onde a massa ignara escolhe e cai na armadilha da pior escória da sociedade
para comandá-la ? Nelson Rodrigues cogitou dessa hipótese em tese: “ A maior
desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que
são a maioria da humanidade”.
Teria sido essa a “democracia” a que
se referiu o Dr. José Eduardo Cardozo, quando defendeu a Presidente Dilma, além
da sua competência funcional como Advogado da AGU, no processo de
impeachment a que responde perante o Senado, onde sustentou que “a
história não perdoa as violências contra a democracia”?
Essa é a sua “democracia”, Doutor
Cardozo?
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado e
Sociólogo.
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