Erica
Goode
Uma área
de painéis solares azuis se estende por uma parte do reservatório da barragem
Yamakura, província de Chiba, no Japão.
Em dois
anos, se a construção seguir como planejado, 50.904 painéis vão flutuar sobre o
reservatório gerando estimados 16.170 megawatts hora anualmente, eletricidade
suficiente para abastecer quase cinco mil casas, segundo a Kyocera, empresa que
está construindo a usina solar.
Quando
completado, o projeto será a maior instalação do gênero no mundo, e os
dispositivos solares flutuantes estão se tornando mais populares, com
instalações já operando na Austrália e nos Estados Unidos, e outras mais
planejadas ou em construção.
O
interesse crescente é movido em parte pelo aumento enorme no mercado solar nos
últimos anos enquanto o custo da tecnologia caiu rapidamente.
Dispositivos
solares flutuantes -- muitas vezes chamados de "floatovoltaics", nome
registrado por uma empresa -- também têm vantagens sobre os painéis solares em
terra, afirmam seus defensores. Alugar ou comprar terra é mais caro, e existem
menos regras para estruturas construídas em reservatórios, lagos para
tratamento de água e outros corpos de água não usados para recreação. Ao
contrário da maioria das usinas solares terrestres, os dispositivos flutuantes
também podem ser ocultos do público, motivo que levou a empresa sem fins
lucrativos Sonoma Clean Power a procurar a tecnologia.
"O
condado de Sonoma tem alguns dos morros mais lindos, e as pessoas não os querem
ver recobertos de painéis solares", diz Rebecca Simonson, analista de
energia do desenvolvedor de energia renovável, que fechou acordos de compra
para painéis solares flutuantes serem construídos em seis lagos de água tratada
no condado. Segundo ela, os painéis solares não seriam visíveis da estrada.
Os
dispositivos flutuantes têm outras vantagens. Eles ajudam a impedir a
evaporação da água, tornando a tecnologia atraente em áreas assoladas pela seca
e restringem o crescimento de algas. E eles são mais eficientes do que os
painéis terrestres porque a água os resfria.
"A
eficácia foi o que nos motivou a examinar isto", afirma Rajesh Nellore,
diretor executivo da Infratech Industries, que completou a primeira parte de
uma usina solar flutuante em Jamestown, Austrália, que terminará cobrindo cinco
bacias de tratamento de água. Após entrar em operação no ano passado, a
instalação foi construída de tal forma que gere até 57 por cento de energia a mais
do que uma usina solar instalada em telhado -- espera-se que quando pronta gere
20 por cento a mais de energia do que uma instalada em terra.
Os
painéis recebem uma cobertura especial para impedir a corrosão, e são
instalados em um sistema de rastreamento que acompanha os movimentos para
maximizar a luz solar durante o dia. A empresa está trabalhando num projeto
similar em Holtville, cidade pequena no sul californiano, que há anos sofre com
a seca.
Nellore
observa que cada projeto solar flutuante tem seus próprios desafios de
engenharia. Por exemplo, os painéis solares podem enfrentar ventos mais fortes
do que os em terra. De acordo com ele, no entanto, o maior obstáculo que
enfrentou foi convencer as agências hídricas do governo de que a tecnologia
flutuante atendia a seus interesses.
"A questão está limitada aos incentivos existentes e ao que o governo deseja", diz Nellore. Ele comentou que em Los Angeles, o Departamento de Água cobriu um reservatório com o equivalente a US$ 34,5 milhões de bolas pretas plásticas para reduzir a evaporação; os painéis solares flutuantes poderiam ter servido ao mesmo propósito e ainda gerado energia.
"A questão está limitada aos incentivos existentes e ao que o governo deseja", diz Nellore. Ele comentou que em Los Angeles, o Departamento de Água cobriu um reservatório com o equivalente a US$ 34,5 milhões de bolas pretas plásticas para reduzir a evaporação; os painéis solares flutuantes poderiam ter servido ao mesmo propósito e ainda gerado energia.
A
Kyocera, por sua vez, recorreu aos painéis flutuantes porque a energia solar se
tornou tão popular no Japão que é difícil encontrar grandes áreas de terra para
a montagem de painéis típicos, explica a porta-voz, Natsuki Doi. Segundo ela, o
tempo de construção e o trabalho para montar um dispositivo flutuante foram
muito menores do que uma instalação em terra firme.
A
vinícola Far Niente, em Oakville, Califórnia, foi uma das pioneiras dos painéis
solares flutuantes, colocando 994 em plataformas sobre um lago para irrigação
em 2008. Greg Allen, vinicultor da Far Niente que é engenheiro mecânico por
formação, conta que a empresa estava interessada em energia solar e desejava
eliminar cem por cento de seus custos energéticos.
Descontos
da empresa fornecedora de energia e créditos fiscais ajudaram a financiar parte
dos US$ 4,2 milhões para a construção do dispositivo flutuante, que levou dois
anos e meio para ser projetado e construído, e mais 1.302 painéis solares foram
colocados em terra. Espera-se que o sistema pague o investimento até 2020, diz
Allen.
Os
painéis solares de 90 centímetros por 150 centímetros no lago são montados sobre
plataformas flutuantes plásticas preenchidas com espuma, feitas com canos de
água.
"Estávamos
nervosos com muitas coisas quando começamos o projeto", conta Allen.
Colocar os painéis na água economizou espaço na vinícola, e o sistema de
flutuação, em conjunto com os painéis em terra, geram até 477 quilowatts de
eletricidade no pico da produção.
Pelo
menos mais uma vinícola seguiu o exemplo, e Allen diz que a Far Niente recebeu
visitantes da Índia, China, Cingapura e de Novas Gales do Sul, Austrália, que estão
interessados na tecnologia.
Os
moradores do lago parecem tranquilos, acrescenta.
"Os
peixes estão contentes, as rãs estão contentes, os patos voltaram. É um lago
muito saudável."
noticias.uol.com.br/
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