Bernardo Santoro
Dentre a
série de medidas de impacto apresentadas na tarde de hoje pelo Governo Temer na
área econômica, nenhuma pareceu tão impactante, dentro de uma agenda positiva,
quanto o fim do maldito bolsa-empresário.
Recapitulando
o que é o bolsa-empresário:
“A ideia era relativamente simples:
o governo obrigava o BNDES a emprestar dinheiro para empresários a juros que
variavam de 6,5% a 11% ao ano, enquanto, para custear esse programa, captava
recursos no mercado financeiro através de títulos da dívida pública que
raramente eram vendidos abaixo da taxa de 12% ao ano. Como a captação do dinheiro
era mais cara que o seu empréstimo, a conta desse prejuízo ficava, como sempre,
para o pobre pagador de impostos.
Não por coincidência, apenas 1% dos
empresários beneficiados (…) recebeu o equivalente a 56% dos empréstimos
baratos concedidos. Certamente também não é coincidência que grande parte
desses empresários investiu grandes quantias de recursos em campanhas de
candidatos ligados ao governo federal nos últimos anos.”
O
principal programa de bolsa-empresário, o PSI, havia sido fechado em janeiro
deste ano por absoluta falta de verbas, pois como é sabido, o país quebrou. O
problema é que os valores repassados pelo Governo ao BNDES para a finalidade de
custeio desse programa nunca foram quitados.
Em suma,
o Governo captou dinheiro a juros altos e repassou ao BNDES para emprestar para
empresários a juros baixos, arcando com a diferença, mas esperando que pelo
menos o repasse fosse quitado um dia, e isso não aconteceu, pois não se sabe
exatamente A TAXA DE INADIMPLÊNCIA DO DINHEIRO EMPRESTADO COM SUBSÍDIOS.
É
absolutamente plausível pensar que esse dinheiro emprestado com subsídio de
juros pelo Governo via BNDES esteja com altíssima taxa de inadimplência. Dentre
os clientes preferenciais desse dinheiro estão a Friboi, o Grupo X de Eike
Batista e os negócios de Bumlai.
Estando
esse dinheiro com alta taxa de inadimplência, o banco passa a ter prejuízo, bem
como o Governo ao tentar reaver parte desse dinheiro.
Os
valores apresentados pelo Presidente Temer são assustadores. De acordo com ele, o PT repassou para o BNDES cerca de 500
bilhões de reais nos últimos anos, sendo tudo destinado ao alto empresariado
amigo do PT. O retorno de 100 bilhões de reais para os cofres do Governo, ou
seja, 20% do valor total repassado, apenas ameniza parte do prejuízo, mas fica
a dúvida: o BNDES terá condições de, no longo prazo, quitar toda essa dívida?
Parece
que não.
Com o
BNDES desalavancado, fica claro que agora o banco não terá mais instrumentos
financeiros para manter a política de bolsa-empresário. Mesmo com o fim do
programa PSI, a existência desse dinheiro no caixa do BNDES mantinha a sobra do
retorno desse programa de transferência de renda de pobres para ricos, o Robin
Hood às avessas. Tanto é que Dilma chegou aameaçar
o retorno dessa prática em março. Agora essa ameaça chega ao fim.
Essa medida,
embora positiva para fins de responsabilidade fiscal, restaurando o caixa do
Governo e impedindo o fluxo de dinheiro público para investidores do PT, traz
um outro problema, que é o estrangulamento do crédito para investimentos,
afinal, o BNDES acabou se tornando o motor propulsor desse tipo de gasto
“produtivo”, ainda que elitizado para quem tinha influência no planalto.
A
solução para liberação de crédito para investimentos privados passa por um
difícil dilema. Em tempos onde a União Federal apresenta déficit primário de
170 bilhões de reais, rodando financeiramente somente com largas quantias de
recursos obtidos através do lançamento de títulos da dívida pública no mercado,
títulos esses que basicamente secam a poupança nacional, para que o Governo
pare de tomar essa poupança de assalto e libere parte dela para o
investimento produtivo, precisará promover cortes radicais na despesa pública,
em termos de onze dígitos (bilhões), caso contrário o país não terá como
aumentar sua produtividade para superar a crise de maneira sustentável,
travando em um círculo vicioso de subconsumo. Espero que o Governo tenha força
de vontade para conseguir completar esse desafio.
A conta
da farra petista chegou, e essas medidas são essenciais para começar a pagá-la.
Instituto Liberal
Comentárrios do blog:
Li na
FSP a relação das empresas "beneficiadas" com esses empréstimos
subsidiados. Excluindo os malandros que você citou acima, FriBoi, Elke e
outros, a relação de empresas sérias que entrou nesta fria é assustadora. Das
nacionais, sem aporte externo, boa parte delas não se recupera mais.
Mesmo que o juro fosse ZERO, elas não conseguiriam devolver o dinheiro, pelo simples fato de que uma economia parada, não o permite.
Então a pergunta que me faço desde que esta história veio à tona, é a seguinte:
- Como que empresários tarimbados, escolados de outros vexames governamentais, puderam tomar tanto dinheiro de um governo imbecil como este, sabendo que estavam lidando com uma quadrilha de ladrões ? Pior, amebas ideológicas.
Onde estão as caras e badaladas assessorias empresariais que não proibiram os seus clientes de tomar dinheiro para investimento num país dominado por socialistas ?
Salvo que já tenham tomado os empréstimos para suprir falta de capital de giro, ou até para cobrir outros empréstimos. Aí é porque já estavam mal das pernas.
A dúvida permanece, mas tenho pena da maioria desses empresários. Vai lhes custar muito caro esses pseudo subsídios.(MBF).
http://capitalismo-social.blogspot.com.br/2016/02/69-fips-fundo-de-investimento-e_2.html
Mesmo que o juro fosse ZERO, elas não conseguiriam devolver o dinheiro, pelo simples fato de que uma economia parada, não o permite.
Então a pergunta que me faço desde que esta história veio à tona, é a seguinte:
- Como que empresários tarimbados, escolados de outros vexames governamentais, puderam tomar tanto dinheiro de um governo imbecil como este, sabendo que estavam lidando com uma quadrilha de ladrões ? Pior, amebas ideológicas.
Onde estão as caras e badaladas assessorias empresariais que não proibiram os seus clientes de tomar dinheiro para investimento num país dominado por socialistas ?
Salvo que já tenham tomado os empréstimos para suprir falta de capital de giro, ou até para cobrir outros empréstimos. Aí é porque já estavam mal das pernas.
A dúvida permanece, mas tenho pena da maioria desses empresários. Vai lhes custar muito caro esses pseudo subsídios.(MBF).
http://capitalismo-social.blogspot.com.br/2016/02/69-fips-fundo-de-investimento-e_2.html
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