Martim Berto Fuchs
Já tenho
abordado outras vezes a questão de partidos políticos ideológicos ou
dogmáticos, e o mal que fazem para a sociedade, sem contar que hoje pouco se
caracterizam por idéias, e sim pelo seu apetite por dinheiro.
A
história tem nos mostrado que os regimes ditatoriais também se utilizaram dos
mesmos para assegurar seu autoritarismo; quando não se importavam com a opinião
de outros países, tinham e tem um só partido. Mais de um quando era, ou é, para
jogar uma cortina de fumaça nos olhos dos observadores internacionais.
Mas para
que necessitam eles de um partido, se o objetivo já definido é governar
autoritariamente ? Ocorre que internamente eles precisam ter a maioria do povo
ao seu lado, caso contrário teriam que passar o tempo todo com as armas em
riste. Utilizam então o artifício do partido político, facílimo de dominar,
ainda mais num país autoritário.
O grupo
que o domina estabelece as diretrizes ideológicas, ou simplesmente dogmas, ou
as regras que melhor lhe atendem os interesses; firmam isto à nível de partido,
que depois são levadas às instâncias de um Congresso ou que nome se dê, com a
finalidade de fazer crer a seus participantes, que estão eles a tomar as decisões,
quando na verdade servem apenas para legitimar um jogo de cartas marcadas. E se
caso houver recalcitrantes, sempre sobram o recurso do cárcere, dos gulag ou, em
última instância, do paredón, que consegue
calar a voz do dissidente, pela ausência.
Nos
países ditos democráticos, não obstante os anteriores também se denominarem
assim, temos normalmente mais de dois partidos, cada um com uma “ideologia”, e
com seus programas comprados em escritórios de marketeiros, num cardápio que
vai da esquerda para a direita, numa escala de graus de mansidão à contundência
e de populismo moderado ao exagerado, às vezes fanático e estridente.
Esses “programas”
são comprados por um grupo de pessoas, normalmente com dinheiro de procedência
já duvidosa, e se inicia a cata de assinaturas: 500.000. Alguns milhões de reais à mão fazem
milagres, sem contar os políticos profissionais sem mandato, mas com eleitorado
cativo, que são os primeiros à serem arrestados.
Ou, já
se compra um partido em funcionamento, como já tem acontecido. Poupa bastante
trabalho e tempo, pois pode já ser ano de referendo, vulgarmente chamado de
eleição.
No
entanto, a ação que sempre esteve mais em evidência foi a compra pura e simples
de políticos com mandato, com troca de partido ou não. Para esses, além de uma
quantia em dinheiro depositada em contas
de paraísos fiscais, arremata-se a “fidelidade ideológica e partidária” do
mesmo, com um feudo em estatais, onde podem dar emprego para sua grande família
(cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos), estatais que são mantidas
justamente para este fim, ou então em ministérios, também criados com a
finalidade de acomodar os novos “compañeros”.
O que se
defende em Capitalismo Social, é uma ideologia de Estado, ou para o Estado, se
assim podemos entender, que uma vez aceita pela maioria, 2/3 dos eleitores legalmente
inscritos, e que representam a vontade majoritária da nação, fique sujeita à
revisões periódicas, pois sendo a vida dinâmica e em constante evolução, idéias
novas e novas situações surgirão e devem ser reavaliadas cada vez por um novo
Poder Constituinte, constituído por eleitores, periodicamente, 5 em 5 anos,
dentre os eleitores legalmente inscritos.
O
sistema político em uso no Brasil, em sua essência, surgiu após a Revolução
Francesa. Até então, não obstante as guerras constantes entre as monarquias,
nobres e príncipes, todos rezavam pela mesma cartilha, e eram eles que ditavam
as regras.
Com o
uso da guilhotina em um dos monarcas mais famosos da Europa, um novo cenário se
desenhou. Um novo grupo passou a mandar, os burgueses, que não tinham, como as
monarquias, um denominador comum nem a mesma centenária autoridade sobre o
povo. Criaram então os partidos políticos para abrigar os interesses grupais, divergentes
entre si nas modalidades de ganhos pecuniários, e também de classes sociais.
A disputa
se tornou ideológica com a entrada em cena de Karl Marx, sustentado e apoiado por
Friedrich Engels, com sua teoria social de igualdade na pobreza, teoria estranhamente desenvolvida por um ateu.
Desde
então, entre períodos de liberdade e de cerceamento da mesma, as sociedades se
debatem com ideologias rotuladas de esquerda e direita. Cento e sessenta e oito
anos se passaram e os partidos continuam vivendo deste expediente, sem nenhuma
expectativa de atender os anseios da população, senão apenas e ferozmente os
seus.
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