José
Roberto Guzzo
O presidente da República pode ser ruim, ou muito ruim, conforme a
definição que deixar o leitor mais confortável.
Também pode ser bom, caso se leve em conta a opinião dos que acham que
ele está sempre certo.
Na verdade, para simplificar a conversa, o presidente pode ser o
que você quiser.
Mas os fatos que podem ser verificados na prática estão dizendo que
seu governo, depois dos primeiros sete meses, é bom — ou, mais exatamente, o
programa de governo é bom, possivelmente muito bom.
Esqueça um pouco o Jair Bolsonaro que aparece em primeiríssimo
plano no noticiário, todo santo dia, em geral falando coisas que deixam a
maioria dos comunicadores deste país em estado de ansiedade extrema.
Em vez disso, tente prestar atenção no que acontece.
O que acontece, seja lá o que você acha de Bolsonaro, é que seu
governo está conseguindo resultados concretos.
Mais: é um governo que tem planos, e tem a capacidade real de
executar esses planos.
Enfim, é um governo que tem uma equipe muita boa fazendo o trabalho
que lhe cabe fazer.
O ministro Paulo Guedes tem um plano, e seu plano está sendo
transformado em realidades — a começar pela aprovação de uma reforma da
Previdência que todos os cérebros econômicos do Brasil julgavam, até outro dia,
ser uma impossibilidade científica.
A reforma tributária virá; seja qual for sua forma final, ela deixará
um país melhor.
Uma bateria de outras mudanças, basicamente centradas no avanço
da liberdade econômica e na faxina administrativa para melhorar a vida de quem
produz, está a caminho — diversas delas, por sinal, já foram feitas e estão
começando a funcionar.
Guedes é um ministro de competência comprovada, e sua equipe, que ele
deixa em paz para trabalhar, tem qualidade de país desenvolvido.
É bobagem, simplesmente, apostar contra ele.
Os ministros Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, Bento
Albuquerque, de Minas e Energia, e Tereza Cristina, da Agricultura, são craques
indiscutíveis — e estão mudando, em silêncio, o sistema nervoso central das
estruturas de produção do país.
Há mais. O ministro Sergio Moro, que seria destruído numa explosão
nuclear, está mais vivo do que nunca.
Há todo um novo ambiente, voltado para as realidades e para a produção
de resultados, em estatais como a Petrobras ou a Caixa Econômica Federal, a
Eletrobras ou o BNDES.
As mudanças, aí e em muitos outros pontos-chave do Estado nacional,
estão colocando o Brasil numa estrada oposta à que vem sendo seguida desde 2003
— e é claro que a soma de todos esses esforços, por parciais, imperfeitos e
deficientes que sejam, vai criar um país diferente.
Os avanços são pouco registrados na mídia? São.
O governo comete erros, frequentemente grosseiros? Comete.
Suas propostas sofrem deformações, amputações e alterações para pior?
Sofrem.
O presidente é uma máquina de produzir atritos, problemas de
conduta e confusões inúteis? É.
Mas nada disso tem impedido, não de verdade, que o governo esteja
conseguindo obter a maioria das coisas que quer.
Já conseguiu uma porção delas em seus primeiros sete meses.
Não há fatos mostrando que vá parar de conseguir nos próximos três
anos e meio.
O governo Bolsonaro é ruim? De novo, dê a resposta que lhe parecer
melhor.
Mas sempre vale a pena lembrar que a maioria das coisas só é ruim ou
boa em comparação com outras da mesma natureza.
O atual governo seria pior que o de Dilma Rousseff ou de Lula?
E comparando com o de Fernando Collor, então, ou o de José
Sarney?
Eis aí o problema real para quem não gosta do Brasil do jeito
que ele está — o governo Bolsonaro não vai ser um desastre.
A possibilidade de repetir o que houve nos períodos citados acima é
igual a zero. Impeachment?
Sonhar sempre dá. Mas onde arrumar três quintos contra Bolsonaro no
Congresso?
Na última vez que a Câmara votou uma questão essencial, a
reforma da Previdência, deu 74% dos votos para o governo. Melhor pensar em
outra coisa — ou aceitar o fato de que o homem vai estar aí pelo menos até
2022.
Exame
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