sexta-feira, 14 de junho de 2019

Supremocracia é pedra no coturno do “Mito”

Jorge Serrão

Maktub! A maior pedreira na bota-coturno do Presidente Jair Bolsonaro é, inegavelmente, o Poder Judiciário, principalmente em suas políticas instâncias superiores (já advertindo que o Supremo Tribunal Federal não é instância superior, mas sim a Corte Suprema, um tribunal que deveria ser eminentmente constitucional e não julgador de “feijoadas jurídicas”). O STF não pode, nem deve, “legislar” ou promover “judicializações” e “judicializagens” com interpretações criativas e poderosamente convenientes. Mas...

Em Bruzundanga, os 11 “deuses” do olimpiano STF “legislam”. A distorção acontece por causa de uma Constituição prolixa, pouco regulável, com 105 emendas e mais por virem, que dá mais margem a interpretações que o sentido consciente e objetivo do cumprimento do que está escrito. No mundo civilizado democraticamente, jurisprudência serve para resguardar e garantir a segurança jurídica. Aqui vigora a “Supremocracia” – para usar uma expressão bem empregada pelo jurista e professor Oscar Vilhena.

Desde 1988, e ainda mais recentemente, o Supremo se arvorou o papel de “poder moderador”. Seus membros se acostumaram a dar a última palavra sobre as decisões - em momentos de crise ou não. Os detalhes do julgamento do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff mereceriam uma tese ou uma pela de tragicomédia... Na prática, o STF assume o protagonismo do processo político de legislar, ditando o que vale ou não ser obedecido. Neste regime “supremocrático”, a sociedade não fica tutelada pela lei, mas sim submetida aos “intérpretes” da legislação.

Regra clara? Isto parece peça de ficção... De tanto exercer o poder sem ser um órgão representativo, como um poder que tem obrigação de prestar contas à população, o STF pulverizou suas decisões e passou a tomar decisões individuais (monocráticas) de ministros. A novidade, recente, é ampliar a dimensão pessoal para o plenário, usando o argumento da “maioria do colegiado” como proclamadora da “verdade” jurídica e judicial.

Só nesta semana, o Governo do Presidente Jair Bolsonaro sofreu algumas duríssimas derrotas no STF. Uma delas, por mancada imperdoável: como é que se faz um decreto genérico, extinguindo conselhos, sem determinar, exatamente, quais seriam eliminados? Os togados simplesmente aproveitaram a suprema vacilada do Executivo para dar a primeira grande vitória judicial ao Partido dos Trabalhadores – que alguns ingênuos supunham “derrotado”. A Petelândia ainda lutará até o fim para soltar seu endeusado líder Lula – mui justa e comprovadamente condenado por corrupção.

Ontem, conforme já era esperado, o STF “legislou”, provisoriamente, conforme o plano globalitário de “libertinagens” que alimentam conflitos sociais quase permanentes. O Supremo autorizou a criminalização da homofobia e da transfobia como sinônimos de crime de racismo. Goleada de 8 a 3... A aplicação de tal pena valerá até que o Congresso Nacional aprove uma lei específica sobre o tema. O parlamento chegou a ser chamado de “omisso” pelo ministro Gilmar Mendes... Pode isso, Arnaldo Cezar Coelho?...

Já não bastam os 1050 crimes previstos em nossa legislação? Claro que não... O negócio é criar mais ainda... Democracia para quê? Regras claras e jurisprudência bem definida, com punição clara e objetiva para os infratores condenados, não interessam a um sistema que precisa dar lucros à bancas de advocacia e, ao mesmo tempo, custear uma dispendiosa e cada vez mais gigantesca máquina judiciária.

É por tudo isso que a gente consegue entender por que e como a deputada petista Maria do Rosário conseguiu impor uma vitória judicial contra o ex-deputado Jair Bolsonaro (sim, aquele que é o Presidente da República eleito “democraticamente” – por aquele sistema de votação eletrônica, sem recontagem, em cuja lisura somos dogmaticamente obrigados a acreditar)...

Bolsonaro foi condenado a pagar multa de R$ 10 mil e “pedir desculpas”, com nota publicada no Twitter pessoal, por causa daquele episódio do “você nem merece ser estuprada” (ou coisa parecida), no qual os vídeos comprovam, para quem quiser ver, que foi a Maria quem agrediu o Bolsonaro, que revidou de forma pouco sensata e emocional. O curioso é que tal bate-boca de baixo nível ocorreu no contexto da liberdade de expressão parlamentar... Mas... O Judiciário não entendeu deste jeito... Bolsonaro tem 15 dias para morrer na grana...

Diante de tanta pedra na bota, ao menos tivemos uma novidade institucional. A petelêndia (bicho mais nojento que a petelândia) até poderia dizer que “agora o Governo de Bolsonaro é mesmo militar...”. Pois Bolsonaro nomeou para a Secretaria de Governo da Presidência da República um General de Exército na Ativa: Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira... Claro, o General Ramos deve ir para a reserva... O General Santos Cruz foi para casa (ou irá para algum organismo multilateral da ONU, onde tem prestígio)... Mas vale a brincadeirinha... Aliás, Ramos é mais um torcedor do Flamengo no time militar de Bolsonaro... Junta-se aos Generais de Exército rubro-negros Hamilton Mourão, Augusto Heleno, Santa Rosa... E mais alguns que peço perdão pela omissão...

Tudo bem... Quarta-feira, no Estádio Nacional de Brasília, o palmeirense Bolsonaro e seu ministro Sérgio Moro (que torce pelo também rubro-negro Athletico Paranaense) até vestiram o manto sagrado do Mengão, emprestado por torcedores...
O que significa o protagonismo do Flamengo no Governo do palmeirense líder Bolsonaro?

Nada... O que valerá, de verdade, é Bolsonaro nomear um Procurador ou Procuradora Geral da República que parta com tudo para cima do Crime Institucionalizado, fazendo tabelinha com agora ministro da Justiça Sérgio Moro... Bolsonaro não tem direito de errar... O resto é gol contra absoluto... Ou pedra judiciária no coturno presidencial...

No mais, é não dar bola para tudo que o também supremo rubro-negro Marco Aurélio de Mello fala sobre o craque Sérgio Moro... Talvez seja melhor ouvir o flamenguista Luís Barroso – que tem se mostrado mais crítico do Crime Institucionalizado...

E que seja a reforma da Previdência, já que 2019 não pode começar apenas em 2020... Ou será que Bolsonaro terá de contratar Jesus – igual fez o Flamengo – para resolver seus problemas insanáveis?

Alerta Total

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