Alexandre Garcia
Estive na minha cidade-natal, Cachoeira do Sul, e visitei
um olival que tem 66 oliveiras com 126 anos. Quando elas foram encontradas, na
fronteira com o Uruguai, já não produziam olivas, porque a terra se esgotara.
Foram transplantadas para solo com acidez corrigida e nutrientes, e eu pude
trazer para Brasília uma amostra do azeite retirado das azeitonas que as
centenárias voltaram a produzir com exuberância. Oliveiras do passado se
tornaram árvores do presente e do futuro, com o manejo correto.
O estado brasileiro está na fase do esgotamento. A
Constituição de 1988 previa uma quantidade de frutos muito além do que poderia
ser produzido, e foi se esgotando. A “Constituição Cidadã” está cheia de
direitos – inclusive para os fora-da-lei – e benesses, mas com deveres
insuficientes para equilibrar dos dois pratos da balança. Ao longo desses 31
anos os débitos foram consumindo os créditos. Os governos foram gastando –
Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer? agora chegou Bolsonaro e não tem mais
dinheiro.
Como não tem mais dinheiro, se pagamos uma terrível carga
fiscal? Trabalhamos cinco meses por ano só para pagar impostos. E o estado
gasta quase tudo consigo mesmo. Inchado, ineficiente, lento. Atrapalha quem
quer investir, crescer, empregar. É que o estado foi aparelhado pelos que
queriam se manter no poder.
Agradar com o dinheiro dos impostos. Fazer caridade com o
dinheiro dos que trabalham e suam. No total, o estado sustenta hoje 93 milhões
de pessoas, entre bolsas, salários e aposentadorias privilegiadas. O estado
gastou mais com bolsas e outras benesses do que com o ensino e a capacitação
profissional. Cuidou do passado e não do futuro.
Como as tetas secaram, é preciso reformar a principal
fonte de déficit, que é a Previdência, mas também reformar o estado, que
precisa de músculo para prestar serviço, e não da gordura sedentária que quer
lagosta no cardápio. Mas é preciso secar também a burocracia pesada, que
atrapalha.
E reformar os tributos, para torná-los mais simples e
pagáveis. Estado não cria riqueza, mas pode gerar pobreza, causando inflação,
que tira de todos, em especial os mais pobres. Queremos que o Brasil seja o
país do futuro e não nos livramos de estruturas e métodos do passado.
- 20/05/2019
- 20/05/2019
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