sábado, 15 de junho de 2019

A verdadeira reforma - II

Martim Berto Fuchs

A reforma verdadeiramente necessária e urgente é o controle dos gastos dos Três Poderes com suas folhas de pagamento e despesas decorrentes. A corrupção tem seu início neste processo, pois se o emprego desnecessário de pessoas é considerado normal para quem o faz e para quem é beneficiado, todos erros seguintes, que endividam o Estado, também o serão. 

Conseguida esta reforma, até os leigos compreenderão a injustiça social sofrida pela população no decorrer da nossa história. A sociedade brasileira foi iludida pela sua elite - aí obviamente incluso os políticos de todos matizes -, que se serviu da credulidade natural do povo para viver um status desvinculado da realidade.

Compraram de forma vergonhosa a consciência da população, acenando com o mesmo padrão de vida que eles tem, para quem viesse se incorporar aos quadros dos Três Poderes - independente da necessidade -, e de então  opositor ao processo, passasse a defensor. Criaram castas e, pior, motivos falsos para sustentá-las.

Esta é a causa primeira do ininterrupto e gradativo processo de endividamento do setor público. Culpar os bancos e os rentistas que mediante altos ganhos sustentam esta farra, tem servido apenas para desviar a atenção do povo do verdadeiro motivo.

Previdência. Antes de usar o termo “reforma”, usaria a expressão “Novo Conceito de Previdência”.
É necessária ? Claro que é. Mas também são indispensáveis novos conceitos para a tributação, para as relações de trabalho, etc.

Mas antes de tudo, para o papel do Estado. O Estado no Brasil se tornou um fim em si mesmo, que se serve da sociedade em vez de servi-la. Existimos, trabalhamos, vivemos, para sustentar o Estado, um Estado apartado do seu povo, que dele só lembra quando precisa de mais dinheiro.

Esta é a reforma que deveria anteceder todas outras. Se for conseguida, as outras virão ao natural.

Nossas elites aceitarão isto pacificamente, mediante debate claro e objetivo, sem ideologias, ou terá que ser, como em outros países, pela força ? Neste caso o custo será muito maior, para todos.


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