Martim Berto Fuchs
A reforma verdadeiramente necessária e urgente é o
controle dos gastos dos Três Poderes com suas folhas de pagamento e despesas
decorrentes. A corrupção tem seu início neste processo, pois se o emprego
desnecessário de pessoas é considerado normal para quem o faz e para quem é
beneficiado, todos erros seguintes, que endividam o Estado, também o
serão.
Conseguida esta reforma, até os leigos compreenderão a
injustiça social sofrida pela população no decorrer da nossa história. A
sociedade brasileira foi iludida pela sua elite - aí obviamente incluso os
políticos de todos matizes -, que se serviu da credulidade natural do povo para
viver um status desvinculado da realidade.
Compraram de forma vergonhosa a consciência da população,
acenando com o mesmo padrão de vida que eles tem, para quem viesse se
incorporar aos quadros dos Três Poderes - independente da necessidade -, e de
então opositor ao processo, passasse a
defensor. Criaram castas e, pior, motivos falsos para sustentá-las.
Esta é a causa primeira do ininterrupto e gradativo
processo de endividamento do setor público. Culpar os bancos e os rentistas que
mediante altos ganhos sustentam esta farra, tem servido apenas para desviar a
atenção do povo do verdadeiro motivo.
Previdência. Antes de usar o termo “reforma”, usaria a
expressão “Novo Conceito de Previdência”.
É necessária ? Claro que é. Mas também são indispensáveis
novos conceitos para a tributação, para as relações de trabalho, etc.
Mas antes de tudo, para o papel do Estado. O Estado no
Brasil se tornou um fim em si mesmo, que se serve da sociedade em vez de
servi-la. Existimos, trabalhamos, vivemos, para sustentar o Estado, um Estado
apartado do seu povo, que dele só lembra quando precisa de mais dinheiro.
Esta é a reforma que deveria anteceder todas outras. Se
for conseguida, as outras virão ao natural.
Nossas elites aceitarão isto pacificamente, mediante
debate claro e objetivo, sem ideologias, ou terá que ser, como em outros
países, pela força ? Neste caso o custo será muito maior, para todos.
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