Por Reinaldo Azevedo
Estão
querendo transferir para o distinto público — você, eu e todo mundo —
um rombo no Postalis que chega a R$ 5,6 bilhões. O que é o Postalis? O
Fundo de Pensão dos funcionários dos Correios, cuja direção é dividida
entre o PMDB e o PT. Os fundos de pensão das estatais são uma das fontes
do real poder do petismo. Ali, o partido pintou e bordou nos últimos 20
anos, antes ainda de chegar ao poder.
Qual é o
busílis? A direção dos Postalis resolveu fazer o óbvio para tentar sanar
o rombo atuarial: cobrar o dinheiro dos associados. Afinal, se todos os
investimentos feitos pelo órgão tivessem sido bem-sucedidos e rendido
maravilhas, ninguém se lembraria de dividir com a gente os benefícios,
certo?
Segundo informa o Estadão, os associados ao Postalis podem ter de
empenhar até 25% do seu salário para tentar tapar o buraco.
Eis que,
então, entram em cena as organizações sindicais: sustentam que os
funcionários dos Correios não têm de pagar coisa nenhuma e que é a
estatal que deve arcar com o prejuízo. Como a empresa não fabrica
dinheiro, a brincadeira consiste em assaltar o Tesouro.
A
Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios. Telégrafos
e Similares (Fentect) decidiu entrar nesta segunda com duas ações na
Justiça: uma para cobrar uma suposta dívida da empresa com o Postalis,
de R$ 1,350 bilhão. Outra para que a estatal assuma o espeto.
Tentei
saber a que se refere a tal dívida. Não consegui. Quanto ao mais, dizer o
quê? Onde estava a Fentect quando o Postalis investia em títulos da
Argentina e da Venezuela, por exemplo? Era uma escolha de mercado ou
pautada pela ideologia? O fundo investiu ainda em empresas de Eike
Batista e nos bancos Cruzeiro do Sul e BVA, que quebraram e foram
liquidados.
Tenho uma
sugestão à Fentect: que entre com outra ação na Justiça para
responsabilizar civil e criminalmente os ex-diretores e eventuais
diretores do Postalis que fizeram negócios ruinosos. Um fundo de pensão,
afinal, é um negócio privado, que diz respeito apenas aos associados,
para o bem e para o mal. Só para constar: O Funcef (fundo dos
funcionários da CEF) e o Petros (da Petrobras) também contabilizam
perdas bilionárias. Imaginem se pega a moda de jogar a conta nas costas
dos brasileiros.
Reinaldo Azevedo
23/03/2015
às 15:16Colunista da Revista Veja on line
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