sábado, 21 de março de 2015

Histórias quase esquecidas



"O dinheiro é uma coisa esquisita. Quem tem diz que não tem e quem não tem diz que tem" ( WOODY ALLEN, cineasta norte-americano )

por Carlos I. S. Azambuja

É interessante conhecer um pouco da história do apoio externo aos partidos, organizações e grupos de esquerda brasileiros. Diversos Estados constituídos, através dos anos, apoiaram a esquerda com dinheiro, treinamento político-ideológico e militar: União Soviética, Alemanha Oriental, Checoslováquia, Bulgária, China e Cuba. Sem dúvida, o apoio mais eficaz foi dado pela URSS, China e Cuba. 

União Soviética

Em 1922, cinco anos após a Revolução Bolchevique, foi fundado no Brasil o Partido Comunista do Brasil, Seção Brasileira da Internacional Comunista.
Em 1935, Prestes regressou da União Soviética acompanhado por Olga Benário - os dois nunca foram casados -, agente do Exército Vermelho e do Komintern, a fim de preparar aquilo que ficaria conhecido como Intentona Comunista. Para isso, um grupo de experts da Internacional Comunista foi deslocado para o Brasil.

A partir de 1953, o Partido Comunista da União Soviética passou a ministrar cursos, em Moscou, a militantes do PCB. Cursos de treinamento militar e condicionamento político-ideológico. O último desses cursos foi em 1990, quatro anos após terem sido implantadas por Gorbachev as políticas de perestroika e glasnost.

Cerca de 700 militantes foram treinados na Escola de Quadros, como era mais conhecido o Instituto de Marxismo-Leninismo do PC Soviético, e na Escola do Konsomol (Juventude do PCUS), em cursos cuja duração variava de 3 meses a 2 anos.

Cerca de 1.300 outros brasileiros concluíram cursos superiores na Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba e em outras universidades soviéticas, em cujo currículo sempre constou a matéria Marxismo-Leninismo. Até mesmo em cursos de balé. As matrículas naUAPPL sempre foram efetuadas através da Seção de Educação do Comitê Central do PCB e do Instituto Cultural Brasil-URSS, um apêndice do PCB.
Algumas dessas pessoas, no regresso ao Brasil, passaram a trabalhar em empresas estatais e, pelo menos um, formado em Medicina, como Oficial das Forças Armadas, nos anos 80. Filhos e parentes próximos de dirigentes encastelados na nomenklatura do partido constituíram a maioria desses 1.300 brasileiros, pois sempre foram privilegiados para estudar, gratuitamente, na pátria do socialismo e em países do Leste-Europeu. Inúmeros exemplos podem ser dados, de filhos de dirigentes aquinhoados com bolsas-de-estudo nesses países.

Tudo o que de relevante ocorreu no PC Soviético sempre influenciou diretamente o PCB: a desestalinização, de Kruschev, em 1956, e o fim do PCUS, em 1991, são exemplos marcantes dessa influência.

China

Ainda antes da Revolução de 31 de março de 1964, no governo do presidente João Goulart, um grupo de militantes do Partido Comunista do Brasil foi enviado à China, onde recebeu treinamento militar na Escola Militar de Pequim. Também um grupo de dirigentes da Ação Popular recebeu treinamento político-ideológico na China no início dos anos 70 (depoimento de Herbert José de Souza - "Betinho"- na época dirigente da AP, no livro "O Fio da Navalha" ). 

Os militantes do PC do B, no regresso, a partir de 1966, passaram a instalar-se em um ponto do Brasil Central, dando início à montagem daquilo que somente em 1972, os Órgãos de Segurança viriam a detectar: a Guerrilha do Araguaia, totalmente erradicada dois anos depois. Curiosamente o jornal Folha de São Paulo em reportagens publicadas nos dias 21 e 22 de novembro de 1968 já havia noticiado pormenorizadamente o assunto, dando os nomes dos militantes chegados da China e referindo-se à sua ida para o Brasil Central.

Alguns desses militantes relacionados pela Folha de São Paulo seriam mortos no Araguaia.

Em fins da década de 70, com a opção dos dirigentes chineses por uma economia socialista de mercado, descaracterizando o marxismo-leninismo, o PC do B passou a eleger a Albânia, o país mais atrasado da Europa, como o farol do socialismo mundial. A Albânia treinou guerrilheiros de vários países, inclusive do Brasil, segundo documentos do Partido do Trabalho da Albânia, que vieram a público após o desmantelamento do socialismo naquele país. A partir de então, o PC do B passou a estreitar suas relações políticas com a Coréia do Norte.

Cuba

O Estado cubano sempre exerceu marcante influência junto à esquerda brasileira. Desde antes da Revolução de Março de 1964.
Francisco Julião, o criador das Ligas Camponesas, esteve em Cuba em 1961 e, no regresso, mandou um grupo de militantes àquele país para receber treinamento militar, e fundou o Movimento Revolucionário Tiradentes, que teve uma existência efêmera.

Nesse sentido, recorde-se o objetivo da OLAS-Organização Latino-Americana de Solidariedade, criada em Havana, em 1966: "Coordenar e promover eficientemente a solidariedade que existe e deverá continuar existindo entre os movimentos e organizações em luta, em seus respectivos países, pela libertação nacional (...) conseguindo a unidade entre aqueles que se encontram empenhados na luta armada".

A intromissão dos Serviços de Inteligência cubanos junto aos grupos de esquerda nacionais voltados para a luta armada, atingiu seu ponto máximo no período de 1967 (a partir da I Conferência da OLAS) a 1972, período em que o Partido Comunista Cubano ministrou treinamento militar, em Cuba, a cerca de 240 brasileiros do Movimento Nacional Revolucionário - criado por Brizola -, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, Ação Libertadora Nacional, Movimento de Libertação Popular, Vanguarda Popular Revolucionária e Movimento Revolucionário Oito de Outubro.

Um dos instrutores nesses cursos, no final da década de 70, segundo alguns brasileiros que lá estiveram, era conhecido pelo nome de major Fermin Rodriguez. Na realidade tratava-se do coronel Fernando Ravelo Renedo, homem do aparato de Inteligência cubano, embaixador na Colômbia, em 1981, quando a Colômbia rompeu as relações diplomáticas com Cuba face aos vínculos de Fermin Rodriguez com narcotraficantes colombianos. Fernando Ravelo Renedo foi, posteriormente, nomeado embaixador na Nicarágua. 

É fato notório que a diplomacia cubana nada mais é que um apêndice dos Serviços de Inteligência. No Brasil, desde que as relações diplomáticas foram retomadas, sempre existiu um Oficial do Serviço de Inteligência acreditado junto à embaixada, em Brasília, oficialmente com funções burocráticas.

O treinamento a brasileiros em Cuba continua até os dias atuais, embora somente no terreno político-ideológico, na Escola Superior Nico Lopez, do PC cubano, Escola Sindical Lázaro Peña, Escola de Periodismo José Martí, Escola da Federação de Mulheres Cubanas, Escola da Federação Democrática Internacional de Mulheres e Escola Nacional Julio Antonio Mella, da União da Juventude Comunista. Por essas escolas já passaram mais de 100 brasileiros. Todavia, o mais importante em tudo isso, é que a ida de qualquer brasileiro para fazer cursos em Cuba depende do aval do Partido Comunista Cubano, após entendimentos anteriores, de partido para partido.

Também diversos brasileiros, militantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra vêm recebendo, em Havana, treinamento em técnicas agrícolas, e outros matriculados na Faculdade Latino-Americana de Ciências Médicas. O site do Partido dos Trabalhadores oferece vagas e publica as condições definidas por Cuba para matrícula nessa Faculdade.

A interferência de membros da Inteligência cubana junto aos partidos políticos e grupos de esquerda brasileiros nunca deixou de existir. Logo após o reatamento das relações diplomáticas, em 1986, essa interferência tornou-se irritantemente ostensiva, com cubanos participando, inclusive, de comícios na campanha presidencial do candidato Lula, em 1989.
Em maio de 1988, o dirigente cubano Carlos Rafael Rodriguez, vice-presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros, membro do Comitê Central do Partido Comunista Cubano desde 1976 e membro do Politburo, declarou à revista Veja:
"Hoje a situação é bastante diferente da dos anos 60. Em primeiro lugar, a guerrilha está na ordem do dia em poucos lugares. Os movimentos guerrilheiros deixaram de ser o ponto de vista principal das forças democráticas. Em segundo lugar, mudou o comportamento dos governos da América Latina com relação a Cuba. O reconhecimento e a legalização das relações diplomáticas fazem com que nós também tenhamos uma atitude de respeito total nesse sentido. Em terceiro lugar, estamos dando a nossa solidariedade, de diversas maneiras, a movimentos guerrilheiros como os do Chile. Quando há situações desse caráter, continuamos dando nossa solidariedade, porque não mudaram os princípios, mas as situações". 

Carlos Rafael Rodriguez foi claro: não mudaram os princípios, mas as situações. A solidariedade aos movimentos guerrilheiros, portanto, prossegue. Essa solidariedade sempre se expressou no apoio em armas, treinamento militar, trabalhos de Inteligência e, algumas vezes, quando necessário, dinheiro obtido através de seqüestros praticados com a mão de obra ociosa de ex-guerrilheiros, sob a orientação óbvia da Inteligência cubana, como os de Abílio Diniz e Washington Olivetto, no Brasil.

É interessante conhecer a opinião de um dos comandantes da Ação Libertadora Nacional, Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz ("Clemente"), autor de inúmeros assaltos, mortes (inclusive de um Oficial do Exército, conforme narra em suas memórias) e justiçamentos, em São Paulo. No início da década de 70 abandonou seus comandados no Brasil e dirigiu-se voluntariamente para Cuba, de onde, posteriormente, após receber treinamento, viajou para a França, abandonando definitivamente a luta armada.

Alguns trechos de seu livro "Nas Trilhas da ALN", editado em 1997, relatando as peripécias por que passou em Cuba e dando uma cáustica versão do apoio do Estado cubano à revolução no Brasil.

"A interferência deles (dos cubanos) já nos custaram caro demais; a volta dos companheiros do Molipo sem nossa autorização foi um desastre. 18 mortos e mais tantos presos... e tudo por uma rasteira política de infiltração, querendo influenciar nosso movimento de dentro, para adequar nossa política às necessidades deles (...). Entendo que os militantes nossos, afastados da realidade brasileira e querendo voltar para lutar, questionem a Coordenação Nacional, fundem uma corrente ou saiam da Organização, mas os cubanos não tinham o direito de autorizar a saída deles do país sem nos comunicar, quando havia meios para isso. Cederam os esquemas, promoveram a volta e ajudaram a convencer os combatentes que tinha dúvidas. Chegaram a São Paulo procurando militantes queimados, usando esquemas já abandonados por falta de segurança, aparelhos que não mais existiam, despreparados e desinformados dos avanços da repressão. Achavam que não autorizávamos a volta para não perdermos o comando da Organização. Infelizmente, sentiram na pele que estávamos cercados, fazendo ações de sobrevivência, assaltando bancos e supermercados na véspera do vencimento dos aluguéis, e tentando não desaparecer (...) O que me revolta é que caíram como moscas e hoje ninguém assume suas responsabilidades.

(...) No curso de Estado-Maior, em Cuba, esmiúço a história da revolução cubana e constato evidentes contradições entre o real e a versão divulgada América Latina afora (...). Muitas ilusões foram estimuladas em nossa juventude pelo mito do punhado de barbudos que, graças ao domínio das táticas guerrilheiras e à vontade inquebrantável de seus líderes, tomou o poder numa ilha localizada a 90 milhas de Miami. Balelas, falsificações (...). O poder socialista instituiu a censura, impediu a livre circulação de idéias e impôs a versão oficial. Os textos encontrados sobre a revolução cubana são meros panfletos de propaganda ou relatos factuais, carentes de honestidade e aprofundamento teórico (...).

A ameaça iminente de agressões facilitou a militarização do país. Milícias Populares e Comitês de Defesa da Revolução formam uma teia considerável que abastece o S2 de informações sobre posições políticas, atitudes sociais e escolhas sexuais dos cidadãos (...). O Partido Comunista é o único permitido e em seus postos importantes reinam os comandantes de Sierra Maestra ou gente de sua confiança, em detrimento dos quadros oriundos do movimento operário e do extinto Partido Socialista Popular (anterior à revolução de Fidel), representante em Cuba do Movimento Comunista Internacional e aliado da União Soviética.

Os contatos com as organizações de luta armada são feitos através do S2, conseqüência esperada das deturpações do regime. A revolução na América Latina não seria uma questão política e sim, usando as palavras do caricato TOTEM (referência ao general Arnaldo Uchoa, comandante do Exército em Havana em 1973, que lutou na Venezuela e Angola, vindo a ser, no final dos anos 80, condenado à morte e fuzilado, sob a acusação de envolvimento com o narcotráfico), uma questão de 'mandar bala'. Nos relacionamos com agentes secretos (...) Eles tentam influenciar na escolha de nossos comandantes, fortalecem uns companheiros em detrimento de outros; isolam alguns para criar uma situação de dependência psicológica que facilite a aproximação; influenciam o recrutamento; alimentam melhor os que aderem à sua linha e fornecem informações da Organização; concedem status que vão desde a localização e qualidade da moradia à presença em palanques nos atos oficiais; não respeitam nossas questões políticas e desconsideram nosso direito à autodeterminação (...) Fabiano (Carlos Marighela) negociou com os cubanos de igual para igual, mas Diogo (Joaquim Câmara Ferreira) concedeu demais. Sentiu-se enfraquecido pelas quedas em São Paulo que culminaram com a morte do nosso líder e permitiu algumas ingerências nas escolhas de quadros para a volta e os postos que ocupariam na Organização. No Brasil, recebemos com espanto a volta de um comandante indicado pelos cubanos e aceito por Diogo. O episódio não chegou a ter maiores conseqüências, pois o comandante desertou no caminho e foi morar na Europa" (referência ao “comandante Raul", Washington Adalberto Mastrocinque Martins, atual funcionário da prefeitura de São Paulo).

Ao final, em 1973-1974, depois de meses de reuniões de autocrítica, em Cuba, entre "Clemente" e os militantes restantes da ALN, que lá se encontravam recebendo treinamento militar, todos decidiram, por unanimidade, abandonar a luta armada. Muitos voltaram ao partido do qual haviam saído, o Partido Comunista Brasileiro, e outros, como "Clemente", depois de abandonarem a luta armada, abandonaram também a esquerda. A montanha de mortos havia sido em vão.

Maria Augusta Carneiro Ribeiro, militante da ALN, banida do Brasil em setembro de 1969 em troca da liberdade do embaixador norte-americano, que havia sido seqüestrado, também deu seu depoimento (livro "Exílio, Entre Raízes e Radares"). Disse que 20 dias após a chegada ao México veio um convite, através de enviados do governo cubano, para treinamento em Cuba, ocasião em que assumiram um compromisso com Fidel Castro: "Faríamos toda propaganda antiamericana que ele queria e, em troca, ele nos daria apoio para treinar, viver lá e voltar (...)". Maria Augusta dá uma idéia do que significava, naquele contexto, a possibilidade da morte: o fato de pertencer a uma Organização de vanguarda dava um sentido à vida e ao futuro e "não importava se esse futuro era morrer". Achava que morreria ao voltar, o que não a afastava desse objetivo: "Não era uma coisa prazerosa, mas muito lógica. Queria viver, mas era mais importante o papel que estavam me dando. Eu aceitava e achava que era correto". O fato é que os militantes sentiam-se em dívida com a Organização por terem sido libertados através de uma ação de seqüestro.

Maria Augusta Carneiro Ribeiro ao regressar ao Brasil graças à Anistia concedida pela ditadura militar fascista, foi nomeada para o cargo de Ouvidora da Petrobrás.

Os diversos livros e entrevistas de militantes das organizações de luta armada, no Brasil, após a Anistia, tornaram possível o resumo abaixo do treinamento militar a que eram submetidos os revolucionários latino-americanos, em Cuba:

Em Havana, os militantes recebiam pseudônimos, documentos e eram instalados em aparelhos (...). Os militares cubanos os agrupavam em turmas de aproximadamente 12 pessoas, de acordo com a Organização a que pertenciam. Primeiro, era ministrado um curso de explosivos de um mês de duração, em um quartel da Província, onde passavam a semana. Aí aprendiam fórmulas, a montagem e desmontagem de explosivos. Em seguida, iniciavam o curso de tiro ao alvo e de manipulação de pistolas e fuzis, que consistia em desmontá-los com os olhos abertos, e depois fechados. 

Por fim as turmas eram levadas para o interior do país, onde passavam cerca de oito meses, no treinamento propriamente dito de guerrilha rural. Os militares cubanos cuidavam da preparação física dos militantes, davam aulas de tática e cartografia, simulavam emboscadas, promoviam marchas e exercícios de tiro e sobrevivência na mata.

Embora fosse levado muito a sério pelos integrantes de todas as organizações, as condições de treinamento que, supostamente, os colocariam no ambiente e nas situações de uma guerra de guerrilhas foram decepcionantes e despertaram críticas de vários militantes:

"Nós fomos para lá acreditando que íamos encontrar um treinamento que nos desse as condições próximas às que teríamos na guerrilha rural no Brasil. Mas nada disso ocorreu. Nós ficamos num barracão de madeira, onde havia uma cama para cada um; uma coisa rudimentar, mas havia. As refeições eram todas servidas por caminhões do Exército. Até para tomar banho tinha um cano... era um acampamento! Nós protestamos contra isso. Tentamos ganhar os cubanos para o fato de que nós queríamos dormir no mato todos os dias, por mais que isso fosse terrível (...). Aquilo ali era uma brincadeira. O próprio Zé Dirceu (José Dirceu de Oliveira e Silva) dizia que o treinamento era um teatrinho de guerrilha e o pior, um vestibular para o cemitério (...). Bem intencionados, os instrutores eram primários do ponto de vista teórico e político. Longe da realidade que encontrariam na guerrilha, até marchas eram feitas em trilhas." (depoimento de Daniel Aarão Reis, banido do país em troca de liberdade de um embaixador seqüestrado, atual professor de História na Universidade Federal Fluminense; livro "Exílio, Entre Raízes e Radares", escrito por Denise Rollemberg). 

Para muitos, talvez a maioria, a próxima estação não foi o Brasil, mas o mundo. 

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
 

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