Em trecho da decisão relacionada à prisão do ex-diretor de Petrobras Renato Duque, responsável pelas investigações dá uma resposta à críticas feitas contra as investigações da Lava Jato
por Wilson Lima
O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) Sérgio Moro deu uma clara resposta aos críticos da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira (16), no despacho que determinou a prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Para o magistrado, a desvalorização da Petrobras nos últimos meses não pode ser atribuída às investigações da Lava Jato, mas sim aos “criminosos, corruptos e corruptores”.
Durante vários pronunciamentos nos últimos meses, a presidente Dilma Rousseff (PT) saiu em defesa da Petrobras afirmando que os brasileiros precisariam defender a estatal de “predadores internos e inimigos externos”. Do outro lado, alguns setores do PT têm criticado a atuação tanto da Polícia Federal (PF) quanto do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, classificando as investigações como uma ação política que tem o intuito de prejudicar a estatal.
Em resposta às críticas, o juiz Sérgio Moro declara que não se pode fazer uma “estranha inversão de valores”. “Há, é certo, quem prefira culpar a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e até mesmo este Juízo pela situação atual da Petrobras, em uma estranha inversão de valores. Entretanto, o policial que descobre o cadáver não se torna culpado pelo homicídio e a responsabilidade pelos imensos danos sofridos pela Petrobrás e pela economia brasileira só pode recair sobre os criminosos, os corruptos e corruptores”, diz o magistrado.
“O prejudicado principal, em dimensão de inviável cálculo, o cidadão brasileiro, já que prejudicados parcialmente os investimentos da empresa, com reflexos no crescimento econômico”, acrescentou Moro. “O prejudicado principal, em dimensão de inviável cálculo, o cidadão brasileiro, já que prejudicados parcialmente os investimentos da empresa, com reflexos no crescimento econômico. Apesar da certeza de que a Petrobrás irá reerguer-se e que conseguirá desenvolver seus negócios com mais eficiência e economia, já que reprimido o custo decorrente do crime, isso não alivia a responsabilidade criminal dos seus algozes.”
“Mais grave ainda, embora esta parte dos crimes esteja sob a competência do Supremo Tribunal Federal, propinas também eram dirigidas a agentes políticos e a partidos políticos, corrompendo o regime democrático”, ressalta o juiz.
No despacho, o juiz também afirma que Renato Duque teria cometido crimes de lavagem de dinheiro mesmo depois do desencadeamento da Operação Lava Jato. Duque foi preso por manter contas no exterior que foram esvaziadas no final do ano passado. Para o magistrado, existem indícios de que Renato Duque, com receio de ter suas contas na Suíça bloqueadas, transferiu valores para outras contas no Principado de Mônaco.
Wilson Lima
Congresso em Foco - 16/03/2015 - 16:11
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