Queriam a prova? Pois ela veio assim que terminaram as manifestações do domingo, país afora. A entrevista dos ministros Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo fez prova provada do inverso da tese que pretenderam apresentar. O governo é incorrigível! O que tinham a dizer? Nada que suscitasse consideração ou respeito. Ao contrário, mostraram a mesma falsa autossuficiência e a conhecida arrogância. Pacote de combate à corrupção? Me poupem!
Só o impeachment (palavra que em inglês significa acusação, impugnação) da presidente Dilma pode resolver a crise política instaurada no país. De que se acusa o governo? Por que impugná-lo como parte de um ato político devidamente constitucional e objeto de legislação específica? Eis por quê:
- A presidente perdeu quase totalmente apoio popular. Sua permanência no cargo, em tais condições, nada tem a ver com democracia, mas com Estado de Direito. A democracia, a vontade popular, não mais a sustenta. Não mais a referenda. O povo perdeu-lhe o apreço e o respeito. É graças à Constituição que a presidente permanece até que o rito político nela previsto impugne sua presença na chefia do governo e do Estado brasileiro.
- Dilma se esconde do povo. Aonde vai, leva vaia Quando aparece na televisão não tem o que dizer, exceto repetir o discurso de sua inescrupulosa campanha eleitoral e anunciar pacotes que só convêm ao seu partido e ao seu projeto de poder. E leva panelaço.
- Não é admissível, não é probo, não é honesto mentir aos eleitores! É fraudulento vencer uma eleição contando à Nação, até o dia 26, mentiras que caem por terra no dia 27.
- Nem com a maior dose de boa vontade e tolerância se consegue aceitar a tese de que a suprema mandatária, comercializada ao público como “gerentona”, não fosse informada nem percebesse o sumiço de bilhões das contas públicas e o mágico e inebriante retorno dessa dinheirama a seu partido e seus parceiros.
- Não é probo, não é decente, usar recursos públicos para criar no Brasil uma nova classe de bilionários – os bilionários do BNDES – privilegiados com muito dinheiro, a juros subsidiados por nós. Eles enriquecem e a diferença entre o juro subsidiado e o que o Tesouro paga vai para nosso débito.
- Não é moralmente admissível perdoarem-se dívidas de governos ditatoriais para viabilizar a concessão de novos financiamentos que beneficiam empreiteiras amigas da corte e intermediário de muita conversa. É inaceitável que tais operações sejam registradas como sigilosas.
- É ímprobo um governo que escolhe para diretorias de empresas estatais pessoas não apenas desonestas, mas que agiam sob voraz pressão partidária. Não pode ser acaso, então, o fato de dois sucessivos tesoureiros do PT terem ido hospedar-se na cadeia.
- O partido da presidente não se penitencia ante os acontecimentos e promove gritarias para calar a oposição na CPI da Petrobras. Ou seja, a nação está sob comando de um governo e de partidos que defendem criminosos, como faziam seus militantes pagos na última sexta-feira. Como haverão de corrigir-se?
- A compra da refinaria de Pasadena, longe de ser o maior escândalo do governo, foi autorizada por um conselho do qual Dilma era presidente. Foi considerada, na Bélgica, como o “negócio do ano” entre as empresas daquele país. E virou processo criminal nos Estados Unidos.
- A refinaria Abreu Lima teve seus custos de construção elevados de R$ 2 bilhões para R$ 18 bilhões e algo assim só acontece quando a gestão pública atinge indescritível tolerância com a apropriação ilícita dos recursos públicos. Ou dos acionistas.
- Nenhuma empresa privada conviveria 11 dias sequer com uma roubalheira do porte praticado na Petrobras durante 11 anos sem que ela mesma providenciasse o processo criminal dos responsáveis.
- No início do primeiro mandato da presidente Dilma estouraram escândalos em oito (!) ministérios, sinalizando ilicitudes que já corriam, com fluidez e liberdade, desde os mandatos de Lula.
- Só não percebe o que estão fazendo com o país quem não se respeita nem se faz respeitar. O governo e a presidente não podem ser acusados de improbidade? Diga, então o contrário: diga que são probos…
Sei bem que contra estas e muitas outras razões podem ser interpostos vários argumentos. Isso é da natureza do debate político e jurídico. No entanto, esse governo é incorrigível. Ele nada tem a oferecer daquilo que o Brasil precisa. Em defesa do interesse nacional, me posiciono entre os que consideram o impeachment viável, necessário e imposição da consciência nacional.
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