Augusto Nunes
O verbete que enumera as realizações de Tarso Genro
no Ministério da Justiça, que comandou de março de 2007 a fevereiro de 2010,
não vai além de dois tópicos. Um registra a conquista da medalha de ouro na
prova de subserviência nos Jogos Panamericanos de 2007. Outro trata do título
de campeão brasileiro de cinismo, conferido ao companheiro gaúcho em 2010.
Para escalar o pódio do Pan, Tarso ajoelhou-se
diante do ditador Fidel Castro e deportou os pugilistas Erislandy Lara e
Guillermo Rigondeaux, que tentavam escapar de Cuba. A caminho da Alemanha e da
liberdade, ambos descobriram em agosto de 2007 que o ministro da Justiça do
Brasil era um capitão-do-mato a serviço dos irmãos Castro. Capturados pela
Polícia Federal, foram devolvidos à ilha-presídio a bordo de um avião militar
cedido por Hugo Chávez.
“Eles quiseram voltar”, mentiu Tarso depois da
descoberta do monumento à vassalagem. A farsa, abençoada pelo presidente Lula,
seria implodida em janeiro de 2009 pela segunda e bem sucedida tentativa
empreendida pelas vítimas da política externa da canalhice. Longe do pesadelo,
Erislandy e Rigondeaux narraram minuciosamente a trama repulsiva que garantira
a Tarso Genro uma medalha de ouro coberta de lama.
Em 2010, em busca da honraria mais cobiçada pela
elite dos cínicos, o ministro impediu que o terrorista italiano
Cesare Battisti fosse extraditado para cumprir no país de origem a pena de
prisão perpétua aplicada ao executor de quatro “inimigos do proletariado”.
Sempre amparado por Lula, o príncipe dos poetas onanistas esganou a coerência,
rebaixou a “período ditatorial” a Itália democrática dos anos 70 e recitou: não
faria o que fizera aos cubanos porque “não faz sentido entregar um perseguido
ao carrasco”.
Nesta terça-feira, informou o site de VEJA, a juíza Adverci Rates
Mendes de Abreu, da 20ª Vara do Distrito Federal, determinou a deportação de
Battisti. A magistrada considera ilegal o visto de permanência concedido ao
“refugiado político” pelo Conselho Nacional de Imigração. Como a decisão está
sujeita a recursos, o bacharel Tarso Genro já deve ter esboçado o primeiro
deles.
Depois de eleger-se governador do Rio Grande do
Sul, o padrinho fez questão de recepcionar o afilhado bandido no Palácio
Piratini (veja foto acima). Demitido do emprego pelas urnas de
outubro, foi-se o palácio. Em contrapartida, sobra-lhe tempo para cuidar do
assassino de estimação e, simultaneamente, sonhar com a reprise da proeza
protagonizada há cinco anos ─ ao lado do mesmíssimo Battisti.
Nesta temporada de 2015, o campeonato nacional de
cinismo mobiliza concorrentes de grosso calibre. Mas Tarso Genro tem tudo para
erguer a taça pela segunda vez. Nesse campo é um supercraque da modalidade.
Coluna do Augusto Nunes
Revista Veja
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