sexta-feira, 10 de abril de 2020

Um tranco na globalização

Mauricio A Costa

Na tradicional coletiva de imprensa diária da Casa Branca sobre o coronavírus, hoje, Peter Navarro, conselheiro de Trump, acaba de falar em alto e bom som que se há algo que os EUA estão aprendendo com a atual crise é que o país não pode mais depender tanto da cadeia de distribuição global. Falta uma série de coisas nos EUA que ninguém “imaginava” ser possível.

Muita coisa essencial só pode ser obtida hoje se comprada fora do país. Medicamentos básicos e essenciais deixaram de ser produzidos nos EUA nas ultimas décadas. A indústria americana foi dizimada pelos últimos presidentes.

Um militar foi anunciado hoje como coordenador das ações de supply chain para a crise. O que o almirante anunciou é que já foram operacionalizados 6 vôos militares internacionais para abastecer os EUA com itens emergenciais; outros 28 vôos já estão agendados para os próximos dias.
Navarro citou a dependência quase total de medicamentos vindos de fora (China, ok?) e de suprimentos e equipamentos de saúde. Tudo aquilo que já sabemos. Mas o mais importante da sua fala foi quando disse que há hora certa para tudo. Agora os EUA precisam resolver os problemas mais imediatos mas a hora de enfrentar esse desequilíbrio calamitoso vai chegar.
Peter Navarro deixou extremamente claro que isso vai mudar e que esse tipo de situação “não vai se repetir mais”. O que ele quis dizer é que na hora certa o governo americano vai entrar com força total nessa questão da dependência externa, leia-se CHINA.
Navarro tem preparado rascunhos de ordens executivas e projetos para botar fim nisso. Não estranhem o fato de Trump ter parado de chamar a peste de “coronavírus chinês” para chamar de COVID-19. Ele não aderiu ao politicamente correto. O xadrez está sendo jogado num nível muito mais alto que dos meros mortais.

Os EUA vão ganhar esse confronto com a China — que está para começar, vão ganhar também seus mais próximos aliados. Nunca foi tão importante estar ao lado de países como a América. Quem estiver junto, na mesma barca, vai participar desse redesenho que só os EUA têm o cacife para iniciar.

Aos deslumbrados com a China no bananal brasileiro, um recado: o dinheiro chinês não vai comprar a fúria americana contra os culpados por essa desgraça mundial que o mundo tá vivendo.

Aguardem a hora certa.

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04/04/20.

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