Fábio Chazyn
O
ideário político de reformar o sistema judiciário para coibir a corrupção levou
Brutus a cometer a grande traição.
“Sic
semper tyrannis” foi o que Júlio Cesar, o autointitulado “Perpétuo Ditador”,
ouviu do seu amigo traidor quando lhe enfiou-a-faca, alegando que era o que ele
merecia por ter traído a “causa popular”. “Esse é destino dos tiranos” - também
foi o que Abraham Lincoln ouviu de John Wilkes Booth, o ator traiçoeiro que o
alvejou enquanto assistia à peça “Júlio Cesar” na platéia de um teatro de Nova
York, acreditando que o presidente era um traidor por afirmar, o que ele achava
imoral, que os negros seriam iguais aos brancos...
A
traição, o pior dos pecados segundo a Divina Comédia, é punida com o pior
dos castigos. O de ser mastigado pelo Diabo eternamente na única câmara gelada
do Inferno. Na descrição de Dante, Brutus era quem ele viu numa das três bocas
do Diabo.
Se
tivesse vivido no século XIX, Dante teria visto também o algoz de Lincoln, pois
este é o destino merecido de todos os traidores, sejam eles “puros ingênuos ou
mal-intencionados”. Não iriam para o inferno porque tinham opiniões polêmicas
sobre a desigualdade racial ou sobre a melhor estrutura política, como Júlio
Cesar ou Abraham Lincoln, mas sim pela maior das imoralidades, a da traição
seguido de morte, como Brutus ou Booth.
Este
último também não é o caso do juiz Sérgio Moro. Porém não foi certo alegar
circunstâncias especiais para justificar o uso de meios imorais em nome da
defesa da moral. Assumindo uma posição hierarquicamente subordinada, é credível
que Sergio Moro achava que teria, mesmo assim, a garantia de que poderia
realizar o idílio de seu ideário? Ou será que ele não estava maduro o
suficiente para entrar na “política”? Será que não se lembrou das desventuras
quixotescas do herói que nunca chega ”lá”? O que levou Moro a tentar cruzar o
Rubicão sozinho? As aventuras de “heróis” têm alguma chance de relevância na
nossa História?
Os
ideais que inspiraram Brutus e Júlio Cesar vinham de longe. Pagaram caro por
não terem entendido que a polêmica também vinha de longe. Eles não entenderam
que a História não depende da ação de um homem ou de um grupelho deles. Uma
andorinha só não faz verão; é preciso de todas elas. Os destinos de Brutus e de
Júlio Cesar estavam traçados. No cada-um-p’ra-si, dividiram as suas forças e
facilitaram a vitória dos inimigos do povo.
Assim
como eles, outros que tentaram defender o povo, sem o povo, tiveram o mesmo
destino. Os jacobinos da revolução francesa ou os bolcheviques da revolução
russa tinham um bom discurso, mas pagaram por não terem compreendido que
cidadania não se delega. Um cidadão pode ter representantes, mas o exercício da
cidadania, não. Um cidadão tem direitos, que podem ser reclamados por outrem.
Mas as suas responsabilidades, não.
Já é
hora dos candidatos-a-heróis aprenderem a lição da História. Idealistas
divididos acabam sempre abrindo portas para oportunistas bem versados na
retórica da “causa popular”, sempre prontos para usurpar o poder e trair o
povo. Este sim também pecado capital.
O
momento não é para tentar reinventar-a-roda e repetir as burrices dos
idealistas politicamente imaturos. O momento é de aprender com o passado. É de
fazer a melhor opção no projeto de Nação que queremos construir. É de definir
um plano estratégico p’ra chegar lá.
Este exercício de cidadania envolve
toda a sociedade, sem delegação a terceiros, por ser responsabilidade de cada
um. O ponto-de-partida mais didático é recolher opiniões sobre como seriam os
termos de uma Constituição Federal que enseje futuro com prosperidade para os
brasileiros.
Muitas opiniões já estão em ponto de
serem apresentadas pela sociedade para a sociedade, diretamente. Sem
representantes intermediários.
É a
chance que as técnicas de Inteligência Artificial Coletiva* nos trouxeram. É a
chance que a Internet trouxe para dar Voz a todos os brasileiros.
Precisamos
que o mandatário da Nação dê o tiro-de-partida e que pare de dar-tiro-no-pé!
Link
para visualizar ANOR em entrevista hipotética a Will Smith sobre o Canal do
Cidadão: https://www.youtube.com/watch?v=crbGeHz0St4 ou
escanei o QR Code abaixo.
Fabio
Chazyn, autor dos livros “Consumo Já! Projeto Vale-Consumo” (2019) e “O Brasil
Tem Futuro? Projeto A.N.O.R. – Inteligência Artificial Coletiva” (2020) https://clubedeautores.com.br/livro/o-brasil-tem-futuro
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