Bruna de Pieri
A igreja teve que
eliminar as referências aos Dez Mandamentos, depois de repetidas instruções do
governo
As igrejas cristãs na China receberam a ordem de retirar
qualquer tipo de exibição ou referência aos Dez Mandamentos e substituí-los por
citações do presidente chinês Xi Jinping, de acordo com relatórios recentes.
A revista ‘Bitter Winter’, que cobre temas de liberdade
religiosa e direitos humanos na China, informou que o pedido foi feito
especificamente às igrejas da denominação protestante “Movimento Patriótico dos
Três Seres”.
A nova diretriz ocorreu depois que, em um primeiro
momento, pediu-se à igreja protestante que eliminasse o Primeiro
Mandamento que faz referência a “Não terás deuses alheios diante de mim”, pois
Jinping não estava de acordo.
Também se indica que aqueles que se negaram a eliminar
algum ou todos os mandamentos foram presos; inclusive aconteceu com pessoas de
algumas igrejas que cumpriram com as instruções.
Funcionários do Departamento de Trabalho da Frente Unida
do Comitê Central do Partido Comunista Chinês indicaram, no final de junho, aos
membros de uma igreja dos “Três Seres”, localizada na cidade de Luoyang, que “o
Partido deve ser obedecido em todos os aspectos”.
“Sempre tem que fazer o que o partido diga. Se você
contradisser, sua igreja será fechada imediatamente”, advertiram.
A igreja teve que eliminar as referências aos Dez
Mandamentos, depois de repetidas instruções do governo.
Três igrejas dessa denominação já foram fechadas por não
eliminarem as exibições. Segundo os relatos, os fiéis que não estão de acordo
foram ameaçados de serem colocados em listas negras do governo, o que leva a
restrições de viagem e a exclusão de seus filhos de algumas escolas ou
empregos.
Em vez dos Dez Mandamentos, as igrejas dos “Três Seres”
agora mostram citações que promovem o socialismo e alertam contra a influência
do Ocidente na China.
Um pastor da igreja protestante disse a ‘Bitter Winter’
que temia que o governo chinês tentasse lentamente se converter em uma figura
divina.
“O primeiro passo do governo é proibir as mensagens
religiosas. Em seguida, retira as cruzes e começa a implementar os ‘quatro
requisitos’, ordenando que a bandeira nacional e os ‘valores socialistas
centrais’ sejam colocados nas igrejas. Em seguida, câmeras de vigilância são
instaladas para monitorar os fiéis e as atividades religiosas. O último passo é
substituir os Dez Mandamentos pelos discursos de Xi Jinping ”, disse o pastor,
que preferiu permanecer anônimo.
Desde que chegou ao poder em 2013, o presidente chinês Xi
Jinping ordenou a “sinização” de todas as religiões na China, uma medida que a
Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos chamou de “uma
estratégia de grande alcance para controlar, governar e manipular todos os
aspectos da fé em um molde socialista infundido com ‘características
chinesas’”.
A adaptação do programa de “sinização” ao Vaticano foi um
tema muito discutido durante a formalização do acordo de 2018 entre o Vaticano
e a China, que regularizou os bispos nomeados pelo governo deste país
junto à Santa Sé.
Anteriormente, os bispos afiliados à “Associação
Patriótica Católica Chinesa” foram consagrados ilicitamente e mantidos fora da
comunhão com Roma.
Os termos completos do acordo entre o Vaticano e a China
não foram publicados.
Terça Livre - Por: ACI Digital
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