Luan Sperandio Teixeira
O
panorama não é novo, tampouco desconhecido: a política estudantil é dominada
por diferentes tons de esquerda, útil para alunos se promoverem politicamente e
para partidos políticos financiarem grupos para fomentarem suas ideologias nos
eventos promovidos por Centros Acadêmicos e Diretórios Centrais de Estudantes.
Nesse
sentido, o tripé acadêmico – basilado pelo ensino, pesquisa e extensão – acaba
sendo mitigado porque os eventos organizados por essas entidades acadêmicas
aparelhadas muitas vezes não expressam verdadeiro debate. Não há os dois lados,
os denominados “debates” não raramente são palestras com dois ou três
convidados com a mesma ideologia, prejudicando o contraditório. Isto é, usam a
novilíngua que George Orwell nos alertou para pautarem algumas
idéias em detrimento de outras, ao invés de promoverem a discussão entre ambas.
Afinal,
se a academia não é um ambiente favorável ao debate de ideias, sendo hostil a
algumas correntes de pensamento, então onde haverá esse espaço de diálogo?
Nos
últimos anos, notadamente na Universidade de Brasília (UnB) e na Pontifícia
Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, surgiram oposições apartidárias
a esses nichos partidários e ideológicos. Como consequência, o Movimento
Universidade Livre (MUL) também surge como organização estudantil com estrutura
bem diferente da União Nacional dos Estudantes (UNE), e tendo como escopo
combater o aparelhamento, que infelizmente a UNE vem sofrendo.
O
cenário atual ainda se trata de um verdadeiro monopólio no qual os alunos que
se desinteressam pela política estudantil e estão na Universidade apenas
focados em estudarem e se formarem, parafraseando Arnold Toynbee¹, são punidos
ao serem “representados” pelos estudantes que se interessaram.
É
preciso romper com a doutrinação nas faculdades e o seu conhecido aparelhamento
partidário. Porém, apenas há rompimento de paradigmas e de dogmas lançando mão
de valores maiores que os vigentes e que fundamentaram a formação do status quo. Destarte, os valores que devem
nortear uma sociedade livre, que somente é possível através de uma academia
livre, devem ser a liberdade, a tolerância e o respeito à diversidade de
opiniões. Por fim, estudantes comprometidos com uma sociedade melhor deveriam
se preocupar, além do êxito em obter o diploma, mais com a difusão desses
valores.
Nota:
1. “O maior castigo para
aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se
interessam.”
Instituto Liberal
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