sábado, 23 de maio de 2015

O aparelhamento do movimento estudantil. O que faremos ?



Luan Sperandio Teixeira

O panorama não é novo, tampouco desconhecido: a política estudantil é dominada por diferentes tons de esquerda, útil para alunos se promoverem politicamente e para partidos políticos financiarem grupos para fomentarem suas ideologias nos eventos promovidos por Centros Acadêmicos e Diretórios Centrais de Estudantes.

Nesse sentido, o tripé acadêmico – basilado pelo ensino, pesquisa e extensão – acaba sendo mitigado porque os eventos organizados por essas entidades acadêmicas aparelhadas muitas vezes não expressam verdadeiro debate. Não há os dois lados, os denominados “debates” não raramente são palestras com dois ou três convidados com a mesma ideologia, prejudicando o contraditório. Isto é, usam a novilíngua que George Orwell nos alertou para pautarem algumas idéias em detrimento de outras, ao invés de promoverem a discussão entre ambas.

Afinal, se a academia não é um ambiente favorável ao debate de ideias, sendo hostil a algumas correntes de pensamento, então onde haverá esse espaço de diálogo?

Nos últimos anos, notadamente na Universidade de Brasília (UnB) e na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, surgiram oposições apartidárias a esses nichos partidários e ideológicos. Como consequência, o Movimento Universidade Livre (MUL) também surge como organização estudantil com estrutura bem diferente da União Nacional dos Estudantes (UNE), e tendo como escopo combater o aparelhamento, que infelizmente a UNE vem sofrendo.

O cenário atual ainda se trata de um verdadeiro monopólio no qual os alunos que se desinteressam pela política estudantil e estão na Universidade apenas focados em estudarem e se formarem, parafraseando Arnold Toynbee¹, são punidos ao serem “representados” pelos estudantes que se interessaram.

É preciso romper com a doutrinação nas faculdades e o seu conhecido aparelhamento partidário. Porém, apenas há rompimento de paradigmas e de dogmas lançando mão de valores maiores que os vigentes e que fundamentaram a formação do status quo. Destarte, os valores que devem nortear uma sociedade livre, que somente é possível através de uma academia livre, devem ser a liberdade, a tolerância e o respeito à diversidade de opiniões. Por fim, estudantes comprometidos com uma sociedade melhor deveriam se preocupar, além do êxito em obter o diploma, mais com a difusão desses valores.

Nota:

1. “O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam.”

Instituto Liberal




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