“O
Estado”
A presidente Dilma Rousseff classificou a reunião
que teve com Li Keqiang, primeiro-ministro da China, como importante para as
relações entre os dois países. A fala dela ocorreu na saída do evento onde
foram assinados 35 atos e após a ida do primeiro-ministro para o Palácio do
Itamaraty. A presidente disse ainda que aceitou um convite do presidente chinês
Xi Jinping e que programa uma nova visita ao país asiático em 2016.
"Tivemos nesta manhã uma reunião
produtiva", disse, destacando um plano conjunto que prevê ações entre 2015
e 2021. "Esse plano inaugura uma etapa superior do nosso relacionamento",
disse.
Dilma disse que o Brasil quer que empresários
chineses participem de investimentos em refinarias e estaleiros por aqui. Ao
lembrar dos acordos assinados entre a Petrobrás e empresas chinesas, Dilma
destacou que a parceria "reflete não só a confiança na Petrobrás",
mas também amplia a "parceria que temos com as empresas chinesas no Campo
de Libra".
Dois acordos foram firmados, totalizando US$ 7
bilhões. O presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, e o presidente do Cexim,
Hu Xiaolian, assinaram acordo-quadro de cooperação para financiamento de
projetos da Petrobrás no valor de US$ 2 bilhões. Bendine também assinou acordo
com o presidente do Conselho do Banco de Desenvolvimento da China (CDB), Hu
Huaibang, que prevê financiamento de projetos da Petrobrás no valor de US$ 5
bilhões.
Infraestrutura. A
presidente defendeu que essas reuniões trouxeram características novas, com
ênfase em infraestrutura. Ela destacou os investimentos na ferrovia
transcontinental como uma das mais importantes. "Ela é uma ferrovia
estratégica para o Brasil, liga o Atlântico ao Pacífico", disse a
presidente.
O projeto pretende ligar áreas brasileiras mais
rapidamente ao Peru. "Brasil, Peru e China iniciam juntos estudos de
viabilidade para conexão ferroviária transcontinental, que vai cruzar o nosso
País sentido leste-oeste", disse. "A ferrovia vai cortar o continente
sul-americano, ligando o Oceano Atlântico e o Pacífico. E convidamos empresas
chinesas a participar dessa grande obra", completou, destacando que a ferrovia
atravessará os Andes até chegar ao Peru. "É um novo caminho para a Ásia,
que vai reduzir a distância e os custos", acrescentou.
Dilma também destacou o acordo entre a Caixa
Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), que deve
alcançar US$ 50 bilhões. "Tem também o fundo feito entre o governo chinês
com o governo brasileiro. A parte chinesa oferece colocar US$ 30 bilhões. Nós
vamos colocar outra quantia que estamos avaliando ainda o quanto",
explicou a presidente. Ela ainda disse que eles têm interesses em estaleiros,
refinarias e na licitação do remanescente da faixa de 4G para celular.
Entre os diversos acordos firmados entre os dois
países, Dilma também destacou os firmados na área de comércio. "Teremos a
oportunidade dialogar com o empresariado dos dois países sobre o importante
papel que exercem nesse processo", afirmou. Dilma disse que é preciso que
o comércio entre os dois países seja cada vez mais intenso e aberto. Segundo
ela, é preciso aperfeiçoar as relações econômicas, "buscando maior
harmonia, respeito e benefícios mútuos". Segundo Dilma, os dois países
também vão utilizar o mecanismo de pagamento em moedas locais, com R$ 60
bilhões por parte do Brasil e 190 bilhões de yuans pelo lado dos chineses. Isso
é uma forma de diminuir a dependência do dólar e, segundo a presidente,
"contribui para mitigar oscilações monetárias no comércio
internacional".
Veja abaixo alguns acordos que foram firmados ou
podem ser fechados entre os dois países, segundo fontes do governo.
Energia
Deve ser assinado um acordo de conclusão de
transferência de ações da EDPR (Brasil) para o Grupo de Três Gargantas sobre
projeto de energia eólica de 321MW. De acordo com documento obtido com
exclusividade pela Agência Estado, o
acordo inclui 11 projetos de parques eólicos, concluídos ou em construção,
localizados nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Além disso, o grupo China
Three Gorges, dono da maior hidrelétrica do mundo, reafirmou seu interesse em
construir a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, usina estimada em mais de R$
30 bilhões que o governo quer erguer na Amazônia.
Painéis
O Brasil deve construir em parceria com a China uma
fábrica de painéis solares fotovoltaicos. O acordo será fechado entre a Agência
Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex) e a BYD Energy do
Brasil. A cooperação prevê investimentos de R$ 150 milhões para a construção da
fábrica.
Satélite
O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do
Brasil e a Administração Nacional de Ciência, Tecnologia e Indústria para
Defesa Nacional da China devem assinar um protocolo complementar sobre a
pesquisa e produção conjunta do satélite de recursos terrestres China-Brazil
Earth Resources Satellite (CBERS) 04A.
Bancos
A Caixa Econômica Federal e o Industrial and
Commercial Bank of China (ICBC) devem assinar um memorando de entendimento para
a criação de oportunidades de negócios entre o Brasil e o país asiático. O
acordo prevê "implementação conjunta de projetos que ofereçam suporte -
por meio de crédito, arranjos de financiamento e fundos de investimento - para
a promoção dos investimentos e a criação de oportunidades de negócios entre os
dois países". Ainda segundo o documento, "os projetos serão inseridos
no programa 'Green Finance Program for Latin America and Caribbean Regions', de
iniciativa do ICBC e que visa a financiar projetos sustentáveis de
infraestrutura."
Navios
A Vale informou em um comunicado que concluiu a
venda de quatro navios VLOCs com capacidade de 400 mil toneladas para a China
Ocean Shipping Company (Cosco), o maior armador e transportador de granéis
sólidos da China e um dos maiores operadores de granéis sólidos do mundo. As
embarcações são atualmente operadas pela Vale. Segundo a mineradora, a
transação está relacionada com o acordo assinado com a Cosco em 12 de setembro
de 2014 e totaliza US$ 445 milhões. O montante será recebido pela Vale mediante
a entrega dos navios para a Cosco, que está prevista para acontecer em junho de
2015.
Telecomunicações
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, e o diretor da
Administração Nacional de Ciência, Tecnologia e Indústria para Defesa Nacional
da China, Xu Dazhe, assinaram há pouco um "memorando de entendimento sobre
sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação".
A celebração do acordo faz parte de 35 atos assinados entre China e
Brasil, em cerimônia no Palácio do Planalto da qual participam a presidente
Dilma Rousseff e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em visita oficial ao
País.
Bolsa
A BM&FBovespa deve fechar um acordo de
cooperação com o Banco da China. O acordo prevê expansão da colaboração nas
áreas de parcerias preferenciais e de acesso ao mercado brasileiro de capitais.
A previsão era que o acordo fosse assinado pelo diretor-executivo de Produtos e
Clientes da bolsa, Eduardo Guardia, e o presidente do Banco da China, Chen
Seqing. A parceria era dada como negociada pelas autoridades brasileiras
ontem à noite, segundo o documento obtido pelo Broadcast, mas ainda não havia
sido oficializada. O acordo faz parte de uma série de atos que serão assinados
durante a visita ao Brasil de Li Keqiang, primeiro-ministro da China, e mais
150 empresários. (Colaboraram André Borges, Álvaro Campos, Beth
Moreira, Carla Araújo, Victor Martins, Rafael Moraes Moura, Ricardo Della
Coletta)
“Estadão” -
19.05.15
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