O Globo, El País e agências internacionais
(*)
Segundo vice do
líder Pedro Sánchez, PSOE apostará em governo minoritário
MADRI — A vice-primeira-ministra da Espanha, Carmen
Calvo, disse nesta segunda-feira que os socialistas tentarão governar a Espanha
sem uma coalizão formal. Na véspera, o Partido Socialista Operário Espanhol
(PSOE) confirmou o favoritismo nas eleições gerais, amealhou maioria absoluta
no Senado e obteve 123 cadeiras na Câmara, a maior bancada, mas longe da
maioria absoluta de 176 cadeiras. Agora, o líder da legenda e atual
primeiro-ministro, Pedro Sánchez, precisará negociar a formação do governo para
ser reconduzido ao posto. Em entrevista à rede SER, Carmen destacou que os
socialistas querem "conversar com todo mundo", mas "governar com
as próprias forças".
— O PSOE vai tentar um governo solitário — afirmou a
vice-presidente do governo.
Os socialistas governaram o país com apenas 85 cadeiras
na Câmara desde junho do ano passado, depois que uma moção de desconfiança
forçou a queda do primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular, de
direita. Para sua eleição no Parlamento em 2018, Sánchez teve o apoio do
Podemos, de esquerda, e de pequenas legendas regionais e nacionalistas. Ele
governou com o apoio informal dessas forças até que os partidos
independentistas da Catalunha votaram contra a aprovação do Orçamento, em
fevereiro, precipitando a convocação de eleições antecipadas, realizadas no
domingo.
Na entrevista à rede SER, Carmen Calvo defendeu que o
PSOE mantenha a fórmula adotada na última gestão e tente governar sozinho.
— Vamos tentar sobretudo porque acreditamos, como partido
e como governo, que em muito curto espaço de tempo as pessoas nos entenderam
muito bem. Somos o socialismo que gosta de governar para mudar as coisas —
destacou Carmen. — Governamos com 85 cadeiras, derrubando a direita com a
Constituição na mão para demonstrar que a política tem de servir à realidade.
Na noite de domingo, a maioria dos analistas apostava em
uma coalizão dos socialistas com o Podemos, que obteve 42 assentos nas
eleições. A aliança ficaria, ainda assim, 11 cadeiras aquém da maioria
absoluta, o que poderia significar uma aproximação com partidos menores,
provavelmente nacionalistas bascos ou separatistas catalães.
Deputada eleita do Podemos, Pilar Garrido criticou a
ideia de um governo solitário do PSOE e destacou que tal formação "pode
levar a um bloqueio" no Parlamento.
— Os governos monocromáticos do bipartidarismo não têm
mais sentido — apontou, referindo-se ao período da redemocratização espanhola,
no final dos anos 1970, até 2011, quando o Parlamento era dominado por apenas
dois partidos, o social-democrata PSOE e o direitista PP.
No domingo, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, já havia
afirmado que a legenda é "imprescindível para que haja um governo de
esquerda na Espanha".
Pedro Sánchez tem ainda a possibilidade de formar um
governo com o Cidadãos — de centro-direita, que obteve 57 assentos —, mas a
hipótese perdeu força ao ser descartada durante a campanha pelo líder da
legenda, Albert Rivera. Trata-se da solução preferida dos mercados financeiros,
já que conduziria o PSOE para o centro.
A vice-premier Carmen Calvo ratificou nesta segunda-feira
que o PSOE quer gerar um clima de entendimento entre partidos, mas que o
Cidadãos "nada traz" à mesa. Pelo Twitter, Rivera destacou que seu
partido vai "liderar a oposição para controlar o governo".
Negociação
arrastada
As negociações podem durar semanas, senão meses. A
primeira sessão da legislatura eleita domingo está prevista para 21 de maio. Só
depois disso, e sem prazo definido para tanto, o rei Felipe VI consultará as
lideranças partidárias para chegar a um nome de primeiro-ministro com que a
Casa concorde. Há eleições regionais e locais em 26 de maio — no mesmo dia das
eleições para o Parlamento Europeu —, que atrasarão as conversas de governo.
Isso significa ser improvável que um novo governo esteja pronto antes de junho
ou julho.
Para tomar posse, um novo governo precisa de maioria
absoluta numa votação parlamentar de primeiro turno. Em segundo turno, basta
uma vitória por maioria simples. Caso o candidato não consiga votos
suficientes, começa a correr o prazo de dois meses para que os deputados
escolham um novo premier, antes que o Parlamento seja dissolvido e outra
eleição seja marcada para 54 dias depois.
(*)
Comentário do editor do blog-MBF: para o Brasil, o sistema em que o Congresso “elege”
o Primeiro-Ministro, não funcionaria, pois nosso sistema político dominado por “partidos”,
funciona à base da compra pura e simples dos eleitores, no caso, os deputados e
senadores.
Não sei se na
Espanha e Portugal ocorre o mesmo, compra dos eleitores, mas a população fica
de fora dos “arranjos” de gabinete.
Primeiro os
partidos nos impõem os candidatos, e depois, os escolhidos, naquilo que se
convencionou chamar de eleições, se acertam entre si.
Isto nada tem a ver
com democracia, se considerarmos democracia como Poder do Povo, Governo do Povo. Quem tem que escolher os candidatos
em uma eleição, são os próprios eleitores, a sociedade.
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