Martim
Berto Fuchs
Difícil
mudar um país que começa errado.
A elite que dominou a república recém proclamada era a mesma que
dominava o Império: preguiçosa, admiradora do ócio, da boa vida e dos produtos
importados; acabou tornando-se subornável e corrupta, por pura conveniência.
Nossa elite nunca teve espírito empreendedor, pois isto implicava em
trabalhar duro para conseguir algo. Era mais prático viver as custas do
governo, e comprar pronto do exterior aquilo de que precisava.
As empresas privadas de que qualquer país necessita se quer se tornar
uma nação próspera, eram também importadas, prontas, tendo nossas elites,
quando muito, os cargos de gerente.
Pagávamos royalties para o exterior para extrair água do solo e para
transportar pessoas em bondes de tração animal.
Não admira que pessoas contrárias à este estado de coisas se
revoltassem. A maioria dos nossos militares é oriunda das classes menos favorecidas,
que nunca olharam com bons olhos para essas anomalias.
Trinta anos depois da república aconteceu a primeira revolta dos militares,
e motivos não lhes faltavam. Depois de 1922 as revoltas se sucederam e pelos
mesmos motivos: a falta de iniciativa das nossas elites, que terceirizavam toda
iniciativa privada para empresários do exterior.
Deste cenário começaram a surgir as empresas estatais, nacionais, dominadas
inicialmente por militares. Estratégicas ? Se o foram no início, não o são mais,
principalmente após o término da guerra fria.
A índole das nossas elites, preguiçosa, subornável e corrupta, que não
obstante sempre viveu muito bem, independente das condições do povo, que quase
sempre viveu mal, teve outra conseqüência, além dos militares nacionalistas, e
esta, trágica: as idéias socialistas. Até Getúlio Vargas combateu este câncer, mas
ele ficou incubado, esperando o momento, pois nossa cultura não mudou.
Foi depois da crise de 1982, causada pelo segundo choque do petróleo
em 1979, e que também elevou os juros internacionais à mais de 20% a.a. sobre
uma dívida contratada à juros baixos, que o capitalismo de estado do governo não
pode mais honrar seus compromissos externos, arrastando consigo todas empresas
privadas que acreditaram no desenvolvimento à base de empréstimos. Praticamente
toda indústria privada nacional, ainda incipiente, acabou ali.
Em cima desta desgraça que foi a crise da dívida, como não poderia
deixar de acontecer, renasceu o socialismo, que sempre se alimentou da miséria.
Depois de 1985 o socialismo começou por tomar conta das escolas
públicas, criando uma legião de alienados mentais, incapazes de pensar fora do
consenso de manada. Se formaram, se empregaram aos milhares no setor público, unindo-se
à elite já há décadas encostada, e formaram este Estado paquidérmico que a
sociedade não mais agüenta carregar.
Esta mentalidade nacionalista estatizante, que se em algum momento
teve sua razão de ser, tem que ser abandonada. Já foi abandonada no mundo
inteiro, até na China de Mao Tse Tung, que manteve um governo autoritário, mas na
economia aderiu ao mercado.
Foi na educação que começou a tragédia socialista e é na educação que
ela terá que ser revertida. Paralelamente, não adianta acreditar que
liberalismo é solução, pois não é. Liberalismo clássico trará de volta o
socialismo, pois um não sobrevive sem o outro; são faces da mesma moeda.
Livre iniciativa, capitalismo, poupança interna via Fundo de
Investimento e Previdência Social para alavancar a empresa nacional, e repartição
dos resultados de toda produção em partes iguais entre capital e trabalho.
Isto só será possível mediante um novo Contrato Social, começando pelo
sistema eleitoral, hoje dominado por organizações criminosas também conhecidas
por partidos políticos, e toda estrutura de poder que isto acarretou.
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