Percival
Puggina
Vitorio Messori, cientista político e jornalista italiano, abre as
quase 700 páginas de seu notável “Pensare la história – Una lettura cattolica
dell’avventura umana” relatando a advertência que um dia lhe fizera Léo Moulin,
que durante meio século foi docente de Sociologia na Universidade de Bruxelas.
Messori o descreve como um racionalista agnóstico muito próximo do ateísmo.
Traduzirei pequeno trecho extraído da página 23 da edição italiana. Diz Moulin:
“A obra prima da propaganda anticristã é ser bem sucedida em criar nos
cristãos, sobretudo nos católicos, uma consciência pesada; em instalar neles o
embaraço, quando não a vergonha perante a própria história. A custa de insistir
furiosamente, desde a Reforma até hoje, os convenceram de serem os responsáveis
por todos ou quase todos os males do mundo. Paralisaram-vos na autocrítica
masoquista para neutralizar a crítica dos que tomaram vosso lugar.”(...)“A
todos deixastes apresentar a conta, frequentemente errada, sem quase discutir.”
Todo esse preâmbulo é aproveitável ao que quero dizer, referindo-me à
História do Brasil e às suas raízes cravadas na Civilização Ocidental, conforme
contada em nossas salas de aula por professores militantes de causas políticas.
Também eles, por motivos análogos, precisam desenvolver nos alunos essa
consciência pesada, o embaraço, a vergonha, para atribuir e distribuir aqui
culpas pelos males nacionais, ali créditos em virtude desses mesmos males.
Nesse caso, a quem melhor do que a História e seus protagonistas para
inculpar? Paralisada por essa autocrítica, parcela significativa do Brasil
supostamente pensante, ao longo de muitos anos, não conseguiu sequer criticar,
como percebia Léo Moulin, as torpezas dos que com essa estratégia,
desmoralizando tudo e todos, chegaram ao poder.
É notório o que acontece em tantas salas de aula onde a dignidade
nacional é derrubada a toco de giz; onde a liberdade é atributo unilateral e
unidirecional, e a possibilidade de contestação é limitada pelo volume de
insultos e perseguições que o contestador esteja disposto a suportar.
Para cada episódio ou personalidade significativa da História do
Brasil ou do Ocidente há pelo menos um relato depreciativo a fazer, entre
sorrisos irônicos e expressões de desprezo, numa atitude que faz lembrar
aquelas senhoras de velhos filmes italianos, vestidas de preto, entrincheiradas
atrás de suas janelas, espalhando intrigas maliciosas.
Quanto mal fazem! E é tão fácil entender suas motivações! Como usam a
História e as demais ciências sociais para analisarem as realidades em
perspectiva marxista, nada presta, nada é bom, nada tem dignidade, porque, como
dizem, “nem o comunismo entendeu bem a obra de Marx”. Precisam declarar maligna
e errada toda a obra humana através dos milênios, desde o momento em que os
primitivos se desviaram do uso comum dos bens, marcaram território ou
construíram cerca. É como se a partir daí tudo pudesse ser descrito como etapa
na direção do capitalismo e da burguesia, a clamar por revolução.
O marxismo irrefutado em sala de aula faz mais mal ao Brasil que a
soma de todas as corrupções.
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do puggina
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