Fernando Jasper
Para Manoel Dias, o que existe são
ajustes. O resto é invenção de adversários políticos e da “grande mídia de oposição”
É comum que um ministro tente inspirar
otimismo entre cidadãos e empresários. Mas o titular da pasta do Trabalho,
Manoel Dias, vai além. Em sucessivas declarações nos últimos meses, ele tem
defendido que a crise econômica não existe; ela seria, na verdade, uma invenção
da oposição e da imprensa para desestabilizar o governo.
Sobre as demissões no mercado formal –
244 mil postos de trabalho foram fechados no país de janeiro a maio, 116 mil apenas no mês passado –,
Dias argumenta que elas são fruto do clima pessimista criado por quem discorda
do governo. No começo do mês, por exemplo, ele disse o seguinte: “Não tem
crise. Nós temos dificuldades, ajustes. A crise é política. Tentam criar uma
crise política”.
Confira abaixo uma seleção de
declarações do ministro e veja se você concorda com ele:
“Eu sou sempre
otimista e não acho que está tão ruim quanto querem. Há uma campanha deliberada
da grande mídia de oposição, que cria um ambiente de dúvida acumulado com essa
corrupção que está sendo desvendada.”
Em 9 de fevereiro, em análise
sobre a economia e a Operação Lava Jato
“A crise é
mundial, não é uma exclusividade do Brasil. E o governo está tomando
providências para recuperar o emprego, sem prejuízo de investimentos nos
programas sociais. Vivendo momentos de dificuldade, mas não [estamos]
diminuindo o número de empregos. No ano passado, geramos mais 400 mil empregos
e esperamos, para maio e junho, a retomada do número de postos de trabalho.”
Em 9 de março, ao
comentar que as 81.774 demissões de janeiro, as mais fortes para o mês desde o início da série histórica, foram resultado de uma situação “atípica”.
“Essa onda afeta
as pessoas, mas com essa onda de que o Brasil vai acabar, ele posterga, o mesmo
vale para quem ia comprar um apartamento e isso também afeta o empresário.”
Em 18 de março, ao
comentar a extinção de
2.415 vagas formais no mês
anterior
“Apesar de toda
a dificuldade, diante do momento em que vivemos e um discurso de que nós
estaríamos vivendo momento difícil, o Caged mostra recuperação. (...) Tivemos
um janeiro negativo, um fevereiro que estabilizou e março já geramos emprego. A
expectativa é de um abril ainda melhor.”
Em 23 de abril, ao
anunciar a geração de
19.282 empregos em todo o país no mês anterior, o único número positivo de 2015
até agora
“O trabalhador
votou errado, porque não tinha consciência política e ideológica de que cada um
tem o seu lado.”
Em 30 de março, ao
apontar que a classe trabalhadora perdeu 45% de sua representação no Congresso após as eleições de 2014
“Quem pretende
empreender, desiste e não contrata, o que se reflete no mercado de trabalho.”
Em 22 de maio, ao
anunciar o corte de 97.828 postos formais de trabalho em abril. Segundo ele, a
crise política
é que
teria gerado um problema econômico
“Quem está em
crise hoje é o mundo. Não somos nós.”
Em 8 de junho, sobre
a suposta crise econômica
“Há um discurso
pessimista e que assusta a população. Porque a crise política é que afeta a
econômica. As pessoas se assustam e postergam às vezes a compra de um carro, de
um apartamento. Não tem crise. Nós temos dificuldades, ajustes. A crise é
política. Tentam criar uma crise política.”
Em 8 de junho, ao
comentar o que classifica de discurso da “oposição inconformada”
“Um país que criou
23 milhões de empregos, se fecha 200, 300 [mil], não é nada. Estão fazendo uma
campanha pessimista, dizendo que o país acabou.”
Em 16 de junho, a
respeito do fechamento de postos de trabalho
Jornal Gazeta
do Povo - PR.
19.06.15
Comentário do blog: Em que país esse tal de Manoel vive ? (MBF).
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