terça-feira, 21 de abril de 2015

Fundos de Pensão: como botar ovos no ninho do vizinho

Por Sérgio Salgado

A vida é mesmo maravilhosa de ser vivida, principalmente quando tentamos e conseguimos ser corretos.

Há quase 4 anos um grupo de participantes da nossa Petros, alertados pela análise-denúncia, produzida pelo Domingos Saboya, sobre a operação NTNB´s /Itaúsa ON / CAMARGO CORREA (que envolveu 1/3 dos ativos da fundação, ou perto de R$20 bilhões naquele momento, dez/2010) , vem investigando, diariamente, o que ocorre com seus ativos e esse resultado vem sendo denunciado a jornais, seus jornalistas, ouvidorias da petros/petrobrás, presidências das entidades, conselheiros eleitos (indicados pelo cdpp) e a alguns participantes dos nossos fóruns de discussões.

O Globo chegou a editoriar que nós participantes éramos cúmplices dos rombos na fundação, porque, segundo eles, estávamos todos de boca calada. Evidente que seus jornalistas, entre eles o Alexandre, sabiam que isso não era verdade, mas preferiram se calar a se indisporem com seus chefes.

Até agora nenhum dos citados produziu qualquer coisa que estancasse o prejuízo em que enfiaram o nosso e os demais fundos de pensão. Aliás nunca se preocuparam, mais interessados que estavam em discursar para plateias cativas e carneirinhas que ainda acreditam que temos bagagem para lutar. Alguns desses jornalistas preferem sensacionalismos que sugerem que fazem alguma coisa. Não fazem, são copistas em sua grande maioria, medrosos, porque não se insurgem contra esses disparates que a maioria dos participantes das fundações responsáveis vêm trazendo a público, desesperados porque terão que arcar com prejuízos sobre os quais não têm qualquer responsabilidade.

Por parte dos eleitos indicados pelo cdpp, ALÉM DE JUSTIFICAREM A OPERAÇÃO – em todos os momentos -, tratavam e ainda tratam este grupo de colaboradores, como terroristas. Em nenhum momento se prontificaram a discutir o assunto de forma a esclarecer o que estava ocorrendo. Pior que isso, mesmo fugindo às discussões, em todos os momentos somente punham panos quentes no problema, justificando das piores formas possíveis as aplicações ruinosas que eram facilmente perceptíveis a quem tenha um mínimo de conhecimento do assunto.

Precisou explodir a Lava Jato e gerar consequências longe ainda de finalização num horizonte de médio prazo, atingindo diretamente a nossa fundação (e certamente outros fundos, dada a “similaridade” das geniais aplicações executadas pelos gestores que “só” praticam a boa governança).

É claro que esse tipo de gestão só ocorreu porque teve a seu favor o acobertamento implícito dado pelos conselheiros eleitos indicados pelo cdpp, pois, se esses tivessem descido do salto alto que calçavam, certamente não estaríamos nós com metade desses problemas.

E ISSO SÓ OCORRE AGORA PORQUE ESTÃO DE OLHO NAS ELEIÇÕES PARA OS CONSELHOS, E TALVEZ ATÉ PARA A PRÓPRIA DIREÇÃO.

Há porém uma questão muito mais séria que a reportagem mostra, ao afirmar que é o relatório dos conselheiros indicados pelo cdpp que (só agora???) aponta esses prejuízos.

Ué!!! Será que, como verdadeiros cucos, estão pondo ovos no ninho dos outros e jogando os ovos já “botados” para fora, ou será que foi falha do Alexandre Rodrigues (que também recebeu da nossa parte dezenas de informações documentadas sobre tudo isso e ficou até agora aguardando permissão da sua editoria para publicar)?

Estão preocupados com os investimentos (só agora???) e, sobre isso, também o Raul Rechden informou a eles dezenas de vezes, mas nunca sequer agradeceram (e estão usando agora?), mas esquecem de explicar problemas que afetam o déficit técnico (e aqui, certamente o investimento, se nossos ativos em ações melhorarem um pouco, não conseguirá cobrir).

Em 2013 avaliaram positivamente em mais 47% a dívida do AOR. Em 2014 isso foi novamente avaliado positivamente em outros 15%.

Mas essa dívida agendada entre a Petrobrás, FUP e Petros para pagamento somente em outubro/2028, todos já sabem e alertado até mesmo pelos conselheiros eleitos indicados pelo cdpp, JAMAIS SERÁ PAGA.

Ou seja, a troco de quê se avalia positivamente em quase 70% uma dívida contábil que não está programada para ser quitada (avaliação essa que em anos anteriores a Petrobrás não aceitou e obrigou que fosse refeita)? – se alguém souber responder, por favor o faça!!!

Portanto é necessário ter um estudo atuarial independente para demonstrar o que está ocorrendo com essa dívida. Seu aumento, que a Petrobrás não havia aceito em anos anteriores, até onde se entende está sendo usado para diminuir o déficit técnico da Petros. Esse valor certamente provocaria já, semelhante à FUNCEF, o equacionamento necessário que provocaria queda em nossos benefícios de assistidos e elevação da contribuição dos ativos, porque atingiriam valor acima de 10% dos nossos ativos. Esses 70% de aumento na dívida equivalem a eleva-la de R$5,5 bilhões em novembro/2013 para R$9,2 bilhões em dezembro/2014. É um crédito que está no balanço da Petros.

Meus caros jornalistas, que a esta altura não devem estar entendendo nada, esse valor é a dívida que a Petrobrás tinha com a Petros (pré-70), acertada (de forma rebaixada e aceita pelos sindicalistas da cut que estavam no poder, santarosa, diego hernandez, newton carneiro, maurício, wágner pinheiro etc, em troca de cargos) em outubro de 2008 que deveria ser paga após 20 anos, portanto em 2028, com títulos caucionados.

Títulos estes que com o drama financeiro da petrobrás, foram trocados para a patrocinadora usar (e novamente aceito pelos traidores dos trabalhadores) por poços de gás e óleo em um momento em que esse combustível estava a U$100bbd. Em resumo, uma dívida contábil que, com a provável partida para os braços do Criador do pessoal pré-70, deverá ficar zerada e ser baixada do balanço. Dessa forma, maior ou menor, só serve para aumentar ou diminuir o déficit. Exatamente o que foi executado nestes dois últimos anos.

Há também a questão do acordo de níveis do pessoal que não entrou com ação na época devida; das ações de níveis; e das demais ações trabalhistas que os participantes (que entraram na justiça) estão ganhando. Somente as ações ganhas judicialmente estão provocando um rombo técnico absurdo. Esse passivo tende a chegar a mais de R$2 bilhões, sem considerar o valor do aumento permanente que isso ensejará nos benefícios dos vitoriosos.

Este acordo (mais uma vez acertado pelos traidores da FUP que negociaram, SEM QUALQUER PERMISSÃO DOS ASSISTIDOS QUE NÃO TEM MAIS QUALQUER VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM A PETROBRÁS, SEGUNDO DECIDIU O STF), só pode ser aceito pelo Petros se a Petrobrás fizer o necessário aporte. Isso, nos cálculos rebaixados que ela, Petrobrás, fez em uma das suas primeiras propostas, remete à necessidade de se aportar R$2,2 bilhões. Nessa proposta ela afirmou que não fará esse aporte.

Portanto, num verdadeiro teatro do absurdo, isso já está gerando déficit (empurrado com a barriga) e nós iremos pagar para nós mesmos recebermos. Entenderam?

E continuamos discutindo sobre o problema dos investimentos estarem prejudicados porque a bolsa sofreu perdas na justificativa simplista dos conselheiros eleitos indicados pelo cdpp (Invepar, sete brasil, belo monte não são negociadas em bolsa)!!!

PS – PORQUE SERÁ QUE NENHUM JORNALISTA INVESTIGOU A OPERAÇÃO PETROS / CAMARGO CORREA / ANTÔNIO PALLOCI? Será que nenhum deles entende um mínimo de finanças ou será que a ordem vem de cima? Esse assunto é precursor da Camargo Correa na Lava Jato. Ao que consta todo mundo ganhou, menos os participantes!!!


Sérgio Salgado

Aposentado da Petrobras, foi suplente do Conselho Fiscal do fundo Petros, gestão 2007/2011.

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net



Comentário do blog: o assunto deste artigo já deveria estar sendo tratado com prioridade pela Justiça. E também pela mídia, mas esta recebe bilhões do governo, para fazer propaganda enganosa.(MBF).

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