Por Jorge Maranhão
Após eventos como o de Coari, quando mais de 3 mil
pessoas invadiram e incendiaram a casa do atual prefeito, colunista reforça o
descaso de representantes políticos com o interesse público.
Esta semana assistimos horrorizados pelo noticiário
nacional as cenas de uma multidão descontrolada incendiando e depredando
patrimônios públicos e privados.
Aconteceu na pequena cidade de Coari, no Amazonas.
Mais de 3 mil pessoas invadiram e incendiaram a casa do atual prefeito. O
político era o vice até o fim do ano passado, quando então o titular foi
cassado pela justiça por envolvimento com exploração sexual na cidade. A
revolta foi iniciada por servidores públicos que não receberam o salário de
dezembro e o 13º, e acabou atingindo também a Câmara Municipal.
Este é apenas mais um dentre vários outros casos
recentes de revolta da sociedade contra o descaso de nossos representantes
políticos com o interesse público. Muitos deles descambando para casos de
polícia após destruição de patrimônio e até mesmo agressões físicas a políticos
e gestores.
Essa cadeia de eventos ilustra bem o que nos
observa o sociólogo Paulo Delgado, em recente depoimento para
o programa Agentes de Cidadania, aqui da Voz do Cidadão. Paulo comenta que o
mais importante em nossa sociedade, desde a Constituição Cidadã de 1988, é o
princípio da autonomia e da liberdade do cidadão. Ou seja, da prevalência da
independência do cidadão em relação ao Estado. Para ele, “quando o Estado
cresce do jeito que cresceu no Brasil, o cidadão vai se infantilizando. E aí,
no comportamento infantil, ou vem a submissão ou vem a revolta descontrolada.
Nós precisamos retomar o princípio da autonomia, que está previsto nos
primeiros artigos da nossa constituição”.
Paulo Delgado é defensor da tese do voto
facultativo, ou voto livre, como item prioritário de uma verdadeira reforma
política. Mas, enquanto a sociedade não discute o tema com mais detalhe, o
sociólogo sugere um instrumento inovador para a composição das casas
legislativas pelo país, em especial o Congresso Nacional.
A ocupação do parlamento poderia seguir o desejo da
população que efetivamente comparecesse às eleições, num padrão regressivo. “Um
bom princípio da autonomia é compor o Congresso Nacional segundo o desejo da
população que comparece [às urnas]. Se apenas 70% dos cidadãos eleitores
comparece, apenas 70% das cadeiras devem ser ocupadas no Congresso”.
Fica aqui então esta proposta para a análise de
organizações da sociedade civil, políticos e gestores públicos interessados no
tema da reforma política.
Comentário do blog:
uma coisa é certa. Nosso sistema político precisa mudar. Urgente. Temos
que debater um novo Contrato Social.
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