por Helio Duque
A Petrobrás é a quinta maior empresa de petróleo do mundo em ativos, calculados em 320 bilhões de dólares, pela revista internacional “Forbes”. Já o seu valor de mercado, expressado nas ações em Bolsa, equivale a 20% do valor patrimonial. A competência dos seus quadros técnicos, desde a sua origem, construíram a empresa orgulho dos brasileiros.
No presente, a má gestão representada pela falta de autoridade e conhecimentos, adonou-se do seu comando. Do Conselho de Administração à diretória executiva. Nos últimos 12 anos, a presidência foi ocupada por José Eduardo Dutra, José Sérgio Gabrielli e Graça Foster. Sindicalistas e militantes partidários. O colegiado executivo tem na presidência da empresa o comandante e articulador das políticas de investimento. É o “primus inter pares”. A autonomia das diferentes diretorias, naquelas administrações, era total e atuavam com desenvoltura, ignorando a instância superior, como se constata na “delação premiada” de Paulo Roberto Costa.
Os delitos envolvendo corruptos e corruptores só foram descobertos graças ao trabalho do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal. Os governos Lula e Dilma sempre fizeram vistas grossas a qualquer investigação na empresa. As CPIs criadas foram detonadas no Congresso pelo grupo situacionista. É oportuno lembrar que em 7 de outubro de 2010, em Angra dos Reis, o presidente Lula discursava: “No nosso governo a Petrobrás é uma caixa branca e transparente. A gente sabe o que acontece lá dentro. E a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer.” Certamente a afirmação deve estar tirando o sono do ex-presidente. Principalmente quando assiste Rodrigo Janot, procurador-geral da República, afirmar: “Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros.”
Nesse início de 2015, o inferno astral da Petrobrás atingiu níveis inacreditáveis. Mas com muito trabalho restaurador e vertendo suor e lágrimas de vergonha, vai superar a situação adversa. Nela existe uma cultura, bloqueada nos últimos anos, de enfrentar desafios e superá-los com competência. Renascerá, superando as gestões temerárias que marcaram sua história recente.
Calcula-se que os desvios financeiros canalizados para propinas e superfaturamentos de obras de grandes empreiteiras seriam de 20 bilhões de reais. Agravado com o “genocídio financeiro” praticado no governo Dilma Rousseff, subsidiando a venda de derivados de petróleo, atingindo o seu caixa, calculado em 65 bilhões de reais. Para engabelar os brasileiros com inflação baixa, a empresa importava petróleo a preços altos e vendia no mercado interno a preços baixos.
Resultado: em 2010, o endividamento da Petrobrás era de 62 bilhões de reais. Ao final de 2014, deu um salto quádruplo, atingindo 280 bilhões de reais. Ao esquartejar a geração de caixa, levou a empresa a contrair dívida estratosférica. Afetando o programa de investimentos no pré-sal, projetado em 220 bilhões de dólares até 2018. Nos últimos anos o fluxo de caixa vem sendo negativo.
Até o final de 2015, deverá quitar 33 bilhões de reais do montante da dívida. Comprovando a sua viabilidade como organização sólida, apesar de tudo, dispõe de 60 bilhões de reais em reservas. A explicação para essa realidade foi dada há um século, pelo pioneiro na exploração do petróleo norte-americano, John D. Rockfeller: “O melhor negócio do mundo é uma refinaria bem administrada; o 2º melhor negócio é uma refinaria mal administrada; e, o 3º melhor é uma refinaria pessimamente administrada.”
Com direção qualificada e competente, a reestruturação da Petrobrás é imperativa para o desenvolvimento do Brasil. Ela responde por 13% do PIB nacional, recolhendo 6% do total dos impostos arrecadados, acima de 100 bilhões de reais anualmente. Com situação equalizada e a retomada do seu ritmo histórico, voltará a ser respeitada interna e externamente, A recente desvalorização dos preços internacionais do petróleo, determinará revisão no programa de investimentos do pré-sal. Exemplo: deve abrir mão de ser operadora exclusiva do pré-sal com 30% de participação em todos os blocos exploratórios leiloados pela Agenda Nacional do Petróleo. O ex-presidente da ANP, Haroldo Lima (do PCdoB), diferentemente do passado, agora entende que o modelo de partilha deve ser revisto.
A rigor, ante a conjuntura adversa que vive, limitado programa de desenvolvimento e a venda em áreas do pré-sal, onde tem participação de 30%, deve ser considerada pela nova administração. Mantendo intocáveis os investimentos nos projetos prioritários. Mesmo porque a queda livre dos preços do barril de petróleo no mercado internacional será estancada e eles voltarão a um patamar não especulativo.
Por fim, livrando a empresa de interferência política-partidária, nomeando com urgência uma direção profissionalizada com governança corporativa moderna e transparente, será fator de riqueza para o Brasil e para os seus acionistas. O governo brasileiro é acionista majoritário pela posse da maioria das ações ordinárias. Mas a maioria das ações preferências é patrimônio de 800 mil acionistas. O governo não é o seu único dono. É empresa de economia mista e assim deve ser administrada. Para voltar a ser o que sempre foi: orgulho para os brasileiros conscientes.
Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Comentário do blog: não é outra minha pregação em Capitalismo Social. Os políticos tem que ser proibidos até de frequentar a empresa como visitantes.
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