por Márcio Accioly
O ex-presidente Lula da Silva andou, há algum tempo (talvez por brilhante” ideia de marquetagem), querendo se comparar ao ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln (1861-65). Mas o marqueteiro, possivelmente em função de ocupações múltiplas, errou na comparação. O político norte-americano que mais se parece com o nosso ex-presidente é o falecido senador Joseph McCarthy (1908-57).
Lincoln pode e deve ser classificado como estadista: homem sério, íntegro, honesto, apelidado, por isso mesmo, de “Honest Abe” (Abraão honesto). Já McCarthy era alcoólatra, corrupto, mentiroso e ladrão. Lincoln foi o responsável pela manutenção da unidade dos EUA e, apesar dos mais de 600 mil mortos na Guerra Civil, era pessoa de bom coração, profundo conhecedor da alma humana.
McCarthy, que marcou o período de sua passagem pelo Senado de seu país, emprestando o próprio nome à identificação de uma era (McCarthismo), era preguiçoso, incapaz de se aprofundar em qualquer nível de conhecimento, não gostava de ler e nunca respondia a nenhuma das acusações que lhe eram dirigidas, preferindo se esconder na tática de tentar desqualificar moralmente qualquer um que o desafiasse.
Existem biografias memoráveis de Lincoln (sobre ele já foram escritos mais de 14 mil livros) e algumas de Joseph McCarthy para os que desejam mergulhar em temas tão impressionantes e díspares. Não se tem registro do timbre de voz de Abraham Lincoln lendo seus próprios discursos, mas McCarthy é encontrado facilmente no Youtube, com suas apresentações estapafúrdias de época de obscurantismo.
Assim como não se explicam os vários movimentos que levaram países inteiros a sucumbir durante pesados anos, diante de déspotas sem valor moral (Stálin, na Rússia, Hitler na Alemanha e tantos outros, inclusive, nos dias atuais), somente nas sociedades democráticas, pluralistas, abertas, é que se consegue derrotar o mal com velocidade e eficiência, banindo-o de nossa presença.
Nos EUA, o primeiro golpe desferido pela imprensa livre, dando início ao processo de desmistificação de McCarthy, teve como autor o jornalista Edward R. Murrow (1908-65), que costuma encerrar suas apresentações desejando “Boa Noite e Boa Sorte” (Good Night and Good Luck!). Foi dele o primeiro programa de TV questionando os métodos do senador que acusava a todos de comunista.
McCarthy utilizava a mesma técnica moralmente desqualificada de Lula da Silva, o qual, segundo o livro “Viagens com o Presidente” (de autoria de Leonencio Nossa e Eduardo Scolese), costuma classificar as pessoas como “Bundão”, quando não se utiliza de colocações que deixam bem claro o seu baixíssimo nível. Somente num país como o Brasil, numa sociedade tão desmoralizada, um bucaneiro tipo Lula da Silva poderia alçar à Presidência (países sul-americanos incluídos).
Abraham Lincoln morreu assassinado no dia 15 de abril de 1865, quando apenas se iniciava seu segundo mandato, vitimado por uma única bala disparada em sua cabeça (por trás), por John Wilkes Booth, ator sulista que se indignara com a abolição da escravatura e que entendia ser inadmissível a concessão do direito de voto aos negros.
Lincoln, um autodidata, homem que andava quilômetros quando jovem, em busca de um livro emprestado, absorvia ensinamentos “como se fosse uma esponja”, sedento de conhecimento e ansiando pelo entendimento da vida.
Joseph McCarthy, considerado “maligno e imbatível em malícia”, morreu de cirrose hepática, devido ao “consumo pesado de bebida”. Foi afastado da Comissão que presidia e condenado por 67 a 22 no Senado, “por vergonhosa conduta”. Eis o verdadeiro modelo em que Lula da Silva deve se espelhar.
Márcio Accioly é Jornalista.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
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