por Luiz Otávio Saraiva Ferreira
Investigações de César Lombroso
Convidado por Chiaia[1] a investigar os
fenômenos produzidos por Eusápia Palladino, César Lombroso (que era um
cientista famoso) convenceu-se da veracidade dos mesmos, proclamando-o
publicamente, levando com isso outros cientistas igualmente famosos a
se interessarem pelo estudo dos fenômenos espíritas. Publicou, dentre
outros, um importante trabalho sobre mediunidade a partir do estudo de
Eusápia[219].
Investigações de Schrenck-Notzing
Pesquisou o ectoplasma entre 1908 e
1913, e publicou vários trabalhos sobre o assunto[203,204,205]. Longaud
também publicou sobre essas pesquisas[206]. Schrenck-Notzing comparou
ao microscópio os cabelos de uma forma materializada com os da médium
Eva C., que produziu a materialização. Fez análise química do
ectoplasma, e obteve a filmagem do ectoplasma fluindo da boca do
médium.
Investigações de Ernesto Bozzano
Realizou, dentre outros, importantes
trabalhos sobre desdobramento e fenômenos de bilocação[349], fenômenos
de transporte[251], comunicações mediúnicas entre vivos[252], e
xenoglossia[253].
Investigações Charles Richet
Foi um dos principais pesquisadores de
fenômenos espíritas. Estudou profundamente o fenômeno de
materialização. O nome "ectoplasma" foi criação sua, depois de estudar
os fenômenos produzidos pela médium Eva C., em Argel[200], para
designar a substância exudada pelos médiuns para produção do fenômeno
de materialização. Richet também constatou a correspondente
desmaterialização do médium durante as materializações de
espíritos[201]. Um amplo relato de suas experiências foi publicado em
livro[199], tendo como obra mais importante seu Tratado de
Metapsíquica[202], do qual existe uma edição esgotada em português.
Investigações de Gustave Geley
Importantes estudos do ectoplasma foram
feitos também pelo Dr. Gustave Geley, que foi diretor do Intituto
Metapsíquico de Paris (França), publicando importantes obras sobre o
assunto[207,208]. As importantes pesquisas do Instituto Metapsíquico de
Paris estão relatadas na sua publicação oficial, intitulada "La Revue
Metapsychique".
Investigações de Aleksander Aksakof
Merecem destaque suas investigações
sobre fenômenos de materialização, transportes, e bilocação[66], tendo
também observado o fenômeno de desmaterialização do médium de efeitos
físicos durante as materializações[65].
Investigações de John Crawford
O Dr. W. J. Crawford, Professor de
Engenharia Mecânica da Queen's University de Belfast (Irlanda), dirigiu
uma importante série de experiências entre 1914 e 1920, com a médium
Kathleen Goligher, as quais foram relatadas em livros[209,210,211].
Utilizando balanças, provou que a translação e levitação de objetos e
os "raps" são produzidos por "estruturas psíquicas" que emanam do corpo
do médium. Provou também que o médium perde massa à medida que expele o
ectoplasma, recuperando-a parcialmente ao término dos fenômenos, e que
também os assistentes contribuem com alguns gramas de massa corpórea
para a produção do ectoplasma.
As Últimas Pesquisas da Metapsíquica
No final da década de 1920 e começo dos
anos 1930, paralelamente ao surgimento da Parapsicologia, que deveria
mudar inteiramente o rumo das pesquisas, foram realizadas importantes
investigações por Eugene e Marcel Osty[254], no Instituto Metapsíquico
de Paris, sobre a detecção do ectoplasma por fotocélulas infravermelhas
e sobre a influência da luz vermelha e ultravioleta no ectoplasma, com
a colaboração do médium Rudi Schneider.
A METAPSÍQUICA E A PSICANÁLISE
Inardi[2] conta que Sigmund Freud, o
criador da Psicanálise, tinha inicialmente uma posição de declarado
ceticismo em relação aos fenômenos de telepatia e premonição. Tal
posição foi-se abalando com o passar do tempo, de modo que ele aceitou
ser membro correspondente da SPR de Londres em 1911 e da ASPR em 1915.
Em 1921 ele escreveu um trabalho sobre psicoanálise e telepatia, que
seu discípulo Ernest Jones desaconselhou-o de apresentar no congresso
psicoanalítico internacional em 1922 com o argumento de que a
psicoanálise já era alvo de suficientes polêmicas para que os ânimos
fossem ainda mais acirrados com um trabalho versando sobre assunto tão
controverso.
Tal trabalho foi publicado somente em
1941. Freud escreveu outro trabalho, em 1922, intitulado "Sonho e
Telepatia", em que admitia a realidade dos sonhos telepáticos. Sua
mudança de posição frente aos fenômenos espíritas, após toda uma vida
de estudos e observações, fica patente na carta que enviou a Hereward
Carrington, em que declara: "Se eu soubesse que podia recomeçar a
viver, dedicar-me-ia à pesquisa psíquica e não à psico-análise."
AS COMISSÕES DE INVESTIGAÇÃO
Paralelamente às investigações citadas
anteriormente, algumas comissões de investigação foram criadas para dar
um veredicto científico sobre a realidade dos fenômenos espíritas. Os
resultados de tais investigações foram, no geral, decepcionantes,
principalmente devido ao despreparo dos membros de tais comissões
frente a esse tipo de fenômenos, os quais dependem, além das condições
físicas do ambiente e fisiológicas dos médiuns, das condições
psicológicas de todos os presentes ao recinto do experimento. Pode-se
dizer que, face ao triplo caráter Psicológico, Biológico e Físico dos
fenômenos espíritas, os investigadores teriam que possuir uma formação
multidisciplinar para lograrem preparar-se adequadamente para
estudá-los. O caráter intimidatório de tais comissões por si só já
seria elemento suficiente para inibir a maioria dos médiuns
investigados, conforme Sudre ([3] p. 90 e ss.). É importante que se
conheçam tais investigações para não se repetirem os mesmos erros.
Investigações da Comissão Seybert
A comissão Seybert foi criada em função
de uma herança de sessenta mil dólares deixada por Henry Seybert,
cidadão de Filadélfia (EUA), para a criação da cadeira de filosofia da
Universidade da Pensilvânia, com a condição que se criasse uma comissão
para investigar o Espiritismo. Ainda segundo Conan Doyle[1], a comissão
nomeada para as investigações tinha pouco interesse no assunto,
encarando a pesquisa como mera exigência legal para a posse da herança
legada por Mr. Seybert. Os trabalhos começaram em 1884, foi publicado
um relatório preliminar em 1887, que ficou sendo o relatório final,
segundo o qual a fraude e a credulidade constituem tudo no Espiritismo,
nada havendo de sério que mereça referência. Fique claro que a referida
comissão testemunhou fenômenos de "raps", escrita direta, e
materializações fosforecentes genuínos, apesar de também ter flagrado
algumas fraudes. Caracterizou-se pela leviandade com que encarou a
investigação e escreveu seu relatório.
Investigações da Comissão do Inst. Geral Psicol. de Paris
Segundo Conan Doyle[1], a comissão do
Instituto Geral Psicológico de Paris realizou um total de 40 sessões
com a médium Eusápia Palladino nos anos de 1904-5-6. Entre outros
investigadores participantes dessa comissão tem-se registro de Charles
Richet, o casal Curie, Bergson, Perrin, e d'Arsonval. Seu relatório foi
muito criticado pela forma indecisa com que foi escrito, deixando o
leitor na incerteza quanto à presença ou não de fraudes nos fatos
relatados.
Investigações da Comissão da Scientific American
Conan Doyle[1] também cita que entre os
anos de 1923 e 1925 uma comissão, nomeada pela Scientific American,
estudou a médium Mrs. Crandon, mulher de um médico de Boston (EUA). O
secretário, Mr. Malcom Bird, e o Dr. Hereward Carrington declararam sua
adesão à hipótese espírita. Outros declararam-se sem condições de dizer
se tinham sido ou não enganados, ao passo que o Dr. Prince tinha
deficiência auditiva e o Dr. McDougall (vide o item referente à
parapsicologia) teria sua carreira acadêmica ameaçada se aceitasse a
impopular explicação espírita dos fenômenos.
As Investigações da Comissão de Harvard
Ainda segundo Conan Doyle[1], logo após
os trabalhos da comissão da Scientific American foi constituída uma
pequena comissão de pessoas de Harvard, encabeçada pelo astrônomo Dr.
Shapley. Também nessa comissão, apesar de satisfeitas todas as
exigências experimentais dos investigadores, e de não poderem afirmar
que haviam sido enganados, houve a conclusão de fraude como explicação
para os resultados obtidos, numa evidente contradição que mostra a
insegurança da equipe em enfrentar o desconhecido.
A PARAPSICOLOGIA
O Prof. William McDougall[2], famoso
psicólogo inglês, foi eleito presidente da S.P.R. de Londres em 1920 e
no mesmo ano transferiu-se da universidade de Oxford (Inglaterra) para
a universidade de Harvard (Boston, EUA), onde assumiu a cátedra de
psicologia e logo veio a assumir a presidência de A.S.P.R. Nesse
ínterim participou, entre 1923 e 1925, da comissão de investigação da
Scientific American sobre os fenômenos espíritas. Em 1927 foi chamado
para dirigir o Instituto e a Faculdade de Psicologia da Universidade de
Durham (Carolina do Norte, EUA), também conhecida como "Duke
University".
Ao transferir-se para a "Duke",
McDougall convidou o jovem doutor em botânica (então com 32 anos) e
interessado em Metapsíquica Joseph Banks Rhine para acompanhá-lo,
confiando-lhe um projeto de pesquisa que não tivera condições de
concretizar em Harvard. Rhine gastou três anos em estudos
preparatórios, e em 1930 iniciou a pesquisa propriamente dita[41],
tomando rumos inteiramente novos em relação a tudo que já havia sido
feito até aquela data em termos de pesquisa dos fenômenos paranormais.
Ao invés de médiuns especialmente dotados, estudou indivíduos tomados
ao acaso entre estudantes e voluntários, empregando um jogo de cartas
padronizadas (conhecidas como baralho Zener) e o método estatístico
para o estudo dos fenômenos de telepatia, clarividência e precognição,
batizados coletivamente de Percepção Extrasensorial[43] (ESP -
Extrasensory Perception). Posteriormente o método estatístico foi
adaptado ao estudo quantitativo dos fenômenos de Psicocinesia (PK -
Psychokinesis).
Diversos pesquisadores, tanto da Europa
quanto dos EUA já haviam feito experiências com a telepatia, mas
somente com o início das pesquisas de Rhine a qualidade das evidências
obtidas a favor da existência da telepatia e da clarividência mudou
definitivamente para melhor. Após 85.000 provas feitas com os mais
rigorosos cuidados contra fraudes mesmo que involuntárias, os
resultados foram publicados em 1934, apresentando média de acerto acima
de 7 em 25 (28 acerto de apenas 5 em 25 (20 telecinesia em que se
pesquisava, com a mesma técnica de análise estatística, a possibilidade
dos pacientes influenciarem os resultados do arremesso de dados.
Aconselha-se a leitura das obras de
Rhine[58,60] na língua original (inglês), pois as traduções para o
português atualmente existentes desfiguram seriamente o texto original.
O principal feito do trabalho de Rhine foi evidenciar estatisticamente
a existência de uma "faculdade paranormal". Até nossos dias a
Parapsicologia (que não pode ser chamada de ciência por não preencher
os modernos critérios de cientificidade) não conseguiu atingir seu
outro grande objetivo, que é o de estabelecer as relações entre as
faculdades paranormais e as outras faculdades da mente (evita-se
escrupulosamente a palavra "espírito" em Parapsicologia). Outra grande
limitação da Parapsicologia é sua fragilidade na pesquisa das bases
físicas da paranormalidade, além da fundamental ausência de uma teoria
satisfatória e abrangente para os fenômenos, pois a teoria espírita
elaborada por Kardec (que é a unica, até hoje, a explicar
satisfatoriamente os referidos fenômenos e a preencher aos mais
rigorosos critérios de cientificidade) é rejeitada "a priori" pelos
seus adeptos.
A grande limitação do método
estatístico da parapsicologia é que ele se presta apenas ao estudo de
uma pequena classe de fenômenos, e mesmo nos casos de telepatia e
clarividência (que constituem as faces da "percepção extrasensorial-
ESP) não substitue o método qualitativo (cf. [3] p. 58). No primeiro
grupo de bibliografias sobre parapsicologia estão as que a definem como
um campo da ciência, apresentam suas subdivisões, relações com outras
áreas do conhecimento, e definem termos e conceitos
[41,58,260,...,267]. No segundo grupo estão as que apresentam os
métodos objetivos de pesquisa[268,...,279]. No grupo seguinte são
apresentadas as bibliografias que apresentam os fatos a respeito de PSI
e de seus tipos[280,...,318], e em seguida as que abordam a relação
entre PSI e o mundo físico[319,...,337].
A PSICOTRÔNICA
Na extinta União Soviética o estudo dos
fenômenos espíritas ganhou o nome de Psicotrônica[2], nome esse que
exprime a superação dos limites da Psicologia, entendendo-se por
Psicotrônica a disciplina que se ocupa das energias do ser humano tendo
como objetivo o conhecimento das possibilidades de interação entre
homem e homem e entre homem e ambiente através de capacidades possuídas
por quase todos. Tal como a Parapsicologia, a Psicotrônica também não é
uma Ciência e também carece de uma teoria satisfatória e abrangente
para explicar os fenômenos espíritas, pois a teoria espírita elaborada
por Kardec (que, repetimos, é a unica, até hoje, a explicar
satisfatoriamente os referidos fenômenos e a preencher aos mais
rigorosos critérios de cientificidade) também é rejeitada "a priori"
pelos adeptos da Psicotrônica. Pode-se destacar, dentre outras, as
pesquisas sobre telepatia do fisiologista Leonid Leonidovitch Vasiliev,
realizadas a partir de 1950 num laboratório por ele organizado no
Instituto de Fisiologia da Universidade de Leningrado (atual São
Petersburgo).
Foram lançados no ocidente dois livros
de sua autoria sobre o assunto[338,339]. Dentre outros trabalhos, é
digna de menção a investigação do agente telecinético Boris Vladimir
Ermolaev, realizada pelo doutor em Psicologia, prof. V. N.
Pushkin[340]. Os doutores V. M. Iniushin e G. A. Sergeiev, postularam
independentemente a existência de um "bioplasma"[341,...,343] que
poderia explicar muitos dos fenômenos paranormais. As pesquisas
psicotrônicas foram cerceadas pelo materialismo oficial dos países da
cortina de ferro, que lançava em desgraça qualquer pesquisador que
tendesse a evidenciar a hipótese do espírito. No entanto realizaram
grandes avanços no estudo dos aspectos físicos da paranormalidade.
A PSICOBIOFÍSICA
Procurando romper os nós que
paralizaram a Parapsicologia e a Psicotrônica, Andrade propôs a
Psicobiofísica[40], disciplina que, baseada na teoria espírita
elaborada por Kardec, procura unir a Física à Biologia e à Psicologia
para atacar o problema da compreensão integral dos fenômenos
paranormais (ou espíritas). Prosseguiu na linha de raciocínio
inaugurada por Zoellner e propôs, na Teoria Corpuscular do Espírito, um
modelo de espaço de pelo menos quatro dimensões para explicar os
fenômenos espíritas, modelo com que o autor oferece caminhos para a
concepção de novos experimentos para se investigarem as bases físicas
desses fenômenos, tarefa em que a Parapsicologia fracassou.
Seus livros[42,...,49,40], são
importantes fontes de informações pois, aliado à excelente didática,
oferecem ao leitor uma visão de conjunto das bases teóricas da Física,
Biologia e Psicologia que, unidas e estendidas, resultam em um modelo
de realidade física na qual o espírito é um elemento natural. Do mesmo
autor também estão disponíveis, dentre outros, importantes trabalhos de
pesquisa sobre reencarnação[48,51], poltergeist[49,...,51], e
"drop-in"[52] (manifestação espontânea do espírito de um falecido que
apresenta todos os dados objetivos necessários à sua plena
identificação).
Luiz Otávio Saraiva Ferreira
Agradecimentos
Este
trabalho foi possível graças às preciosas fontes bibliográficas cedidas
pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade e Prof.a. Suzuko Hashizume, do
Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobio-físicas, e pelo Eng.o.
Alcivan Wanderley de Miranda Fo., do Instituto Labor, e pelo Prof. Dr.
Aécio Pereira Chagas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário