terça-feira, 11 de novembro de 2014

Estudo das megatendências – Nota introdutória


por Mtnos Calil

As ideologias têm a função não revelada de confrontar a realidade com uma intenção ingênua de resolver problemas.

A realidade,  é feita de aspectos positivos e negativos que respectivamente atendem e não atendem às necessidades humanas. Porém, existe aqui uma contradição: os aspectos negativos da própria realidade humana atendem à “necessidades” ditadas por sua “natureza”. O que chamamos de “bem” e “mal” convivem no ser humano que é também desumano quando pratica as conhecidas barbáries contra outros seres humanos.

Uma parte desta realidade é constituída pelas relações conflituosas que marcam o comportamento humano no âmbito pessoal e familiar.

Outra parte diz respeito aos conflitos entre diferentes grupos ou classes sociais, e também entre nações.

Nós humanos, sofremos com estes conflitos e criamos falsas soluções através das ideologias – e soluções verdadeiras através da ciência.
A própria ciência às vezes é vitima das ideologias.

As mudanças que ocorrem na sociedade (e na política) são produto muito mais da evolução da própria sociedade do que das intenções (e ações) dos grandes homens que passam pela história. Assim foi, por exemplo, com a abolição da escravatura nos EUA decretada por Abraham Lincoln,  que foi resultado de uma necessidade do próprio desenvolvimento capitalista, como também o foi a reforma agrária.

O fato desta reforma não ter sido feita no Brasil justifica para alguns a idéia de que estamos ainda no pré-capitalismo. Como todos sabem o Brasil tem como característica o atraso no seu desenvolvimento em comparação com outras nações. Este atraso é um dos elementos de nossa “realidade nacional”.

Nenhum presidente em nossa história conseguiu nos livrar deste grave problema que está vinculado ao “patrimonialismo” que fez do Estado uma fonte de regalias (e enriquecimento ilícito) para muitos de seus ocupantes e aliados do mundo empresarial que se associaram ao capital externo, em prejuízo do capital nacional.

Getúlio Vargas tentou modernizar o capitalismo brasileiro mas foi derrotado por nossas elites anti-nacionais. (isso não justifica é claro, todos os outros erros que ele cometeu). Nenhum partido político, de qualquer corrente ou ideologia tampouco conseguiu realizar as potencialidades deste país abençoado por Deus e perseguido pelo Diabo. Situações como essa configuram o que chamamos de “megatendência”. Como a própria palavra “tendência” sugere, não se trata de prever o futuro, mas sim de identificar o que do futuro já começou a ocorrer no presente.

Podemos inclusive estabelecer  uma ordem cronológica entre o futuro e as megatendências, considerando o futuro como um resultado das megatendências. A imprevisibilidade, que é inerente ao futuro, ficaria assim restrita ao período das pós-megatendências.

Será que se nós estivéssemos no ano de 1900, nós não poderíamos “prever” pelo menos uma parte do futuro do Brasil, digamos para 1930? (é o que estão tentando fazer hoje algumas empresas multinacionais, identificando tendências mundiais até 2030).

Creio que sim – desde que tivéssemos em mente o conceito de megatendência. Comigo ocorreram 4 insights que revelam como a identificação de megatendências não é algo tão misterioso como possa parecer.

1.    Em 1970 - Fim do comunismo

A queda do comunismo já havia sido anunciada há muito tempo. Quando Stalin subiu ao poder na URSS em 1924, depois de já ter revelado uma conduta duvidosa que não foi devidamente levada em conta por Lenin e Trotsky, tinha inicio a derrocada do comunismo que veio a ocorrer após a sua morte. O comunismo portanto, foi um evento natimorto na história da humanidade. 

Em 1970, quando no Brasil os militares  acabaram de vez  com a utopia * da sociedade sem classes, eu rompi com essa utopia,  baseado neste pensamento: se o comunismo estava morrendo fora do Brasil, não seria no Brasil onde ele iria ressuscitar. (e o mais incrível é que esse pensamento utópico ressurgiu no Brasil depois que o PT subiu ao poder, a ponto de uma de nossas candidatas a Presidência, Luciana Genro, se declarar socialista – não no sentido do falso socialismo do partido esquizofrenicamente chamado de PSB – Partido Socialista Brasileiro. ( não se abale com o “esquizofrenicamente”, que está inserido numa megatendência atual que será objeto de apreciação em outro texto.)

A percepção da queda do falso e natimorto comunismo soviético não dependia, portanto, de nenhum dom profético paranormal.

2.    Em 1977 – Inicio do processo de redemocratização do país.

A oposição ao regime militar se intensificava de tal maneira, que me ocorreu a idéia de que era inevitável o retorno do país à democracia. Esse retorno foi retardado basicamente pela conduta da extrema direita e da extrema esquerda. Mas se os enlouquecidos guerrilheiros comunistas não tivessem surgido no cenário, tudo indica que a estratégia castelista (de devolver logo o poder aos civis) teria tido sucesso. E ainda hoje, quando se fala do regime militar, muito raramente se mencionam as diferentes correntes que então existiam nas nossas FFAA. Este é apenas um exemplo de que como a historia do Brasil (e do mundo) é repleta de omissões ou inverdades, sendo que algumas verdades são muito pouco divulgadas. Se até provas documentais podem ser falsificadas, imaginar que tudo que os livros de historia contam condiz com a verdade, seria mais um sintoma da nossa incurável ingenuidade.

3.    Em 1990 - Inflação

Eu li uma matéria no jornal onde aparecia uma lista de países da A.Latina com taxas de inflação baixíssimas em comparação com a brasileira. Imediatamente me ocorreu essa idéia – “como, eu não sei, mas essa absurda taxa de inflação que temos no Brasil vai acabar mais cedo ou mais tarde”.

4.    Em 1990, depois de 15 anos de análise com um psicanalista escolhido a dedo, cheguei à conclusão que a psicanálise e outras formas de psicoterapia estavam entrando numa lamentável decadência provocada por estes 3 motivos:

a)    Deficiência da metodologia que requer dos pacientes um período muito longo (e caro) de tratamento

b)    Má formação dos profissionais da área

c)    Grave erro conceitual que restringe a psicoterapia e a psicanálise ao “tratamento” de transtornos emocionais, ignorando completamente que o auto-conhecimento, tão importante para o desenvolvimento humano não pode ser alcançado sem o uso da psicologia.

Essa decadência será objeto do estudo das megatendências e pode justificar um cenário apocalíptico para o futuro da humanidade que está entrando numa etapa de enlouquecimento globalizado.
(continua no cap. I – Megatendências segundo a KPMG – rede multinacional de consultoria localizada em 155 países).

Ps. Ao identificar (ou configurar) megatendências, as pessoas ou instituições são influenciadas por distorções ideológicas vinculadas a interesses corporativos. Para evitar vieses deste tipo e outros, o nosso estudo das megatendências terá como filtro a ideologia zero.

Algumas referências para o estudo das megatendências:

·         MEGATENDÊNCIAS, MEGACONTRATENDÊNCIAS E GIGAPADRÕES -http://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/view/8995
·         THE TREND COMPENDIUM 2030 - HTTP://WWW.ROLANDBERGER.COM/EXPERTISE/TREND_COMPENDIUM_2030/


Mtnos Calil, Psicanalista, com Formação aleatória e especialização nula. Mentor da “Ideologia Zero – a libertação de todas as ideologias”. Presidente do Instituto Mãos Limpas.

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

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