por
Mtnos Calil
As
ideologias têm a função não revelada de confrontar a realidade com uma intenção
ingênua de resolver problemas.
A
realidade, é feita de aspectos positivos e negativos que respectivamente
atendem e não atendem às necessidades humanas. Porém, existe aqui uma
contradição: os aspectos negativos da própria realidade humana atendem à
“necessidades” ditadas por sua “natureza”. O que chamamos de “bem” e “mal”
convivem no ser humano que é também desumano quando pratica as conhecidas
barbáries contra outros seres humanos.
Uma
parte desta realidade é constituída pelas relações conflituosas que marcam o
comportamento humano no âmbito pessoal e familiar.
Outra
parte diz respeito aos conflitos entre diferentes grupos ou classes sociais, e
também entre nações.
Nós
humanos, sofremos com estes conflitos e criamos falsas soluções através das
ideologias – e soluções verdadeiras através da ciência.
A
própria ciência às vezes é vitima das ideologias.
As
mudanças que ocorrem na sociedade (e na política) são produto muito mais da
evolução da própria sociedade do que das intenções (e ações) dos grandes homens
que passam pela história. Assim foi, por exemplo, com a abolição da escravatura
nos EUA decretada por Abraham Lincoln, que foi resultado de uma
necessidade do próprio desenvolvimento capitalista, como também o foi a reforma
agrária.
O
fato desta reforma não ter sido feita no Brasil justifica para alguns a idéia
de que estamos ainda no pré-capitalismo. Como todos sabem o Brasil tem como
característica o atraso no seu desenvolvimento em comparação com outras nações.
Este atraso é um dos elementos de nossa “realidade nacional”.
Nenhum
presidente em nossa história conseguiu nos livrar deste grave problema que está
vinculado ao “patrimonialismo” que fez do Estado uma fonte de regalias (e
enriquecimento ilícito) para muitos de seus ocupantes e aliados do mundo
empresarial que se associaram ao capital externo, em prejuízo do capital
nacional.
Getúlio
Vargas tentou modernizar o capitalismo brasileiro mas foi derrotado por nossas
elites anti-nacionais. (isso não justifica é claro, todos os outros erros que
ele cometeu). Nenhum partido político, de qualquer corrente ou ideologia
tampouco conseguiu realizar as potencialidades deste país abençoado por Deus e
perseguido pelo Diabo. Situações como essa configuram o que chamamos de
“megatendência”. Como a própria palavra “tendência” sugere, não se trata
de prever o futuro, mas sim de identificar o que do futuro já começou a ocorrer
no presente.
Podemos
inclusive estabelecer uma ordem cronológica entre o futuro e as
megatendências, considerando o futuro como um resultado das megatendências. A
imprevisibilidade, que é inerente ao futuro, ficaria assim restrita ao período
das pós-megatendências.
Será
que se nós estivéssemos no ano de 1900, nós não poderíamos “prever” pelo menos
uma parte do futuro do Brasil, digamos para 1930? (é o que estão tentando
fazer hoje algumas empresas multinacionais, identificando tendências mundiais
até 2030).
Creio
que sim – desde que tivéssemos em mente o conceito de megatendência. Comigo
ocorreram 4 insights que revelam como a identificação de megatendências não é
algo tão misterioso como possa parecer.
1. Em
1970 - Fim do comunismo
A queda do comunismo já havia sido
anunciada há muito tempo. Quando Stalin subiu ao poder na URSS em 1924, depois
de já ter revelado uma conduta duvidosa que não foi devidamente levada em conta
por Lenin e Trotsky, tinha inicio a derrocada do comunismo que veio a ocorrer
após a sua morte. O comunismo portanto, foi um evento natimorto na história da
humanidade.
Em 1970, quando no Brasil os militares acabaram de vez
com a utopia * da sociedade sem classes, eu rompi com essa utopia,
baseado neste pensamento: se o comunismo estava morrendo fora do Brasil, não
seria no Brasil onde ele iria ressuscitar. (e o mais incrível é que esse
pensamento utópico ressurgiu no Brasil depois que o PT subiu ao poder, a ponto
de uma de nossas candidatas a Presidência, Luciana Genro, se declarar socialista
– não no sentido do falso socialismo do partido esquizofrenicamente chamado de
PSB – Partido Socialista Brasileiro. ( não se abale com o
“esquizofrenicamente”, que está inserido numa megatendência atual que será
objeto de apreciação em outro texto.)
A percepção da queda do falso e
natimorto comunismo soviético não dependia, portanto, de nenhum dom profético
paranormal.
2. Em 1977 –
Inicio do processo de redemocratização do país.
A oposição ao regime militar se
intensificava de tal maneira, que me ocorreu a idéia de que era inevitável o
retorno do país à democracia. Esse retorno
foi retardado basicamente pela conduta da extrema direita e da extrema
esquerda. Mas se os enlouquecidos guerrilheiros comunistas não tivessem surgido
no cenário, tudo indica que a estratégia castelista (de devolver logo o poder
aos civis) teria tido sucesso. E ainda hoje, quando se fala do regime militar,
muito raramente se mencionam as diferentes correntes que então existiam nas
nossas FFAA. Este é apenas um exemplo de que como a historia do Brasil (e do
mundo) é repleta de omissões ou inverdades, sendo que algumas verdades são
muito pouco divulgadas. Se até provas documentais podem ser falsificadas,
imaginar que tudo que os livros de historia contam condiz com a verdade, seria
mais um sintoma da nossa incurável ingenuidade.
3. Em 1990 -
Inflação
Eu li uma matéria no jornal onde
aparecia uma lista de países da A.Latina com taxas de inflação baixíssimas em
comparação com a brasileira. Imediatamente me ocorreu essa idéia – “como, eu
não sei, mas essa absurda taxa de inflação que temos no Brasil vai acabar mais
cedo ou mais tarde”.
4. Em 1990,
depois de 15 anos de análise com um psicanalista escolhido a dedo, cheguei à
conclusão que a psicanálise e outras formas de psicoterapia estavam entrando
numa lamentável decadência provocada por estes 3 motivos:
a) Deficiência
da metodologia que requer dos pacientes um período muito longo (e caro) de
tratamento
b) Má formação
dos profissionais da área
c) Grave erro
conceitual que restringe a psicoterapia e a psicanálise ao “tratamento” de
transtornos emocionais, ignorando completamente que o auto-conhecimento, tão
importante para o desenvolvimento humano não pode ser alcançado sem o uso da
psicologia.
Essa decadência será objeto do estudo
das megatendências e pode justificar um cenário apocalíptico para o futuro da
humanidade que está entrando numa etapa de enlouquecimento globalizado.
(continua no cap. I – Megatendências
segundo a KPMG – rede multinacional de consultoria localizada em 155 países).
Ps. Ao identificar (ou configurar)
megatendências, as pessoas ou instituições são influenciadas por distorções
ideológicas vinculadas a interesses corporativos. Para evitar vieses deste tipo
e outros, o nosso estudo das megatendências terá como filtro a ideologia zero.
Algumas referências para o estudo das
megatendências:
· Our
future world - http://www.csiro.au/Portals/Partner/Futures/Our-Future-World.aspx
· O
Estado Futuro 2030 - http://www.kpmg.com/BR/PT/Estudos_Analises/artigosepublicacoes/Documents/Future_State_port.pdf
· MEGATENDÊNCIAS,
MEGACONTRATENDÊNCIAS E GIGAPADRÕES -http://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/view/8995
· THE
TREND COMPENDIUM 2030 - HTTP://WWW.ROLANDBERGER.COM/EXPERTISE/TREND_COMPENDIUM_2030/
· VESTINDO
O FUTURO - HTTP://WWW.ATP.PT/FOTOS/EDITOR2/FICHEIROS%202011/VESTINDO%20O%20FUTURO,%20VER%20PORT.PDF
Mtnos Calil, Psicanalista, com Formação
aleatória e especialização nula. Mentor da “Ideologia Zero – a libertação de
todas as ideologias”. Presidente do Instituto Mãos Limpas.
Artigo
no Alerta Total – www.alertatotal.net
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